Como a Índia conseguiu invalidar 86% do seu dinheiro em circulação

Medida visa combater a corrupção e a economia informal 

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Segundo país mais populoso do mundo, a Índia invalidou 86% do papel moeda em circulação em 2016 – bilhões de notas de alto valor monetário. A intenção foi, segundo o governo, combater a corrupção, facilitada por pagamento em dinheiro, e a economia informal.

Um relatório da Visa chamado “Observations from India’s Demonetization Journey” (Observações da Jornada de Desmonetização da Índia) explora alguns pontos-chave que possibilitaram a digitalização dos meios de pagamento no país. 

De acordo com Fernando Teles, presidente da Visa no Brasil, a infraestrutura base para essa mudança tem um início muito mais distante que 2016. “Investimentos públicos e privados apoiaram a tecnologia móvel e um sistema nacional de identificação [na Índia]”, diz. “Esses e outros investimentos realizados ao longo de décadas foram cruciais para possibilitar a rápida adoção de capacidades de pagamento digital e absorver o aumento súbito no volume após a desmonetização”. 

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Ele destaca, ainda, que o governo não teve todo o trabalho – e as parcerias com o setor privado aceleraram a adoção dos sistemas eletrônicos de pagamento.

 “Por exemplo, a colaboração entre stakeholders do setor público e privado resultou na criação de um padrão de QR comum e interoperável conhecido como QR Bharat, um meio barato e conveniente de aceitar pagamentos móveis, e lançou as bases para uma experiência de aceitação de pagamento superior nos estabelecimentos comerciais”, destaca o executivo. “Outros exemplos de colaboração para expandir os pagamentos digitais são a parceria da Visa com o Governo Estadual de Andhra Pradesh para digitalizar a cidade de Vishakhapatnam (Vizag), um esforço para ajudar a realizar a visão digital nacional do governo indiano”, continua. 

Na frente de segurança, a atuação do governo foi fundamental. Desde 2001, o banco central indiano (Reserve Bank of India ou RBI) trabalha na implantação de um sistema de pagamento seguro. Este foi complementado mais recentemente por diretrizes poiaram a emergência das carteiras móveis e criaram um ambiente igualitário também tiveram por objetivo estimular a concorrência. 

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“De modo geral, políticas para garantir um ambiente aberto e igualitário são mais eficazes para apoiar os pagamentos digitais, e diálogos transparentes com stakeholders da indústria durante o processo de formulação de políticas ajudam os governos a atingir esse objetivo”, resume Teles. 

Mas nada disso funciona sem adoção do público. Por isso, o governo teve um trabalho de comunicação e engajamento para angariar apoio nacionalmente. 

“Campanhas educativas e promocionais realizadas pelo setor privado e público ajudaram a população a se acostumar a pagar com meios digitais, em vez de dinheiro em papel. Esses esforços foram especialmente críticos em um mercado onde o dinheiro respondeu por 85% dos gastos pessoais dos consumidores em 2016”, continua o representante da Visa. 

E o Brasil?

Segundo dados da ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito), apenas cerca de 32% dos pagamentos no Brasil são eletrônicos. Para Teles, “o desafio para educar e fazer a migração do dinheiro em papel para formatos mais modernos e seguros é grande, porém recompensador”. 

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney