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Toyota espera para 2026 um boom da tecnologia para veículos elétricos, diz analista

Maior montadora do mundo tem preferência por vender hoje carro híbrido do que elétrico pela necessidade de transição do consumidor

Augusto Diniz

A montadora japonesa Toyota chegou ao Brasil em 1958 e hoje mantém centenas de concessionárias pelo país. Foto: Divulgação
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A japonesa Toyota, a maior montadora de automóveis do mundo, não vê o caminho fácil para adoção generalizado do veículo elétrico. É o que aponta Luiza Aguiar, analista ESG no research da XP, que manteve contato com executivos da empresa para discutir o futuro do mercado.

Ela participou do Morning Call da XP, nesta sexta (26), e disse que há um foco maior da Toyota em carros híbridos – que contam com motores movidos a energia elétrica e a combustão – em relação a carros puramente elétricos.

Transição do consumidor

“Já é uma aposta que vem sendo feita há algum tempo”, disse. Luiza Aguiar afirma que a empresa vê papel importante dos híbridos em intermediar o consumidor até ele chegar aos puramente elétricos.

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“De acordo com a Toyota, o caminho direto do veículo a combustão para o veículo elétrico não é tão fácil. A Toyota crê que vai haver uma adoção maior dos híbridos até chegar aos veículos 100% elétricos. Eles se basearam nisso entendendo que está havendo uma desaceleração por demanda de veículos elétricos”, explicou.

Tesla como exemplo negativo

A analista da XP exemplificou o caso da Tesla, que teve desaceleração da demanda por veículos elétricos, mostrando no último balanço, pela primeira vez depois da pandemia, uma entrega muito aquém no volume de carros.

“A adoção de carros elétricos consegue ser feita com maior tração em países sejam pequenos geograficamente e que tenham muitos incentivos governamentais. A Toyota trouxe o exemplo da Noruega e Suécia. São de fato lugares onde a adoção do veículo elétrico está bastante acelerada”, comentou.

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“A velocidade com que a gente vai migrar para os carros 100% elétricos, na visão da Toyota, deve levar algum tempo ainda”, disse a especialista no programa.

Falta de infraestrutura

Ela atribui a isso principalmente pela falta de infraestrutura para recarregamento, o alto tempo do giro de estoques dos veículos elétricos, com demandas mais demoradas, o tempo de carregamento e a baixa autonomia desses automóveis hoje.

“Em termos do que pode acelerar essa adoção, a Toyota diz que espera para 2026 um boom da tecnologia dos elétricos, que pode acelerar essa tendência”, afirmou.

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Segundo ela, a tecnologia em questão é das baterias em estado sólido, que podem aumentar a autonomia desses veículos elétricos.

Rápido abastecimento

“Para se ter uma ideia, leva-se de 2 a 12 horas para abastecer seu veículo elétrico. Com essas baterias em estado sólido vai se gastar até 15 minutos (para recarregar). É o ‘pulo do gato’”, acrescentou.

Sobre o maior mercado do mundo de automóveis, o dos EUA, Luiza Aguiar contou que a Toyota teve um aumento maior na venda de carros híbridos em 30% no ano passado, superando a venda de veículos elétricos, que ficou em 17%, confirmando a tendência que a adoção dos híbridos pode ser maior do que a dos elétricos, neste momento.

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Ela completou que lá inclusive há incentivo, mas ainda precisa de mais para melhorar a infraestrutura de recarregamento, por exemplo.

Tíquete médio ainda alto

“O tíquete médio dos veículos elétricos, embora esteja diminuindo, ele é ainda superior dos veículos a combustão e dos híbridos”, comparou. A analista comentou também que um veículo elétrico novo leva, em média, 72 dias para ser vendido, enquanto o híbrido leva bem menos tempo: 25 dias.

Sobre as marcas chinesas de carro elétrico, que entraram com muita força no mercado brasileiro, ela informou que a Toyota, ainda assim, já tem 6,5% de participação no mercado.

Chineses buscam mercados

A analista explicou que governo chinês exige um nível alto de produção das marcas de veículos elétricos. Com a queda do mercado local, as montadoras precisam escoar parte dessa produção para mercados externos.

Só que os EUA e União Europeia se fecharam para o mercado chinês de veículo elétrico. “Então, elas precisaram olhar para outros mercados, como o Brasil e a América Latina, que ficaram bastante abertos para receber esses veículos. Por isso, vieram para cá e conseguiram uma penetração surpreendentemente forte em um tempo rápido”, explanou.