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Há fundamento por trás da forte alta das ações de construtoras?

As ações do setor de construção civil vem subindo forte neste início de ano, mas será que há algum fundamento por trás desse movimento? Confira no artigo abaixo.
Por  Roberto Indech
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Há fundamento por trás da forte alta das ações de construtoras neste início de ano?

Neste início de ano surpreende aos investidores em ações a forte alta das ações do setor de construção civil. Para se ter uma ideia, após o fechamento de mercado nesta quarta feira (18), das ações mais líquidas e listando de cima para baixo em termos de rentabilidade, PDG já apresenta alta de 171%, Rossi Residencial de 159%, Helbor 51%, Gafisa 32%, Cyrela e Eztec 18%, enquanto Even sobe “apenas” 13% e MRV 8%.

Obviamente há alguns fundamentos por trás desse momento esplendoroso das ações do setor, mas possivelmente que não justifiquem o que temos visto no mercado.

Para se ter ideia, em 2016, essas mesmas ações sofreram bastante diante do cenário catastrófico que o Brasil conviveu, de alta taxa de desemprego, juros elevados, restrição no crédito, número de distratos elevados, entre outros, apenas para citar os principais. No ano passado, enquanto o Ibovespa subiu 38,9%, o IMOB – índice que mede a variação das ações do setor – subiu 32,7%, com destaque para a alta das ações da Cyrela (41%), Eztec (37%) e MRV (6%). No entanto, PDG recuou 27%, Rossi caiu 16%, Gafisa cedeu 22% e Even 6%.

Mas voltando ao momento atual, a dinâmica própria que o setor vem apresentando chama a atenção, principalmente o movimento da dupla PDG e Rossi. Além dos principais temas que poderiam justificar essa alta como a redução da taxa de juros, expectativa que a Selic chegue em um dígito ao final de 2017 além da negociação entre entidades do setor e o governo para regulamentar a questão dos distratos, ainda não consigo enxergar tamanho otimismo para vermos o que estamos vendo.

PDG ainda convive com a especulação sobre a possibilidade de pedir recuperação judicial enquanto Rossi segue altamente endividada. É bem verdade que o mercado repercutiu de uma forma bastante positiva o anúncio da troca de comando na Rossi, mas será que isso somado aos outros fatores justificaria tal movimento? Não vejo desta forma.

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Recentemente comentei em matéria na imprensa: ““As ações em geral sempre têm um movimento antecipado. Na economia real, as construtoras estão longe de sair do buraco, mas a perspectiva de retomada de crédito deve melhorar a vida do setor”. Mesmo com a perspectiva de melhora do quadro econômico em 2017, as incorporadoras têm alguma chance de recuperar as vendas e retomar novos projetos, mas isso também não irá ocorrer da noite para o dia.

Portanto, quando enxergamos um movimento atípico como este, o melhor que podemos recomendar é cautela, em especial para os casos de PDG e Rossi. Pelo histórico de convivência no mercado, é algo que parece pequeno, mas que ajuda um conselho deste, em especial aqueles que estão engatinhando nas ações.

Quando vemos alta fortes consecutivas de ações em dificuldade, recomendo mais atenção ainda e a sugestão que fica é para contornar o controle de risco e subir os stops. Para as demais ações do setor, na minha visão, ainda podemos esperar movimentos com tendência de alta,  mas com certa parcimônia. Do ponto de vista de fundamentos, neste momento enxergo Cyrela e Eztec como as mais bem posicionadas do setor!

Roberto Indech Analista chefe de investimentos da Corretora Rico/ CNPI - EM1426. Graduado em Relações Internacionais pela FAAP e certificado pelo Programa de Qualificação Profissional (PQO).

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