Non-Farm Payroll, Guerra e Petróleo trazem volatilidade ao mercado

Ataque à Israel faz relembrar 1973 e traz temor de novo choque do petróleo. Non-Farm Payroll (sexta) trouxe volatilidade ao mercado.
Por  Alexandre Aagesen
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Todo dia ela faz tudo sempre igual: Me sacode às 6 horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e acaba com qualquer esperança que eu tenha de um mercado mais ameno naquele dia. To falando da treasury de 10y, claro. Sexta eu falei que o mercado esperava 170 mil vagas no Non-Farm Payroll, vieram 336 mil (com M de “Muitão!”). O cara mais pessimista tava falando em 256 mil vagas. Caos no mercado: até a treasury de 30 anos chegou a abrir 15 bps (o que não faz nenhum sentido por conta de um print de NFP, mas ok). Mas o dia passa e, pra quem procura boa notícia, tudo é boa notícia. Se o NFP viesse fraco, era bom porque o Fed ia cortar juros, então “bolsa pra cima”. Como NFP veio forte, é mais atividade econômica então é “bolsa pra cima” (sei lá). O mercado faz a notícia, não o contrário. No fechamento todo o stress da manhã já tinha sido devolvido, sem nenhuma vergonha: Poker Face, né?

A própria inversão da curva de 10y com 2y também vem caindo bastante. Nos dias anteriores ao SVB, chegou a bater 110 pontos (ou seja, os juros de 2y estava 1,10% acima da de 10y – o que é muito), a gente falava muito disso no começo do ano. E de novo no começo de julho essa diferença abriu até 108bps. Sexta agora, esse gap fechou abaixo de 30 pontos, numa queda bastante acentuada, principalmente a partir do último FOMC e, particularmente, do último Dot Plot. Essa “desinversão” da curva se deu muito mais pela abertura da longa do que pelo fechamento da curta. Na verdade, a curta também abriu, mas menos. Então, é “bolsa pra cima” (sei lá). You and me could write a bad romance.

Mudando o tom, imagino que você tenha acompanhado o ataque de sábado do Hamas à Israel. Não vou falar desse ataque aqui, mas de outro ataque, 50 anos e um dia antes desse. Era começo de outubro, e um país de maioria mulçumana ataca Israel no meio do Yom Kippur. Esse episódio escala, se inicia uma guerra de grandes proporções e foi a principal causa do primeiro choque do petróleo, em 1973. É nessa época que a Arábia Saudita começou a ganhar mais relevância global (junto com a OPEP) e hoje consegue levar o CR7 para jogar do país. Num momento de petróleo já pressionado, um novo temor nesse sentido piora o sentimento dos mercados. E ainda por cima hoje não tem mercado em NY: Feriado de Columbus Day.

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Alexandre Aagesen Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos

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