Começa o COPOM – mas não é isso que você devia estar olhando

Reuniões de política monetária sempre chamam muito a atenção do mercado, mas amanhã tem um anúncio ainda mais importante no mercado - que você deveria acompanhar mais de perto.

Alexandre Aagesen

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Você deve se lembrar. Era o feriado de Finados, no começo de novembro do ano passado, a Yellen acalmou os mercados ao dizer que não iria emitir trilhões (“apenas” 815 bilhões) de dólares em novas dívidas, e que a emissão seria mais curta. A pressão saiu das treasuries mais longas, as curvas fecharam e tivemos um novembro espetacular ao redor do mundo. Três meses depois, cá estamos em um novo Quarterly Refunding Announcement (QRA) e uma nova notícia para os mercados: para esse trimestre agora, serão ainda menos emissões. As treasuries não abrem por causa do fiscal, ou da inflação. Abrem porque o ímpeto vendedor é maior que o comprador. O fiscal e a inflação podem até acelerar o ímpeto, mas a dinâmica do preço é mecânica em função do fluxo. E a emissão de dívida é um (gigantesco) fluxo vendedor de títulos. Menos emissão = menos venda. Menos venda = menos pressão nas taxas. Curva fechando = risk-on. Amanhã teremos grandes decisões e anúncios que vão afetar os mercados diretamente… e não vêm do FOMC, muito menos do COPOM. É o plano de voo de como será feita essa emissão de U$ 760 bilhões.

Mas hoje também começa o FOMC e o COPOM, não dá para ignorar completamente (mas quase, viu). Já sabemos as decisões e, em grande medida, já sabemos o comunicado. Pode vir surpresa? Sempre pode, mas mesmo a surpresa faria pouco preço. No máximo um pouco mais de volatilidade. Volatilidade amanhã pode vir principalmente do FOMC, que sai no meio do dia, com pregão aberto mesmo. Amanhã no fim do dia você vai ver um monte de influencers (“arrasta pra cima”) falando o que você deve fazer com seus investimentos “agora que a SELIC está em 11,25%”, todos com cara de susto e pensativos (o vídeo já está gravado, ninguém está surpreso de verdade). O que tinha para fazer já foi, e o que vai – de fato – mexer o mercado vai sair logo cedo pela manhã (QRA) ou no meio da tarde (FOMC).

De qualquer forma, vale acompanhar dados de emprego aqui (CAGED) e lá fora (JOLTS), o PIB da Zona do Euro e dados de atividade da China (PMI), todos hoje. Vale também olhar os mais de 25% do S&P500 divulgando resultado (particularmente a partir de hoje, mas vale pra semana toda). E, por fim, repare no nível (perto das máximas – pelo menos recentes) dos ativos de risco (Ibov, Ifix, Nasdaq, S&P, Bitcoin, ouro…), o VIX no chão (ainda) e a vol implícita dos próximos 30 dias do Ibovespa bastante abaixo da média histórica. Chama atenção esse alinhamento (excessivo) das estrelas.

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos