Antes exclusiva das varejistas, Black Friday é adotada por concessionárias nos EUA

Um desconto pesado pode minar o lucro, mas considerando a demanda robusta por automóveis e o aumento dos preços, é improvável que os descontos prejudiquem as margens da fabricante de veículos, dizem os analistas.

Bloomberg

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SÃO PAULO – A concessionária Jacky Jones Lincoln mandou uma mensagem para os consumidores da Black Friday: após comprar aquela TV de tela grande, passe na nossa loja e faça um leasing de um MKZ por US$ 299 ao mês. 

“Nós tivemos negócios melhores do que o normal”, disse John Greene, gerente-geral da loja de Gainesville, Georgia. “As fabricantes de carros são exatamente como todas as outras. Elas querem vender o máximo que puderem durante as festas de fim de ano”.

A Black Friday, antes associada a grandes redes de varejo e a shopping centers, se tornou um dia crucial para o calendário de vendas automotivas. Um desconto pesado pode minar o lucro, seja você a General Motors ou a Wal-Mart Stores, mas considerando a demanda robusta por automóveis e o aumento dos preços, é improvável que os descontos prejudiquem as margens da fabricante de veículos, dizem os analistas. Contudo, eles poderiam prejudicar as receitas depois de dezembro.

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“Há cinco anos a Black Friday nem sequer estava na nossa categoria”, disse John Felice, diretor de vendas da Ford Motor nos EUA, em entrevista. “Agora ela é como a última semana depois do Natal, que responde por metade das vendas do setor em dezembro”.

As fabricantes de veículos estão aumentando os negócios para conseguir uma fatia das festas de fim de ano. A Volkswagen está oferecendo empréstimos de 60 meses com financiamento a zero por cento pelo seu sedã Passat; a linha de luxo Cadillac, da GM, está oferecendo um contrato de leasing de US$ 299 ao mês para o sedã ATS e a Ford está entregando US$ 3.000 em dinheiro de volta pelo sedã Fusion, segundo a empresa de pesquisas KBB.com.

“A Black Friday representa um dos dias de compras mais movimentados dos EUA e a aquisição de carros novos não é exceção”, disse Jack Nerad, analista da KBB.com, que tem sede em Irvine, Califórnia. “Há negócios incríveis para carros novos no momento, com o ano calendário chegando ao fim”.

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Os consumidores americanos, incentivados pelas ofertas de fim de ano, pela gasolina barata e pela confiança crescente, provavelmente impulsionaram as vendas de automóveis nos EUA em novembro para uma taxa anualizada ajustada sazonalmente de 16,8 milhões, segundo a média de 13 analistas consultados pela Bloomberg. Essa quantidade superaria o ritmo de 16,3 milhões de um ano antes e a taxa de 16,5 milhões de outubro. As atitudes a respeito da compra de veículos são as mais favoráveis desde 2005, segundo a pesquisa Thomson Reuters/University of Michigan Surveys of Consumers.

“O foco que antes tradicionalmente ficava em dezembro se transformou atualmente em um final de ano de 60 dias”, disse Jeff Bracken, gerente-geral nos EUA da Lexus, da Toyota Motor Corp., a repórteres em Detroit no dia 24 de novembro, após um discurso na Associação de Imprensa Automotiva. “Não sei quanto mais podemos nos mover para trás dentro do ano”.

Os resultados das vendas de novembro, que deverão ser divulgados amanhã, poderão mostrar um incremento de 2,5%, para cerca de 1,28 milhão de veículos leves, segundo a média de nove estimativas de analistas consultados pela Bloomberg.

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A Fiat Chrysler Automobiles, que começou a ser negociada no dia 13 de outubro na Bolsa de Nova York, deverá abrir o caminho com um incremento de 16%, seguida da Honda Motor, com 4,3%, da Volkswagen, com 4,1%, e da GM, com 3,1%, segundo a consulta. A Ford deverá cair 1,5%.

Mesmo com todas as promoções, as fabricantes de veículos não estão retomando velhos hábitos de desistir dos lucros em favor de um aumento nas vendas, disse Michelle Krebs, analista da empresa de pesquisas AutoTrader.com. Em todo o setor os incentivos continuam bastante abaixo das altas histórias e o preço médio que os consumidores estão pagando por novos veículos atualmente está subindo, disse ela.

“Não voltamos àqueles antigos dias ruins por enquanto”, disse Krebs. “As promoções de fim de ano fazem muito barulho, mas não são necessariamente os maiores descontos”.

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Existe um lado negativo, contudo, de desembrulhar os presentes automotivos tão cedo, disse Jessica Caldwell, analista sênior do Edmunds.com. Se as vendas da Black Friday forem muito bem-sucedidas, “provavelmente roubarão um pouco das vendas de dezembro”, disse ela.

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