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Saudades de viajar, não é?

O que um aeroporto pode nos ensinar sobre o "termômetro do dia a dia" das companhias aéreas negociadas em Bolsa
Por  Pietra Guerra -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Toda vez que passo pelo aeroporto, olho como está o tamanho das filas de embarque, o passa-passa de gente e pergunto no ponto de táxi como anda o movimento. Afinal, além de curiosa, sou investidora e analista de ações. Praticamente todas as grandes companhias aéreas têm suas ações negociadas em Bolsa e, tão importante quanto uma análise financeira, é o termômetro do dia a dia.

Não é novidade que a pandemia atrapalhou os planos de viagens de quase todo mundo, normalizando reuniões e encontros virtuais. Logo, também não deveria ser surpresa o fato de que as ações ligadas a esse setor despencaram ao longo de 2020: Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) fecharam o ano com mais de 30% de queda.

Mas, se você frequentou algum aeroporto nos últimos 12 meses ou está acompanhando o noticiário, também deve ter percebido que as pessoas vêm retomando a dinâmica das viagens.

Essa percepção empírica reforça um dado recente, divulgado pela Azul, que mostrou um aumento de 280% da demanda por voos em junho de 2021 em relação ao mesmo mês do ano passado.

Caso você seja um frequentador antigo dos aeroportos, já imagina que, apesar da retomada da demanda, as viagens ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia.

A mesma pesquisa mostrou uma demanda 24% menor quando comparada com junho de 2019. Parte disso se deve ao cenário pandêmico, que ainda persiste, somado a nova dinâmica de trabalho.

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Lembro de pegar aviões cheios de pessoas engravatadas, só com a maleta do computador na mão, que faziam viagens bate-volta para reuniões. Hoje, esse é um perfil menos comum nos aeroportos e que faz falta para as empresas aéreas. Parte importante da receita das companhias eram as viagens a trabalho.

Nesse cenário ainda incerto, as ações de empresas aéreas têm performado de formas diferentes. Enquanto a Azul mostra sinais de recuperação, com uma variação positiva no acumulado de janeiro a julho de 2021, a Gol segue em queda.

Isso reflete, além da demanda de forma geral por voos, os serviços que cada uma oferece ao consumidor e o plano de reorganização financeira. Afinal, os impactos da pandemia deixaram marcas nos balanços das empresas, como o aumento da dívida.

Por isso a importância da análise financeira, que acompanha o termômetro do dia a dia nas decisões de investimento.

Enquanto alguns fatores macroeconômicos impactam de forma parecida as empresas do mesmo setor, a gestão financeira de cada uma é um divisor de águas para o sucesso da companhia e consequente valorização das ações. A Gol, por exemplo, acabou de revisar para baixo a expectativa do resultado operacional para esse ano.

Mas, para fazer uma boa análise dos números das empresas, continuarei prestando atenção em tudo quando passar pelos aeroportos, perguntando para os taxistas sobre os movimentos e acompanhando o noticiário.

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Esses são faróis importantes, que mostram como a empresa está no dia a dia e muitas vezes antecipam os dados que serão divulgados.

Assim, quando for analisar os números para tomar a decisão financeira, eles tendem a refletir essa visão da vida real: a perspectiva positiva das companhias aéreas com a retomada das viagens, mas em um cenário ainda complicado dado todos os impactos da pandemia.

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Pietra Guerra Pietra Guerra é especialista em ações da Clear Corretora. Antes disso, trabalhou no Itaú BBA, na asset do banco francês BNP Paribas, no Bank of America Merrill Lynch e na trading de commodities Olam International Limited. É formada em administração de empresas pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) e tem especialização no mercado financeiro pela Saint Paul Escola de Negócios

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