Medidas do BC estabilizam crédito para carros, mas não devem produzir mais efeitos

Dados da Anef apontam que estagnação dos financiamentos é efeito de medidas. Para economista, efeitos param por aí

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SÃO PAULO – A classe emergente impediu uma queda no montante do saldo das carteiras de financiamento de veículos para pessoas físicas no início deste ano. “Existe um contingente de pessoas da classe emergente que ainda não comprou o carro. E o mercado continua aquecido por causa disso”, afirma o economista da agência de varejo automotivo MSantos, Ayrton Fontes.

De acordo com os dados da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), divulgados na segunda-feira (4), o saldo de financiamento para aquisição de veículos ficou estagnado em R$ 188,6 bilhões em fevereiro – mesmo valor de dezembro de 2010. Em nota, a associação afirmou que tal estagnação é sinal de que as medidas macroprudenciais do Banco Central começaram a surtir efeito.

“Efeitos inócuos”
Para Fontes, os efeitos param por aí. “A princípio, os efeitos das medidas são inócuos. Já estamos em abril e os financiamentos não caíram”, diz. Em dezembro do ano passado, o BC aumentou o compulsório exigido dos bancos para operações de crédito para financiamento de veículos com prazo acima de 24 meses e quando os valores de entrada forem inferiores a 20% do bem.

“Para não serem tão afetados pelas medidas, as concessionárias e os bancos flexibilizaram o pagamento da entrada e o crédito continuou a girar”. O economista explica que, em muitos casos, as concessionárias permitem o parcelamento da entrada, se livrando da aplicação das regras e facilitando a compra para o consumidor.

Mudanças futuras
Para Fontes, no que diz respeito aos financiamentos, as medidas do BC não gerarão maiores efeitos. E o consumo deve se manter ainda que os juros estejam maiores. “Não deve haver quedas, a não ser que o Banco Central anuncie mais medidas”, acredita o economista.

Dentre as medidas que podem frear os financiamentos, na avaliação de Fontes, está a exigência da entrada e o encurtamento dos prazos. Isso pressionaria os juros para baixo e permitiria até uma compra mais consciente do veículo, tendo em vista que os consumidores teriam de planejar mais a compra.

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Hoje, afirma o economista, a compra do carro zero quilômetro só é vantajosa para quem tem dinheiro para dar de entrada. “O momento é bom, devido à forte concorrência. Mas quem comprar sem entrada vai arcar com juros que chegam a 2,5% ao mês”, considera.

Em média, de acordo com a Anef, os juros praticados pelas associadas fechou em 1,55% ao mês em fevereiro, contra 1,42% ao mês em dezembro do ano passado. Em janeiro, a taxa de juros média estava em 1,53% ao mês.