Do celular para o carro elétrico: modelo de entrada da Xiaomi vai custar US$ 30 mil

A fabricante de smartphones chinesa quer seguir um caminho que a Apple não conseguiu trilhar

Bloomberg

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A Xiaomi está iniciando as vendas de seus primeiros veículos elétricos com preços agressivos, apostando que a empresa pode prosperar em um mercado concorrido em que a Apple não teve sucesso. 

O cofundador da companhia, Lei Jun, apresentou sua estratégia em Pequim nesta quinta-feira (28). O modelo mais básico, o SU7, custará o equivalente a US$ 29.900. A Xiaomi pretende dar vazão às entregas até o final de abril e está fazendo promoções, adicionando brindes, como uma geladeira embutida no veículo. 

Os carros são o resultado de um planejamento de vários anos com um orçamento de US$ 10 bilhões e expectativas elevadas. A Xiaomi se colocou ao lado do Model 3, da Tesla, em muitos aspectos e procurou competir com o Porsche Taycan elétrico com sua edição de alto desempenho, segundo Lei. 

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O anúncio da linha SU7 motivou a alta das ações da Xiaomi neste mês, mesmo quando os preços ainda não haviam sido divulgados. Investidores gostaram da diversificação de portfólio da empresa de smartphones, mas a Xiaomi ainda precisa se provar em uma categoria totalmente nova. 

Assim como a Apple nos Estados Unidos, a Xiaomi viu a oportunidade de expandir para veículos elétricos numa altura em que os carros estavam nascendo com mais conectividade – embora a Apple tenha cancelado seu projeto, em fevereiro, enquanto a chinesa prossegue. 

“Eu não esperava que a Apple fosse desistir”, disse Lei no palco, em Pequim, diante de uma audiência de dezenas de milhões de pessoas nas plataformas de streaming chinesas. Após mergulhar nos detalhes e design de engenharia de seus carros, o CEO voltou ao tópico de sua rival: “a Xiaomi também vai oferecer suporte aos usuários da Apple”. 

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Modelos azul-turquesa dos novos veículos foram expostos em lojas da Xiaomi em toda a China nesta semana. As ações da empresa subiram 1,2% em Hong Kong hoje, antes do anúncio de preços. Os CEOs das montadoras chinesas Xpeng, Nio, Li Auto e os presidentes da BAIC e Great Wall Motor estiveram presentes e foram reconhecidos como amigos por Lei. 

O mercado global de veículos elétricos, antes um setor em expansão com vastas oportunidades assistidas por subsídios, se transformou em uma arena altamente competitiva. Tesla e BYD dominam a China, o maior mercado individual, e travam uma guerra de preços que pressiona pequenos players. 

A Xiaomi espera atrair consumidores domésticos com sua oferta, que foi concebida por uma equipe liderada pelo ex-designer da BMW, Tianyuan Li, e contou com a ajuda da consultoria de Chris Bangle, ex-BMW e Fiat. 

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A empresa sediada em Pequim procura a próxima fase de sua evolução após se tornar uma das três maiores fabricantes de smartphones do mundo com uma estratégia de venda online de dispositivos com margens baixas e tecnologia avançada. 

Um exemplo de uma empresa de tecnologia que fez uma incursão bem sucedida no mercado de veículos elétricos é a Huawei, o conglomerado de comunicação chinês que fornece soluções tecnológicas a fabricantes de automóveis e exibe veículos elétricos em suas lojas. 

Para evitar atrasos regulatórios, a Xiaomi fechou parceria com a estatal Beijing Automotive Group para os novos veículos. Os carros já estão à venda em 59 lojas em 29 cidades chinesas. 

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Lei classificou o negócio de carros elétricos como sua última aposta empresarial e dedicou a maior parte de seu tempo ao projeto nos últimos três anos. A Xiaomi quer se tornar uma importante montadora no cenário global dentro de 15 a 20 anos, disse Lei. O presidente Lu Weibing acrescentou que o objetivo da companhia é ter um dos três modelos de veículos elétricos de luxo mais vendidos na China.

A ambiciosa aposta nos veículos elétricos chega num momento de desaceleração do crescimento das compras de carros elétricos na China. Os órgãos da indústria projetaram crescimento de 25% em 2025 ante 36% no ano passado e 96% em 2022.