Governo vai cortar tributos para incentivar a venda de carros populares; entenda

Alckmin disse que Executivo prepara 'boas notícias para a indústria'; programa deve incluir redução de impostos para veículos de até R$ 100 mil

Equipe InfoMoney

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O governo federal deve lançar na próxima semana um plano de incentivo ao setor automotivo, que vai incluir a redução da carga tributária sobre veículos para incentivar a venda de carros populares. O anúncio deve ser feito no Dia da Indústria (25 de maio).

O vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou na segunda-feira (15), em discurso no 5.º Fórum Paulista de Desenvolvimento, que o Executivo prepara “boas notícias para a indústria”, sem detalhar as medidas.

Em conversa reservada com autoridades que participavam do evento, Alckmin disse que o programa vai incluir a redução de impostos, para baratear o custo (atualmente, o carro 0 km mais “em conta” do país custa R$ 69 mil).

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O vice-presidente indicou que a desoneração da carga tributária deve valer para veículos abaixo de R$ 100 mil, segundo Orlando Morando (PSDB), prefeito de São Bernardo do Campo (SP) e anfitrião do evento.

“Nós esperamos medidas efetivas para aquecer a indústria”, afirmou o prefeito de São Bernardo (cidade no ABC paulista que é berço de diversas montadoras). “Ele [Alckmin] deu pontos que possam estar envolvidos, não há nada conclusivo, mas existe uma expectativa muito grande para veículos abaixo de R$ 100 mil terem redução na carga tributária como um todo”.

Críticas de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou recentemente o preço dos carros no Brasil. “Qual é o pobre que pode comprar um carro popular por R$ 90 mil? Um carro de R$ 90 mil não é popular, é para a classe média”, afirmou Lula durante discurso no “Conselhão”.

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A declaração do presidente ocorre após a Fenabrave (associação das concessionárias) e algumas montadoras passarem a defender a oferta de carros mais baratos. O tema é visto com certa urgência, pois o setor passa por um momento de desaceleração nas vendas de veículos, com fábricas suspendendo produção e sindicatos de trabalhadores temendo demissões.

Uso do FGTS

Empresários do setor também cobraram Alckmin pela volta de mecanismos de financiamento. No evento, o prefeito de São Bernardo falou inclusive em usar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores como garantia de empréstimos.

“O grande instrumento para aquecer a volta da venda de veículos, além da redução da carga, é dar uma garantia que o dr. Geraldo deixou claro, que é usar o FGTS como fundo garantidor. Nós precisamos oferecer ao órgão financiador uma facilidade de retomar o bem caso o credor se torne insolvente”, afirmou Morando.

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Ele também apresentou demandas para que o pacote inclua benefícios tributários para pessoas jurídicas, como as montadoras.

Parcerias Público-Privadas

Durante o discurso, Alckmin enumerou pontos para melhorar a competitividade do Brasil e disse que o governo prepara um programa de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões para reduzir o custo de logística da indústria.

O vice-presidente também voltou a defende dois projetos estruturantes do governo federal — a reforma tributária e a nova âncora fiscal —e destacou a estabilidade do preço do dólar. “Hoje, o câmbio de R$ 5 o dólar, é o câmbio competitivo, câmbio bom, não pode ter grandes oscilações”.

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Queda dos juros

Sobre as críticas do governo ao Banco Central, devido ao atual patamar da Selic, Alckmin afirmou estar “otimista” de que “os juros vão cair”. “Você não tem uma inflação de demanda. Não está tendo fila para comprar carro, caminhão. O juro futuro, do mercado, já aponta abaixo de 6%, indica queda. Com câmbio bom, melhorando o sistema tributário e juros para baixo, a economia cresce”.

(Com Estadão Conteúdo)