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PLDO fez preço, mas menos do que você pensa

Por  Alexandre Aagesen
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Se alguma vez você participou de um processo orçamentário – particularmente numa cadeira de Finance – você deve ter o sentimento de que participou de um a mais do que gostaria. No meu caso, entre 2011 e 2021 eu participei de 10. São chatos, trabalhosos, sub-ótimos em termos de precisão e politicamente desafiadores. O único dado um pouco mais na sua mão é a despesa, e essa é a que os seus stakeholders menos querem cortar. Aí você superestima as receitas para fechar a conta que o seu chefe espera e o orçamento fica extremamente desafiador (pra não dizer irreal). Ontem foi dia dos nossos CFOs (Tebet e Haddad) entregarem o orçamento do país para 2025, no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias – PLDO. É aquela primeira versão, depois vai se desdobrar na PLOA, que é de fato o orçamento, mas essa versão entregou zero a zero no resultado, diferente do superavit antes prometido. De qualquer forma, ainda vai ter que cumprir, mas não foi o início ideal, e o mercado chiou.

E talvez tivesse chiado mais, mas a PLDO acabou ficando em segundo plano. Rabo do cachorro, seu nome é Brasil. Mesmo sem a PLDO a gente teria tido um dia ruim aqui, com abertura de juros lá fora depois de alguns estudos bem pessimistas de uma tal União de Bancos Suíços, acrônimo idêntico às Unidades Básicas de Saúde que temos por aqui. O relatório trazia uma visão de potenciais altas adicionais de juros nos EUA. E ninguém quer ver isso. Foi dólar para cima (no mundo todo – mas aqui foi um pouco pior), juros pra cima (no mundo todo – mas aqui foi um pouco pior) e bolsa pra baixo (no mundo todo – mas aqui foi um pouco… melhor). Vantagens de ser um exportador de commodities.

Por fim, destaque para ele, o ex que não aceitou que você já está em outra. Você sabe como é. Com seu novo amor você faz as viagens, programas e coisas que o anterior queria, mas você não. É ele, Volodymir Zelensky. “Acho ótimo o ocidente apoiar de forma tão irrestrita Israel contra o Irã – que aliás, é amiguinho da Rússia, viu? Eu só acho engraçado que…”. Pois é, faz parte amigo, faz parte.

Ficou com alguma dúvida ou comentário? Me manda um e-mail aqui.

Alexandre Aagesen Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos

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