A busca da Nintendo pela glória começa agora

Um dia, a Nintendo esteve à frente de todos em jogos de competições. Agora ela tenta ressurgir das cinzas

Bloomberg

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(SÃO PAULO) – Em Nova York, às 10h da manhã, o clima já estava quente e úmido, e Clifford Barnes reavaliava sua decisão de ser a primeira pessoa na fila para a competição mundial da Nintendo. Ele estava esperando no asfalto do lado de fora de uma Best Buy no bairro do Queens, em Nova York, desde as cinco da tarde do dia anterior após passar horas viajando de trem no caminho de sua casa em New Jersey. “Eu me senti num labirinto quando estava no metrô”, disse Barnes, 33. Talvez 40 horas consecutivas acordado não tenha sido a melhor preparação para algo que depende de reações rápidas e de uma movimentação de dedos muito, muito rápida.

A Nintendo avisou que apenas as 750 primeiras pessoas a chegar poderiam competir no torneio, e uma fila de um quarteirão se formava no momento em que os portões finalmente abriram. Jovens rapazes batiam furiosamente em seus consoles portáteis em seus últimos minutos de prática. Um competidor gravou tudo com uma câmera GoPro presa em sua testa.

Mas do lado de dentro, a animação desapareceu. O evento acabou atraindo apenas cerca de 250 pessoas no total, esvaziando muito antes do horário oficial das 19h. Funcionários da Nintendo passaram as últimas horas da noite vagando por aí e tentando convencer compradores aleatórios de que seria divertido entrar na competição. Irônico para Barnes.

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Nos velhos tempos, a Nintendo foi líder no que ficou conhecido como e-sports. Gamers mais velhos se lembrarão de The Wizard, um longa metragem sobre uma competição de vídeo game que foi lançado em 1989 estrelando Fred Savage. No ano seguinte, a Nintendo realizou um torneio real baseado no filme, atraindo jogadores em mais de duas dúzias de cidades norte-americanas para competir em três grupos diferentes. Muitos anos depois, a companhia promoveu outro torneio. Mas no momento em que as competições desse tipo realmente decolaram na década passada, a companhia havia perdido interesse. Agora ela tenta entrar de novo em cena.

No dia 13 de maio, a Nintendo anunciou que a segunda encarnação do Nintendo World Championship ocorreria na E3 Expo em Los Angeles, um dos maiores eventos da indústria. No último fim de semana, a primeira rodada da competição ocorreu em oito lojas da rede Best Buy ao redor do país. Cada uma delas declarou um vencedor, e a companhia pagará uma viagem a Los Angeles para cada u deles, para o campeonato no dia 14 de junho.

A ideia de que torneios de vídeo game podem ser algo parecido com grandes eventos esportivos não é mais uma novidade. Uma audiência global de 34 milhões de pessoas assistem a games competitivos, e a indústria de e-sports gera mais de US$600 milhões em receita, de acordo com a companhia de pesquisas SuperData. No melhor momento do campeonato de League of Legends no ano passado, 11,2 milhões de pessoas assistiam ao evento ao mesmo tempo. A Coca-Cola agora patrocina esse campeonato, e a Red Bull também patrocina outros eventos de e-sports. Claramente essas companhias veem alguma conexão entre os games e altos níveis de cafeína no corpo.

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A Nintendo está tentando uma conexão com os entusiastas da marca, mas talvez isso não esteja dando muito certo. A companhia não quis dar uma entrevista à reportagem.

Grandes torneios de games são estruturados como ligas esportivas, com agrupamentos, equipes e uma competição calibrada cuidadosamente para ser justa. Jogadores no evento de sábado não pareciam sérios, quando comparados a isso. Sean Sullivan, entregador de 33 anos, vestido como Mario dos pés à cabeça, tinha um cinto de ferramentas com cinco consoles Nintendo 3DS e um Gameboy. Ele disse que foi ao evento principalmente para ver outros entusiastas da Nintendo. “Não sou uma pessoa muito competitiva”, ele disse.

O mesmo não pode ser dito sobre John Goldberg, 23, que se descreveu como um jogador competitivo de Smash Bros. Ele foi o líder da competição, com uma pontuação de 4,7 milhões depois de sua rodada aproximadamente às 11h. “Eu tive uma boa rodada, mas poderia ter ido muito melhor. Não joguei tão rápido quanto poderia”, ele disse.

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Reportagem de Joshua Brustein

Traduzido por Paula Zogbi