Como operar futuro de bitcoin usando price action?

Entenda o funcionamento do BIT, novo contrato futuro de Bitcoin da B3, a partir da análise dos padrões de Price Action
Por  Felippe Aranha -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

No dia 17 de abril, a B3 lançou uma novidade que animou os entusiastas de day trading e criptomoedas: o contrato futuro de Bitcoin, conhecido no mercado como BIT. Com ele, agora, operar as oscilações do Bitcoin em reais é tão fácil quanto negociar minicontratos e ações na sua corretora brasileira preferida, como, por exemplo, a XP.

Dessa forma, o trader pode usar a mesma plataforma já utilizada para operar mini-índice, minidólar e ações, bastando digitar o ticker correspondente ao contrato vigente do futuro de Bitcoin, unindo o prefixo BIT ao mês e ano de vencimento – como por exemplo BITJ24 para abril ou BITK24 para maio.

Esse produto passa a ser uma opção atraente para traders devido à sua boa volatilidade e aos bons padrões gráficos que ele tem apresentado até agora. Além disso, ele também oferece mais uma alternativa para você diversificar sua carteira de investimentos e implementar estratégias de proteção, especialmente se você já possui criptoativos.

Mas veja bem, antes de se aventurar, é fundamental avaliar se o seu perfil de risco está alinhado com a natureza altamente volátil deste ativo, que pode apresentar oscilações rápidas e acentuadas, tanto positivas quanto negativas.

Essas grandes variações podem ser tanto oportunidades de lucros significativos quanto fontes de estresse e perdas consideráveis.

Assim, recomenda-se que você se familiarize com o contrato e conheça seus detalhes antes de iniciar suas operações. Mas não se preocupe! Nos próximos parágrafos, trarei algumas informações que irão te ajudar com isso.

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Aspectos fundamentais do BIT

O BIT opera de forma similar aos contratos de mini que você já conhece, pois todos eles são contratos futuros, que funcionam com margem de garantia, ajuste diário, alavancagem para day trade, etc… a diferença é que o BIT tem como ativo de referência o índice Nasdaq Bitcoin Reference Price TM Index (NQBTCTM), convertido para o Real.

Seu vencimento é mensal, na última sexta feira de cada mês (ou no pregão anterior em caso de feriado) e é importante destacar que a liquidação ocorre de forma exclusivamente financeira, sem entrega física de Bitcoin, semelhante ao que ocorre com o minidólar.

A cotação é em Reais por Bitcoin, e cada contrato representa 10% de um Bitcoin. Por exemplo, se a criptomoeda estiver cotada a aproximadamente R$ 343.000, um contrato BIT estaria na faixa dos R$ 34.300.

Falando nisso, a variação mínima da cotação que você vai enxergar na tela é de R$ 20 em R$ 20, porém, o valor financeiro dessa variação mínima é de R$ 2,00. Por exemplo, se você comprou 1 contrato a uma cotação de R$ 342.040 e o preço subiu para R$ 342.060, você estará positivo em R$ 2,00, mas se cair para R$ 342.020 você estará negativo em R$ 2,00, e se vier a R$ 342.000, você estará negativo em R$ 4,00.

Quanto à margem de garantia, para manter uma posição aberta após o fechamento do mercado — isto é, para dormir posicionado — é necessário 50% do valor do contrato, e atualmente seria necessário em torno de R$ 17.000.

É importante destacar a questão da alavancagem nas negociações intradiárias, pois a margem mínima exigida para day trade é de apenas R$ 100 por contrato. Isso significa que com R$ 100 você pode operar um contrato cujo valor aproximado é de R$ 34 mil, resultando em uma alavancagem superior a 300 vezes! Essa alta alavancagem representa um risco significativo, especialmente para um ativo de alta volatilidade.

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Pode parecer que não, mas já houve grandes oscilações em intervalos curtos de tempo, como no dia 22/4 às 9:30, quando a cotação variou por volta de R$ 2.700, primeiro para baixo e depois para cima, tudo isso em menos de 5 minutos! Isso representa uma variação de R$ 270 por contrato, que seria um financeiro equivalente a uma oscilação maior do que 1.200 pontos no míni índice, o que é bastante para day trade.

Se você tivesse apenas R$ 100 depositado na corretora provavelmente teria sido estopado nesse movimento, mesmo que estivesse certo. Além disso, é importante lembrar que já houve outras oscilações ainda maiores.

A boa notícia é que quem controla essa alavancagem é você, por meio da quantidade de capital que deposita na corretora e do número de contratos que decide operar. Portanto, exerça o bom senso e planeje cuidadosamente suas operações conforme sua estratégia de trading.

Lembre-se, volatilidade pode ser muito boa para day trade, mas planejamento e prudência são fundamentais ao se aventurar.

Price Action no BIT

Embora ainda estejamos na fase de observar como a liquidez do BIT irá se desenvolver, já é possível encontrar e operar padrões de Price Action com lotes menores, demonstrando um potencial bastante promissor.

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O Price Action é considerado uma das técnicas mais eficazes de trading e o BIT está mostrando que com ele isso não é diferente. Os padrões que têm emergido são bem operáveis.

Saiba mais:

Dada a novidade do contrato, é prudente manter uma abordagem cautelosa, focando apenas nos padrões mais claros e confiáveis, operando pequeno e observando a liquidez do momento.

A seguir, apresentamos alguns exemplos de padrões que já se formaram nos gráficos de 15 minutos:

Price Action no BIT

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Dia 18 de abril

Barras 1 a 8 formaram uma lateralidade estreita após o gap de alta na abertura. Barra 11 foi uma forte barra de alta, com bom corpo, fechando quase em sua máxima e com grande gap em relação à barra 8. BTC (compre o fechamento).

Barra 28 corrigiu 50% da boa perna formada pelas barras 26 e 27, em um bom contexto de alta que vinha desde a abertura. A compra seria com ordem limitada em 50% da perna.

Dia 19 de abril

Barra 8 foi uma boa barra de baixa após um topo duplo formado entre a 2 e a 8.

Raramente topos duplos são perfeitos e um trader de Price Action não vê problema em ter o segundo topo mais baixo ou mais alto do que primeiro.

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Price Action ou análise gráfica? Entenda a diferença

Dia 22 de abril

Barras 8 e 9 formaram um micro topo duplos em relação à barra 5, após 3 puxadas de alta fracas o suficiente para se pensar que estávamos em uma lateralidade.

Barra 11 foi uma barra interna de baixa, boa o suficiente para ser um gatilho para entrar na venda.

Barra 12 e seu gap também foram bons o suficiente para uma venda.

Dia 23 de Abril

Barra 11 fez a máxima do dia em uma cunha formada desde a barra 2 (no Price Action chamamos de cunha ou wedge qualquer movimento de 3 puxadas).

Ela estava aninhada em uma cunha maior que vinha desde o dia anterior, que já havia sido um dia lateral.

Barra 11 foi muito pequena para ser uma boa entrada, e vinha de mínimas consecutivas mais altas desde a barra 4, por isso era melhor não entrar.

A Barra 13 foi uma barra interna com um corpo razoável e também uma segunda entrada, suficiente para ser o gatilho de venda da cunha. Muito parecida com a venda da barra 11 no dia anterior.

Podia-se desconfiar que o mercado entrou no modo sempre vendido após a sequência de barras de baixa 24 e 25, e das correções rasas e breves após então. Porém, só quando a barra 35 deu continuidade é que não restaria mais dúvida e a entrada seria a venda do fechamento (STC).

Veja também:

Dia 24 de Abril

Esse foi o melhor dia do BIT desde a sua estreia, pois era possível operar swings (no Price Action chamamos de swing qualquer operação que tenha um retorno maior do que 2x o risco, incluindo operações de day trade com esse payoff).

Houve um range de abertura formado entre as barras 1 e 10, que foi rompido com a forte sequência de baixa 10 e 11 e deveria buscar algum tipo de movimento projetado abaixo, quando entrou no modo “sempre vendido” (always in short).

Assim, as melhores operações provavelmente ocorreriam na venda e para swings, por isso seria melhor segurar as operações após a entrada.

Alguns dos exemplos possíveis de entrada são a Venda do fechamento da 11 a mercado e a venda da correção acima da 12 com ordem limitada, mas um trader de Price Action enxergaria uma razão para vender em praticamente todas as barras.

Barra 23, uma barra externa com corpo de baixa foi um topo duplo na média, com o primeiro topo formado na Barra 16, fazendo disso um padrão M2S e também uma bandeira de baixa em forma de topo duplo.

Lembre-se que estávamos no modo sempre vendido e você deveria estar procurando entradas na venda, segurando para swing após a entrada.

Barras 32 e 33 foram barras de sinal de venda em um mercado no qual você estaria procurando vendas em função do contexto.

Como já estava no final do dia, ok ir para scalp (operação rápida e curta) ao invés de swing.

Dia 25 de Abril

O dia mais difícil até aqui, pois apresentou muito comportamento lateral e mudança sutil de venda para compra. Movimentos laterais são mais complicados de operar.

Durante a Barra 5 seria natural vender o toque da média com ordem limitada. Vinha de forte queda do dia anterior, lateralidade estreita (TTR) no início do dia, e seria o primeiro toque da média em quase 20 barras. No Price Action é comum ficarmos ligados para antecipar movimentos como esse.

Na Barra 8, a compra da cunha (wedge) formada pela linha rosa seria mais difícil de decidir entrar, ainda mais que a barra de sinal tinha uma sombra superior significativa e o movimento do dia anterior foi de queda forte. O TTR do início do dia suavizou, mas não seria fácil decidir pela entrada.

Barra 12 foi uma entrada na venda que teria levado a uma perda, mas você não saberia disso na hora. Como ainda estava num contexto que favorecia a queda, seria natural vender a L2 da barra12, ainda mais que ela era uma barra interna com bom corpo de baixa e havia espaço até a mínima do dia, que também era a mínima do canal de baixa que vinha desde o dia anterior. Se vendesse a 12, o trader acabaria sendo estopado.

Lembre-se que ao operar padrões você tem uma vantagem estatística, mas não uma certeza de que dará certo. Por exemplo, se um padrão tiver 60% de chances de dar certo, ele terá 40% de chances de não dar certo, entre empates e perdas. Isso torna fundamental planejar a relação retorno/risco em todas as operações.

Barras 14 a 17 foram uma sequência de barras de alta, com mínimas, fechamentos e máximas mais altas, que fariam o trader se perguntar se o mercado não estaria revertendo para cima a partir de uma Reversão Majoritária de Tendência (MTR) meio esquisita.

Fosse MTR ou não, comprar a primeira mínima após essa boa sequência de alta deveria levar a pelo menos mais uma perna para cima, e traders experientes estavam com ordens limitadas para comprar abaixo da barra 17. Fazer a entrada seria a parte fácil, o mais difícil seria decidir se iria para scalp ou swing. O trader poderia ter entrado buscando um scalp e decidir alongar após a ótima barra de alta 20, que foi forte e com gap.

Conclusão

Embora o BIT seja um contrato novo, e a liquidez ainda esteja se consolidando, está formando bons padrões de Price Action, tanto no 5 minutos quanto no 15 minutos. É importante lembrar que outros contratos novos que “não pegaram” não chegavam a formar bons padrões e isso é mais um indício de que esse contrato tem grandes chances de vingar e se tornar um dos queridinhos dos trader brasileiros. “O BIT venceu, Menzinhooooo!!!!”

Felippe Aranha Felippe Aranha é um trader autônomo pioneiro em Price Action no Brasil. Com formação em Administração de Empresas pela FGV, atua no mercado financeiro desde 1998. Liderou a tradução dos livros e cursos do Al Brooks para o português, e introduziu esse método inovador no país. Em 2018, fundou a Academia de Price Action, onde já formou mais de 4.000 alunos. Parceiro da XP, Felippe compartilha o que sabe sobre trading no Instagram @felippe.aranha e no YouTube youtube.com/felippearanha

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