Fechar Ads

Tesla R Us

Toys r Us era uma empresa grande e famosa, contava com mais de 1.600 lojas e quase 65.000 funcionários no mundo inteiro e o comércio online, segundo a própria Toys r Us, foi o responsável pela quebra da gigante dos brinquedos. Isso nos mostra o que acontece com o risco. Ele começa aos poucos, alguns investidores conseguem sair preservando o capital, até que todos tentam sair ao mesmo tempo, causando um pânico e venda generalizada dos ativos.
Por  Marcelo López
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Toys r Us era uma empresa grande e famosa, contava com mais de 1.600 lojas e quase 65.000 funcionários no mundo inteiro e o comércio online, segundo a própria Toys r Us, foi o responsável pela quebra da gigante dos brinquedos.

Isso não deveria ser novidade para ninguém, já que o varejo online não foi inventado na véspera da falência da empresa. Mesmo assim, os investidores preferiram não olhar para o negócio em si e focar somente no “nome” da empresa, como se isso bastasse para mantê-la em operação. O mesmo aconteceu com a Kodak e outras tantas.

Ainda assim, veio a surpresa: seus bonds (equivalente às debêntures no Brasil), que estavam sendo negociados próximos do valor de par (US$100) até uma semana antes do anúncio de bancarrota, caíram vertiginosamente e, em menos de um mês, perderam cerca de 70% do valor. Hoje estão sendo negociados ainda abaixo disso, a cerca de US$9).

toys

Isso nos mostra o que acontece com o risco. Ele começa aos poucos, alguns investidores conseguem sair preservando o capital, até que todos tentam sair ao mesmo tempo, causando um pânico e venda generalizada dos ativos.

E por que estamos falando disso agora? Porque existe mais um exemplo claro de uma empresa que nunca deu lucro, vive emitindo ações ou dívida para manter-se solvente, não consegue atingir as métricas de produção estabelecidas por ela própria e que recebeu mais um downgrade na sua classificação de risco de crédito há pouco pela Moody´s para Caa+ (praticamente default). Para piorar, vai começar a ter competidores gigantes como Jaguar, Audi, Mercedes e Porsche, justamente quando seus incentivos fiscais vão acabar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sim, estamos falando novamente de Tesla. A empresa, dirigida pelo seu extravagante CEO, Elon Musk, vai precisar levantar mais capital (surpresa!) justamente quando seus bonds estão nas mínimas históricas. Isso devido à sua incapacidade de fabricar quantidades suficientes do Model 3, enquanto a demanda pelos Modelos S e X está em queda.

Somado a isso, temos ainda a investigação pelo NTSB (National Transportation Safety Board), em função de um acidente fatal, um processo gigante que inclui antigos empregados acusando Musk de fraude, vários executivos abandonando a empresa e uma posição de caixa que pode ser eliminada rapidamente, já que grande parte dela advém de depósitos de clientes para a aquisição do Model 3. 

Os avisos não param de chegar. Quem será o último a abandonar o navio?

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

Compartilhe

Mais de Investimentos Internacionais