(mais uma) Super Quarta

Dia de decisão de políticas monetárias. Como sempre, atenção ao gogó dos banqueiros centrais.
Por  Alexandre Aagesen
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Hoje é o dia. O filho chora e a mãe não vê. Não tem mais meio termo. Não tem “em cima do muro”. Escolha seu lado, walk the talk e put you money where your mouth is. O café esfria enquanto o suor desce. Hoje é dia de Super-Quarta, bebê! Decisão de política monetária. Você já sabe, já cansou de ouvir, mas vale reforçar: no COPOM, corte de 50 bps, e queremos ver o plural no comunicado. Vai ser um morde e assopra – ou corta o plural e adoça o resto do texto, ou endurece o texto e mantém o plural. No FOMC, manutenção de juros, e queremos ver o Dot-Plot, o comunicado e o Powell Free-Style. Já te antecipo aqui: Vai ter vol!

E, falando em vol, ontem a B3 lançou o índice “VIX” brasileiro (VXBR). Segue a mesma metodologia do VIX lá de fora, mas com opções de Ibovespa. Exatamente a mesma metodologia da “Vol. Impl. Br.” aqui do relatório de baixo que você já acompanha (ou, mais provavelmente, sequer tinha visto), mas agora é oficial. Volatilidade implícita nas calls at-the-money de Ibovespa de 30 dias. Por enquanto, um mercado menos líquido que o ideal, mas essa liquidez agora vem e, já, já você vai estar operando ETF de VXBR ou de Short VXBR e vai aprender tudo sobre o impacto do theta de opções curtas, na prática (e essa aula vai custar caro).

Temos ouvido muito sobre a desglobalização e impactos na inflação nesses últimos meses. A principal via de trade global, realmente está mais perigosa. Ataques dos houtis iemenitas no Mar Vermelho encarecem o seguro do frete ou o custo da viagem, caso você opte pelo “atalho” do Cabo da Boa Esperança. Mas aí, você acaba encarando os piratas somalis na costa da África. Se você desiste do mercado físico e decide migrar para as bolsas de valores, também tem risco: a internet global também está nos mares – 97% de todos os dados são enviados via (apenas) cerca de 500 cabos marinhos. Quando você olha os dados de comercio global, realmente parecem desacelerar, o que gera essas conversas todas. O risco existe, claro, mas lembre-se de colocar em perspectiva: Global Trade tem um beta maior que 1, em relação ao PIB global. Isso significa que quando o PIB acelera, o comercio mundial acelera muito mais. Mas quando desacelera…

Ficou com alguma dúvida ou comentário? Me manda um e-mail aqui.

Alexandre Aagesen Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos

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