Publicidade
SÃO PAULO – Lidar com dinheiro entre a família pode ser desgastante e muito complicado. Quando os filhos estão envolvidos, a questão fica ainda mais difícil, pois a mesada continua sendo um tabu para muitos pais de crianças e adolescentes.
Jovens entre 13 e 18 anos movimentam aproximadamente R$ 1,5 bilhão no país, e boa parte desses recursos vem das mesadas. Em alguns casos, o dinheiro da garotada acaba antes do final do mês. Sobra mês no final da mesada, ao contrário do que gostariam os pais. E é aí confusão começa.
Pode parecer estranho, mas a culpa do descontrole orçamentário da moçada pode ter suas origens nos próprios pais, que não orientam seus filhos em como administrar seu dinheiro.
Planejamento financeiro
Baixe gratuitamente!
Mesada estabelece limites
Entre os consultores financeiros, a opinião sobre o assunto é a mesma: a mesada faz bem para os pais e para os filhos. Os pais podem ter um controle maior sobre a quantia que está indo para a mão de seus filhos, e desse modo fica mais fácil administrar as contas da família.
Quem ainda se recusa a entregar uma quantia única para os filhos, alega que eles ainda são imaturos para cuidar do próprio bolso, principalmente aqueles sem propensão alguma para poupar. Isso ocorre na realidade, e na maioria dos casos continua se repetindo, pois os pais acabam socorrendo a garotada nos momentos de descontrole.
É preciso deixar que os filhos fiquem sem dinheiro durante algum tempo, se a mesada acabar antes do previsto. Parece um tanto cruel, mas talvez seja a única solução para o problema. Pense que no futuro, quando não houver mais a retaguarda familiar, eles terão que entrar no cheque especial. E é exatamente aí que mora o perigo. Quanto antes as crianças souberem administrar suas finanças, menores serão as chances de perder o controle ao se tornarem adultas.
Continua depois da publicidade
Em busca da quantia justa
Alguns pais são totalmente contra a mesada por acharem que é um dinheiro “sem esforço”, que “cai do céu”. Acreditam que os filhos não darão valor a esse dinheiro.
O pior é que eles caem numa armadilha, abrindo a carteira toda vez que os filhos precisam de dinheiro para o lanche, para comprar material para o colégio,
para um cineminha. Um pinga-pinga sem ter fim. É nesse ponto que a mesada resolve o problema.
Para que os pais deixem de ser “caixas eletrônicos” e coloquem rédeas no bolso dos filhos, o ideal é começar fazendo uma lista com os gastos mensais, junto com os
garotos. Aproveite uma tarde de domingo e sente com eles, colocando na ponta do lápis todos os itens de despesa do mês. Negocie um valor e estabeleça um dia
para entregar a mesada. Tente respeitar a quantia e a data, para que seu filho possa se planejar seus gastos.
O que faz parte da mesada
A mesada é uma transferência de responsabilidade para os filhos, de pais que querem se ver livre de ter que pagar despesas extras durante o mês. A grande dificuldade, no entanto, é definir o que entra e o que não entra na mesada. Os pais mais radicais delegam aos filhos todos os gastos fora a mensalidade do colégio, plano de saúde e supermercado. O restante dos gastos devem ser administrado pelos filhos, inclusive as
compras de roupas e viagens de fins-de-semana. Mas esse procedimento não é regra geral. Vai depender da idade de cada filho.
Os psicólogos explicam que a criança já pode receber mesada assim que souber fazer contas. Em geral, dos 8 aos 10 anos, os pais devem dar aos filhos uma quantia semanal para que eles possam comprar lanches na escola e cobrir os gastos com transporte, se for o caso.
Dos 10 aos 13 anos, essa quantia já pode ser entregue mensalmente, e deve ser suficiente para outros tipos de gastos, como cinema, jogos, brinquedos. A partir dos 13 anos é interessante que os pais entreguem aos filhos todos os gastos que ele têm fora de casa, incluindo viagens com os amigos e as famosas “baladas”, causa de grandes discussões familiares.
A função da mesada é permitir o amadurecimento dos jovens com o dinheiro, criando bom senso e responsabilidade. E não basta entregar a mesada aos filhos. Diálogo nesse momento é fundamental. Eles devem dividir com a família as sensações de prazer ao lidar com dinheiro e também frustrações, caso as cifras acabem antes do combinado. E se a luz vermelha acender, ao invés de achar que está tudo perdido, os pais devem imaginar que isso é apenas um treino para a vida adulta.