Fechar Ads

Darwin e o setor automotivo – A Evolução dos “empresários”

Mais de 1,3 mil concessionárias encerram as suas atividades em 3 anos. Outras sobreviveram; um punhado delas viraram grupos gigantescos e teve gente que até trocou de lado (virou montadora). Como foi esse vai e vem do setor automotivo?
Por  Raphael Galante
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Depois da tempestade, sempre vem a bonança! Com o fim da desgraça que foram os últimos 3 anos para o setor automotivo, aquilo que a gente já tinha comentando, de fato aconteceu!

Tínhamos feitos uma analogia sobre como o setor automotivo iria evoluir neste período de baixo volume de vendas. Falamos isso lá em 2015 (aqui), mas a teoria continua sendo a mesma.

E passado quase três anos do que escrevemos, o que aconteceu?

Bem… muita coisa! O foco aqui – deste texto – vai ser apenas no setor da Distribuição de veículos, onde temos uma quantidade infinita de exemplos.

O primeiro e mais sentido, foi a SELEÇÃO NATURAL.

Em 2015 tínhamos mais de 7,3 mil concessionários; neste ano, despencou para 6 mil lojas. Ou seja, tivemos o fechamento de mais de 1,3 mil empreendimentos comerciais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar da bordoada que esses empresários (concessionários e fabricantes) tomaram, tivemos neste mesmo nicho uma movimentação muito maior. Aqui estamos falando de “perda liquida” de 1,3 mil estabelecimentos comerciais. No mesmo período, tivemos uma movimentação no volume de compra e vendas de concessionárias fora do comum!

Aqui no Brasil, não temos um número “oficial”, mas nos EUA, sim: Em 2015, tínhamos 16.545 concessionárias, e o número saltou para 16.812 (2017). Mas o número de grupos caiu de 8.022 para 7.751. Quando vemos o volume de comercialização de concessionárias lá nos EUA, no período de 2015 até 2017, onde atingiram a cifra de US$ 2,575 bilhões, podemos fazer nossa média de padaria mais ou menos assim: lá nos EUA, cada concessionária vendida neste período valia US$ 4 milhões, pelo seu fundo de comércio.

E aqui em terras tupiniquins? Vem ocorrendo um movimento interessante de compra e venda de concessionárias, e novas empresas específicas para isso vem surgindo, como a DBK (aqui), por exemplo.

Ou seja, NOVOS NEGÓCIOS (e oportunidades) sempre aparecem em momentos de caos.

O segundo ponto foi a EVOLUÇÃO.

Tivemos a evolução daqueles concessionários pequenos que viraram médio; do médio que ficou grande. Mas, aqui, vamos falar daqueles que ficaram MEGAZORDS!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

São aqueles grupos de concessionários que cresceram de tal forma que são quase “mini” montadoras. Os melhores exemplos/grupos estão (por incrível que pareça) fora do eixo Sul-Sudeste. Na verdade, os dois melhores exemplos não estão lá pra cima. Naquela corrida, cavalo a cavalo, com diferença de um focinho, temos os grupos PARVI e SAGA, que possuem uma quantidade de carros vendidos na casa dos 75 mil veículos no ano passado!

Repetindo: 75 mil veículos vendidos POR CADA UM deste grupos.

Desenhando para melhor entendimento:

PARVI ou SAGA = (PEUGEOT + CITROEN + MITSUBISHI + KIA)

Ou, então, cada um deles seriam como uma NISSAN; ou se somássemos os dois eles seriam iguais a uma RENAULT e maiores que uma HONDA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esses dois grupos (e tantos outros) deram uma guinada no “negócio de concessionária”. Com este volume, não basta apenas “dinheiro”. Tem que rolar gestão (e muita) e visão. E é o que os dois fizeram! Durante a crise se consolidaram mais do que nunca e hoje (2017) eles venderam mais do que a soma de quatro montadoras.

E, o último ponto, que é o “mais melhor de bom”, é a TRANSMUTAÇÃO:

Transmutação é o termo usado para descrever o processo de mudanças de uma espécie para desenvolver outra.

 Foi isso o que aconteceu!

Já falamos sobre o tema. Foi o grupo CAOA, que surgiu como CAOA-FORD; tentou transmutar para CAOA-RENAULT (não deu certo); depois CAOA-SUBARU (continua, mas com a marca Subaru, não ia rolar); quase chegou lá com a CAOA-HYUNDAI (e provavelmente ele será SÓ concessionário Hyundai) e finalmente ele transmutou como CAOA-CHERY.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Talvez ele não venda o mesmo volume de carros que o grupo Saga ou Parvi. Mas ele transmutou! Foi a segunda vez que isso ocorreu. A primeira foi com o grupo FORD-SOUZA RAMOS; que pegou as marcas Mitsubishi e Suzuki no Brasil.

Esse último processo, não é para qualquer um –  nem todos estão aptos para tal. A menção desonrosa vai para o grupo SHC (do Sérgio Habib): ele foi “o cara” que fez a marca Citroen no Brasil.  Mas não simplesmente “fazer a marca”; ele fez o que era impensável para o grupo PSA. No Brasil, a marca vendia mais Citroen do que Peugeot (razão 60/40), sendo que, no resto do mundo, sempre foi 35/65. O grande problema dele, foi quando decidiu transmutar para a JAC: além de ter sido no pior momento possível (no começo da crise), os meninos grandes (outras montadoras) desceram para o play e deram “uns cascudos” nele (ex. INOVAR AUTO). Assim, o ponto a se descobrir é se ele morreu de “morte matada ou morte morrida”. Olha o processo de seleção natural aparecendo aqui, no topo da piramide!

Mas esses processos de transmutação só acontecem de vez em nunca. A primeira foi em 1998 com o grupo Souza Ramos-MITSUBISHI e, agora, duas décadas depois (2018), com a CAOA-CHERY.

É bem capaz de eu me aposentar pela nova sistemática e não ver mais um grupo de concessionário virando montadora…

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

Ou me segue lá no Facebook aqui.

 

=)

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

Compartilhe

Mais de O mundo sobre muitas rodas