A Selic caiu! E agora?
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Hoje, vamos falar sobre três bancos centrais e suas políticas monetárias. Vamos começar pelo Fed. Manteve os juros, como sabíamos que manteria, e, apesar de ser o único dos três que não cortou juros, conseguiu ser o mais dovish. “Dot-Plot” segue apontando três cortes ainda neste ano. Para o ano que vem, reduziram um pouco as projeções de cortes e voltaram ao mesmo patamar do SEP de setembro. Claramente, dezembro foi um erro de comunicação. Mais um, aliás (não que eu esteja contando). No discurso, nosso amigo Powie não decepcionou. Se você ouvisse com atenção, entre uma frase e outra, você ouvia um “cruuu-cruuu” ao fundo. Há boatos que a entrevista terminou pois alguém estava jogando milho ali perto. O comunicado oficial até foi mais equilibrado, mas, como disse um grande amigo meu, ótimo estrategista e jogador de poker sub-mediano, o texto foi “as hawk as this Fed gets”. Ou seja, não muito.
O segundo banco central do dia, foi o nosso querido Bacen por aqui. Zero surpresa na decisão, cortou juros para 10,75% ao ano. Se você viu alguém com cara de surpresa, te questionando o que acontece com seus investimentos agora, não leve tão a sério: todo mundo sabia da decisão. O que ninguém sabia era o tal do plural. E o BC tirou isso da comunicação. O comitê decidiu tirar o trecho onde explicitava que esse ritmo (de 50bp) seria adequado “nas próximas reuniões” e trocou por “na próxima reunião”. Recado recebido – em maio, a decisão está dada, mas, para junho, a decisão está aberta. Hoffmann deve estar infartando agora. Claro que o BC fez todos os disclaimers de que vai se manter atento aos dados que saírem. No resto do texto, jogou várias boias mais amistosas para contrabalancear o tal do plural retirado, e tem o fato de que junho ele ainda pode cortar 50bps ou pelo menos 25bps, e daqui até lá, tem muita água ainda. Mas foi bem mais Hawk do que o Fed (e olha que o Fed não cortou).
E o último banco central do dia tomou uma decisão ousada e surpreendeu o mercado. O SNB, o Banco Central da Suíça, abriu a temporada de cortes de juros entre os grandes bancos centrais do mundo. Mercado até dava alguma chance (pequena) de isso acontecer, esperavam que fosse mais para a frente, mas veio já. A curva lá hoje está steepando como seria de se esperar, e a moeda apanhando, como sabíamos que ia acontecer com o primeiro que tentasse a sorte. E, por sorte, estamos falando da Suíça, então a moeda “apanhar” significa um ajuste fino, claro. E vale uma nota rápida adicional aqui. Deve ser muito difícil ser o Guido Mantega. Quando ele é cogitado para ser ministro da Fazenda, juros longos rasgam para cima. Quando ele quer ir pra Vale, derrete a ação. Agora ele quer ir pra Braskem. São muitos feedbacks do mercado, ao vivo, para ele (e nenhum positivo). Dureza.
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