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O “Senhor Mercado” é inspirado no “Mr. Market”, termo que Warren Buffett e demais grandes investidores do planeta usam para se referir ao consenso de mercado. Nessa coluna, eu ganhei vida e posso expressar algo que seja mais explícito do que apenas os números dos preços dos ativos.
Após a “barulheira” toda da agenda de reciprocidade tarifária de Donald Trump, creio que algumas ideias ficaram mais cristalizadas. O presidente americano é um líder mais “frágil” no relativo com Xi Jinping.
Na China, uma autocracia, a liderança não precisa se preocupar com popularidade, eleições, “mid terms”. Com cabeça de longo prazo e maior estabilidade, medidas podem ser tomadas e mantidas com maior firmeza.
Enquanto isso, Trump vê sua popularidade cair e recuar se torna quase que uma obrigação. Tudo indica que devemos caminhar para acordos e um “meio termo” em boa parte das tarifas.
Claro que, de alguma forma, parte do estrago já está contratado. Porém, outras agendas de Donald Trump, como a da desregulamentação, serão muito positivas – eu tenho gastado muito tempo e foco apenas com aquilo que é ruim, mas nos bastidores, eu já começo a observar essa saída mais equilibrada.
Dito isso, talvez tenhamos um cenário mais benigno nos EUA. Boa notícia para você que gosta de investir em ativos brasileiros.
Quando a situação está “morna” lá fora, ou seja, nem tão bom e nem tão ruim assim, isso é ótimo para ativos de risco, como países emergentes feito o Brasil. Mas e por aqui?
Bom, sinceramente, cada dia que passa é um dia a menos para a eleição. Os investidores profissionais estão razoavelmente convencidos de uma transição de poder aqui no país.
Essa tem sido a tendência eleitoral no mundo todo: o último governante perde e deixa o poder. Por mais vago que possa parecer, realmente possui um fundamento de velhas narrativas perdendo força.
Mas tudo bem, entendo você achar isso vago, então trarei meu número predileto aqui – gráficos que dizem mais do que palavras:

A imagem da direita é o foco: os fatores idiossincráticos de cada governo são bons indicadores antecessores – sempre que eles ficam abaixo de 50, costumam sugerir troca ou queda do governo.
Para traduzir: FHC tinha 55 no primeiro mandato, foi reeleito. No seguinte, 43 e houve transição para o PT com Lula. Luiz Inácio tinha 60 no primeiro, foi reeleito.
No segundo mandato, tinha 80 e conseguiu fazer sucessão para a Dilma. Ela, por sua vez, atingiu 69 no primeiro mandato e foi reeleita.
Porém, em seu segundo governo atingiu 24, um nível bem baixo, e advinha? Impeachment. Temer assumiu com níveis muito ruins, mas não caiu por ter um excelente tráfego com o Congresso e o país ter acabado de sair de um processo de retirada de uma liderança.
Bolsonaro veio na sequência, atingiu 47 e perdeu para Lula. No terceiro mandato dele que ocorre enquanto escrevo, sua pontuação é 46…
Claro, teremos muita volatilidade pelo caminho, mas existem sinais. Muitas casas de investimento já estão fortalecendo seus times de ações, ou criando franquias de produtos nesses mercados.
Por que estão preparando o terreno dentro desses ativos de risco? Talvez para não ficar de fora do que está por vir.
Trump talvez não seja tão mau assim, Lula nem tão forte. Veremos.