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Darwin e o setor automotivo

A evolução das concessionárias de veículos, aplicado ao conceito de Darwin
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores,  vocês devem ter lido um dos nossos últimos posts falando sobre o fim do ciclo de crescimento do setor automotivo. Não leu?? Então, cliquem aqui, para terem um entendimento melhor deste post. Então… como vocês  devem ter lido, estamos no fim do ciclo, ou na nossa depressão – afinal de contas, mais de 20% de queda em volume de vendas não é “pouca coisa”.

E assim, como aconteceu no final do primeiro ciclo, vivenciamos a mais pura aplicação do conceito darwinismo! O que presenciamos – vamos nos focar aqui nas redes de concessionárias – é a aplicação dos três conceitos básicos de Darwin:

TRANSMUTAÇÃO DE ÉSPECIES; EVOLUÇÃO e SELEÇÃO NATURAL

Vamos voltar ao primeiro ciclo de crescimento (1993 – 2005) para explicar o que ocorreu: naquele momento, muitos concessionários – como hoje em dia – acabaram quebrando ou fechando as operações. O  que tivemos foi o surgimento de MEGA/GRANDES grupos de concessionárias.

Mas quando falamos de grandes grupos de concessionárias, – É PORQUE SÃO GRANDES MESMO! São grupos de concessionárias que vendem (em quantidade de carros) volume próximo a marcas como: Honda, Nissan ou PSA.

Ou seja,  são “pequenas montadoras”… em alguns casos, possuem/representam uma marca.

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Mas ai já é tema para outro post…

Naquele momento, em forte período de crise, aconteceu que boa parte destes grupos acabaram se consolidando no mercado automotivo. Apenas como fato ilustrativo, para vocês leitores, quando eu falo de grandes grupos de concessionárias estou falando de grupos com volume entre 80 a 120 concessionárias.

E aqui entra o primeiro conceito darwinismo:

 

TRANSMUTAÇÃO DE ÉSPECIES

 

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O que verificamos é que esses MEGA grupos, assim como outros grandes grupos MAS NÃO TÃO GRANDE ASSIM, estão mudando. O que está acontecendo é que boa parte destes grupos está evoluindo. Mudando da sua forma original para uma outra melhorada, totalmente diferente. Mas, como assim? O conceito que eles estão utilizando basicamente é: VENDER MENOS E VENDER MELHOR. O movimento que estamos presenciando é que estes grupos estão se desfazendo de “ativos podres” (em geral, marcas de volume) para se especializarem em marcas premium. Qual o pulo do gato deles? Perceberam que o conceito marxista de “quantidade gera qualidade” e, por consequência, ganhos financeiros, é balela… Marcas de volume – em geral – não possuem a qualidade esperada (já falamos sobre isso aqui). E num momento de recessão/depressão do ciclo econômico, tem-se o momento ideal para a transmutação.

Os MEGA e GRANDES grupos vivem este conceito de Darwin, a TRANSMUTAÇÃO DE ESPECIES. Estão ganhando massa e ficando maiores e mais fortes.  O lado “interessante” da coisa é que eles possuem poderio para brigar com as montadoras quase que de uma forma “igualitária”.

Outros grupos de concessionárias os nossos “Médios-Pequenos grupos”, estão em outro estágio da teoria de Darwin: a EVOLUÇÃO.

 

EVOLUÇÃO

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O que grande parte dos médios/pequenos grupos estão fazendo é um processo evolutivo dentro dos seu grupos. Estamos presenciando uma significativa mudança no perfil do seu grau de profissionalismo, como já apontamos em textos anteriores, veja aqui. Estão focados em trabalhar melhor a questão do pós-venda, processos de venda, satisfação do cliente, veículos usados, criação de sinergia entre os demais setores da concessionária.

Na verdade esse grupo está um grau abaixo do grupo anterior. Aproveitam o momento de “caos” para fazer a sua lição de casa e se reorganizar. Existe uma probabilidade, grande, destes grupos alcançarem o degrau acima ou diminuir o hiato entre eles. São grupos com certo poderio financeiro que estão conseguindo se manter.

Por fim, uma grande quantidade de concessionárias  está infelizmente na parte de SELEÇÃO NATURAL.

 

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SELEÇÃO NATURAL

 

Aqui entra o conceito triste da coisa, mesmo! Imagine um adorável cachorro, como um Golden, que teve uma ninhada de sete filhotes e ela só tem seis tetinhas… o mais fraco vai morrer! E aqui uma boa leva de concessionárias está sucumbindo à crise. É triste falar, mas é a seleção natural.

Vou dar um exemplo para vocês da situação:

Pegando dados de um grande grupo de concessionárias – não se encontra no meu TOP10 Brasil (em volume de vendas), mas  sempre merece uma menção honrosa!

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Esse grupo de concessionárias vendeu no ano passado a bagatela de US$ 775,4 milhões, na nossa conta de padoca, teve vendas na ordem R$ 2 bilhões!

Só para reforçar: ELE VENDEU R$ 2 BILHÕES!!

Sabe qual foi o resultado final, o nosso chamado pre-tax?

-0,1%

Ou seja, vendi R$ 2 bilhões para sobrar -0,1%!

No primeiro Trimestre deste ano, eles venderam algo próximo a R$ 400 milhões. Sabe quanto sobrou?

-0,6%.

Não acredita?? Acha que é presepada minha? Entra em contato com a gente que te mando esses dados…

Se um grande grupo, neste caso MEGA ESTRUTURADO, está com esse resultado, imagine os pequenos grupos ou os concessionários únicos. Não irão sobreviver. Lógico que terá aquele que irá conseguir passar por esse momento de turbulência, mas outros (uma boa maioria) não conseguirão.

Infelizmente, o setor automotivo está passando por um processo de “evolução das espécies” o qual Darwin já havia apontado há 150 anos atrás…

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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