Como a IA e o bem-estar híbrido podem democratizar o acesso à saúde

Plataformas, apps e IA estão transformando a promoção do bem-estar, ampliando o acesso à atividade física e prevenção

Paola Machado

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O bem-estar entrou, definitivamente, na era digital. De apps de meditação a plataformas de treinos personalizados, passando por algoritmos que ajustam dietas ou monitoram sinais vitais, a tecnologia está moldando a maneira como cuidamos da nossa saúde.

Mais do que tendência, esse movimento é uma resposta às limitações dos modelos tradicionais de promoção de saúde, que dependiam de acesso físico, tempo e recursos financeiros.

Agora, com a digitalização, ferramentas como inteligência artificial (IA), machine learning e plataformas híbridas permitem que milhões de pessoas acessem informações, planos de treino e suporte psicológico de forma personalizada, acessível e escalável.

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O levantamento Wellhub revela tendências de bem-estar para 2025 e mostra as atividades mais praticadas em 2024, publicado pela Fitness Brasil em dezembro de 2024, é um dos estudos mais completos sobre o tema.

O relatório, baseado em dados de milhões de colaboradores em escala global, revela que o chamado “bem-estar híbrido” — combinação entre atividades físicas presenciais e digitais — é a principal tendência do setor.

Os principais achados:

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Isso reforça a ideia de que a combinação entre o digital e o presencial amplia a adesão, melhora o engajamento e favorece a continuidade — aspectos críticos para a eficácia de qualquer programa de promoção de saúde.

Impacto nas empresas e colaboradores

O bem-estar digital também está transformando o ambiente corporativo.

Programas de bem-estar tradicionais, baseados apenas em atividades presenciais ou campanhas pontuais, mostram resultados limitados.

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Já o modelo híbrido oferece flexibilidade e acesso contínuo, permitindo que colaboradores escolham a melhor forma de cuidar da saúde, de acordo com sua rotina e preferências. De acordo com o relatório Workplace Wellbeing Initiative Trends for 2025 do Global Wellness Institute (GWI), empresas que integram o bem-estar nas políticas organizacionais, treinamentos de liderança e práticas operacionais observam:

Esses dados reforçam a importância de uma abordagem estratégica e integrada ao bem-estar no ambiente de trabalho.

Além disso, o uso de inteligência artificial (IA) para prevenção e monitoramento de saúde está se consolidando como uma ferramenta essencial. Segundo estimativas da McKinsey & Company, a adoção ampla de soluções baseadas em IA pode gerar uma economia global estimada entre 5% e 10% nos gastos com saúde, o que representa uma redução de aproximadamente US$ 200 bilhões a US$ 360 bilhões por ano, ao melhorar a eficiência administrativa, otimizar processos clínicos e apoiar o diagnóstico precoce.

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Embora o avanço tecnológico seja promissor, ainda há desafios. O principal é garantir que essas soluções não fiquem restritas a quem já tem condições econômicas e educacionais para usá-las.

A OMS alerta que cerca de metade da população mundial não tem acesso adequado a serviços básicos de saúde — e isso inclui suporte para prática de atividade física e bem-estar psicológico.

Plataformas digitais podem ser uma ponte para ampliar esse acesso, desde que sejam democratizadas e integradas a políticas públicas de saúde e prevenção.

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O caminho: soluções digitais como aliadas da prevenção

A grande vantagem das ferramentas digitais é a possibilidade de oferecer experiências mais personalizadas, acessíveis e escaláveis no cuidado com a saúde. Algoritmos sofisticados ajustam treinos, dietas e rotinas conforme o histórico, as preferências e os objetivos de cada pessoa, garantindo um atendimento mais preciso e eficiente. Além disso, a acessibilidade é ampliada por meio de aplicativos gratuitos ou de baixo custo, que permitem acesso à informação qualificada, mesmo em regiões com pouca infraestrutura física, democratizando o bem-estar.

A escalabilidade dessas soluções é outro diferencial importante: um único programa digital pode atender milhares ou até milhões de pessoas simultaneamente, com qualidade e consistência. Exemplos práticos incluem aplicativos que promovem treinos rápidos, como os famosos “treinos de 7 minutos”, plataformas de telemedicina que facilitam consultas à distância e dispositivos vestíveis capazes de monitorar sinais vitais e sugerir ajustes na rotina conforme o comportamento detectado.

Além disso, soluções baseadas em inteligência artificial já são amplamente utilizadas para prever lesões a partir da análise de padrões de movimento, ajustar planos de treino conforme a evolução ou regressão de performance e promover intervenções precoces para doenças metabólicas.

A digitalização do bem-estar não é apenas uma evolução tecnológica, mas uma verdadeira mudança de paradigma: de um modelo centrado no tratamento, para um modelo focado na prevenção, na autonomia e no acesso. O bem-estar híbrido, impulsionado pela inteligência artificial, já está mostrando que pode ser a chave para resolver um dos maiores desafios da saúde pública: a adesão e a continuidade nos cuidados com o corpo e a mente.

Mais do que nunca, saúde e tecnologia caminham juntas. O futuro é digital — e já começou.

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Paola Machado

Dra. Paola Machado é Doutora e Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP, especializada em Fisiologia do Exercício, Nutrição e Fisiopatologia da Obesidade. Com mais de 2000 textos publicados em portais renomados, ela se destaca como uma referência em emagrecimento, performance pessoal e rotinas de sucesso, traduzindo conhecimento científico em práticas acessíveis e eficazes. Siga no Instagram: @machado_paola