A Guerra dos Tronos

Tivemos muitas movimentações entre os poderosos do mundo nos últimos dias. Os impactos de curto prazo são pequenos perto dos potenciais de longo prazo.

Alexandre Aagesen

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De férias, só eu mesmo, porque as notícias não pararam. Principalmente com o jogo dos tronos entre os poderosos de Westeros. A começar com a grande ilha: Pedra do Dragão (aqui na terra, Taiwan); e sua pouco impressionante matéria prima: o vidro de Dragão (semicondutores). Lai Ching-te, político de fala mansa e mais inclinado ao ocidente, foi eleito e, enquanto setores do seu partido alimentam ambições separatistas, a China (continental) elevou o tom da retórica contra essas ideiazinhas sem graça. Do outro lado do mundo, aqui em Porto Real (EUA), a capital do Trono de Ferro, também tivemos movimentações entre os poderosos. Donald (Trump, não o pato) venceu de longe o pontapé inicial da indicação dos Republicanos. Amplamente antecipado, mas os efeitos secundários não acabam: o (distante) segundo mais bem cotado, Ron DeSantis anunciou que está fora da corrida (outros dois também já pularam fora, mas eram menos expressivos).

Ainda sobre poderoso, tivemos até um agradável get together, um petit comitê, um brainstorming amigável no Casamento Vermelho (Davos). Imagine uma cidadezinha nevada no interior da Suíça. Normalmente nada acontece ali. Alguns relógios, chocolates e queijos, é tudo que você espera. Aí você junta todas as classes dominantes do mundo lá. Aqueles tipos que adoramos criticar, você conhece a lista: políticos, executivos, milionários inescrupulosos, Fake-ESGs Greenwashers. Qual é a primeira coisa que acaba? Os problemas do mundo? A fome no sul-global? A Guerra da Rússia? O Champanhe? Nada disso: Os slots na agenda das representantes do emprego mais antigo do mundo. As de luxo, claro.

Depois, vamos à Winterfell, no norte gelado. Digo, Dinamarca, onde a Rainha Margarete renunciou por escolha própria (decisão inédita em Copenhagen) em favor de seu filho, Frederico. Fred, você não vai precisar enfrentar os dilemas de Ivar Sem-Ossos, Hamlet nem Ragnar Lothbrok. Gen-Z tem vida fácil. Quem não tem vida fácil são os vizinhos do Irã, que busca com ferro o seu trono. Desde Dário III a região não olhava para os persas com tanta aversão, ou tão de perto. Huthis, Hamas, Hezbollah; além de começarem com ‘H’, os três grupos têm outra coisa em comum: o patrocinador. Mais recentemente ele mesmo (o patrocinador) tem feito ataques diretos, na Síria, Iraque e Paquistão. Nas palavras do Chanceler do Irã em Davos (sejam verdadeiras ou não), esses ataques (inclusive dos grupos ‘H’) param no instante que os ataques à Gaza pararem. E por fim, não é um trono, mas esse banquinho de redator do One Page, volta a ser ocupado. “Quando se joga o jogo dos tronos, você vence ou você morre. Não existe meio-termo”

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos