Darwin e o setor automotivo – A Evolução dos “empresários”
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Depois da tempestade, sempre vem a bonança! Com o fim da desgraça que foram os últimos 3 anos para o setor automotivo, aquilo que a gente já tinha comentando, de fato aconteceu!
Tínhamos feitos uma analogia sobre como o setor automotivo iria evoluir neste período de baixo volume de vendas. Falamos isso lá em 2015 (aqui), mas a teoria continua sendo a mesma.
E passado quase três anos do que escrevemos, o que aconteceu?
Bem… muita coisa! O foco aqui – deste texto – vai ser apenas no setor da Distribuição de veículos, onde temos uma quantidade infinita de exemplos.
O primeiro e mais sentido, foi a SELEÇÃO NATURAL.
Em 2015 tínhamos mais de 7,3 mil concessionários; neste ano, despencou para 6 mil lojas. Ou seja, tivemos o fechamento de mais de 1,3 mil empreendimentos comerciais.
Apesar da bordoada que esses empresários (concessionários e fabricantes) tomaram, tivemos neste mesmo nicho uma movimentação muito maior. Aqui estamos falando de “perda liquida” de 1,3 mil estabelecimentos comerciais. No mesmo período, tivemos uma movimentação no volume de compra e vendas de concessionárias fora do comum!
Aqui no Brasil, não temos um número “oficial”, mas nos EUA, sim: Em 2015, tínhamos 16.545 concessionárias, e o número saltou para 16.812 (2017). Mas o número de grupos caiu de 8.022 para 7.751. Quando vemos o volume de comercialização de concessionárias lá nos EUA, no período de 2015 até 2017, onde atingiram a cifra de US$ 2,575 bilhões, podemos fazer nossa média de padaria mais ou menos assim: lá nos EUA, cada concessionária vendida neste período valia US$ 4 milhões, pelo seu fundo de comércio.
E aqui em terras tupiniquins? Vem ocorrendo um movimento interessante de compra e venda de concessionárias, e novas empresas específicas para isso vem surgindo, como a DBK (aqui), por exemplo.
Ou seja, NOVOS NEGÓCIOS (e oportunidades) sempre aparecem em momentos de caos.
O segundo ponto foi a EVOLUÇÃO.
Tivemos a evolução daqueles concessionários pequenos que viraram médio; do médio que ficou grande. Mas, aqui, vamos falar daqueles que ficaram MEGAZORDS!
São aqueles grupos de concessionários que cresceram de tal forma que são quase “mini” montadoras. Os melhores exemplos/grupos estão (por incrível que pareça) fora do eixo Sul-Sudeste. Na verdade, os dois melhores exemplos não estão lá pra cima. Naquela corrida, cavalo a cavalo, com diferença de um focinho, temos os grupos PARVI e SAGA, que possuem uma quantidade de carros vendidos na casa dos 75 mil veículos no ano passado!
Repetindo: 75 mil veículos vendidos POR CADA UM deste grupos.
Desenhando para melhor entendimento:
PARVI ou SAGA = (PEUGEOT + CITROEN + MITSUBISHI + KIA)
Ou, então, cada um deles seriam como uma NISSAN; ou se somássemos os dois eles seriam iguais a uma RENAULT e maiores que uma HONDA.
Esses dois grupos (e tantos outros) deram uma guinada no “negócio de concessionária”. Com este volume, não basta apenas “dinheiro”. Tem que rolar gestão (e muita) e visão. E é o que os dois fizeram! Durante a crise se consolidaram mais do que nunca e hoje (2017) eles venderam mais do que a soma de quatro montadoras.
E, o último ponto, que é o “mais melhor de bom”, é a TRANSMUTAÇÃO:
Transmutação é o termo usado para descrever o processo de mudanças de uma espécie para desenvolver outra.
Foi isso o que aconteceu!
Já falamos sobre o tema. Foi o grupo CAOA, que surgiu como CAOA-FORD; tentou transmutar para CAOA-RENAULT (não deu certo); depois CAOA-SUBARU (continua, mas com a marca Subaru, não ia rolar); quase chegou lá com a CAOA-HYUNDAI (e provavelmente ele será SÓ concessionário Hyundai) e finalmente ele transmutou como CAOA-CHERY.
Talvez ele não venda o mesmo volume de carros que o grupo Saga ou Parvi. Mas ele transmutou! Foi a segunda vez que isso ocorreu. A primeira foi com o grupo FORD-SOUZA RAMOS; que pegou as marcas Mitsubishi e Suzuki no Brasil.
Esse último processo, não é para qualquer um – nem todos estão aptos para tal. A menção desonrosa vai para o grupo SHC (do Sérgio Habib): ele foi “o cara” que fez a marca Citroen no Brasil. Mas não simplesmente “fazer a marca”; ele fez o que era impensável para o grupo PSA. No Brasil, a marca vendia mais Citroen do que Peugeot (razão 60/40), sendo que, no resto do mundo, sempre foi 35/65. O grande problema dele, foi quando decidiu transmutar para a JAC: além de ter sido no pior momento possível (no começo da crise), os meninos grandes (outras montadoras) desceram para o play e deram “uns cascudos” nele (ex. INOVAR AUTO). Assim, o ponto a se descobrir é se ele morreu de “morte matada ou morte morrida”. Olha o processo de seleção natural aparecendo aqui, no topo da piramide!
Mas esses processos de transmutação só acontecem de vez em nunca. A primeira foi em 1998 com o grupo Souza Ramos-MITSUBISHI e, agora, duas décadas depois (2018), com a CAOA-CHERY.
É bem capaz de eu me aposentar pela nova sistemática e não ver mais um grupo de concessionário virando montadora…
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