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Disciplina: A fórmula das empresas feitas para vencer

Existe uma fórmula universal e atemporal que possa ser aplicada por qualquer empresa para melhorar seus resultados?
Por  IFL - Instituto de Formação de Líderes -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Por Eduardo Miki Watanabe* 

O segredo para fazer sua empresa vencer pode ser resumido em três pontos: pessoas disciplinadas, pensamento disciplinado e execução disciplinada

Uma empresa mediana pode ser tornar uma empresa líder? Se sim, como? Existe uma fórmula universal e atemporal que possa ser aplicada por qualquer empresa para melhorar seus resultados? Esse foi o desafio que Jim Collins(ver nota 1 ao final do texto)  tentou desvendar em seu clássico Empresas feitas para vencer (Good To Great, em inglês).

Empresas feitas para vencer, um clássico do mundo dos negócios escrito em 2001, conta a história de um estudo realizado por Jim Collins e sua equipe para encontrar as características que diferenciam as empresas boas (“good”) das empresas ótimas (“great”).

Nesse estudo, Jim Collins comparou empresas da Fortune 500 que, por 15 anos, performaram em linha com o mercado, e que nos 15 anos seguintes obtiveram retornos pelo menos 3 vezes acima do mercado. Jim e sua equipe só encontraram 11 empresas com esse perfil, cujas ações valorizaram 6.9x mais que a média de mercado.

O que não tem relação com as empresas vencedoras

Antes de abordar as características que geram empresas vencedoras, é interessante ressaltar aquelas que, surpreendentemente, não foram encontradas na fórmula, apesar de constarem normalmente entre os fatores de sucesso de diversas empresas. São elas:

  • Foi encontrada uma correlação negativa entre CEOs “famosos”, trazidos a peso de ouro de fora da companhia com levar a empresa de boa para ótima;
  • Não foi encontrada correlação entre compensação financeira a executivos e empresas ótimas;
  • A estratégia em si não foi um fator que diferenciou as empresas boas das empresas ótimas;
  • Empresas ótimas não focaram apenas no que fazer para se tornar ótimas; focaram também no que não fazer ou parar de fazer;
  • Não foi encontrada correlação entre F&A e empresas ótimas;
  • Empresas ótimas foram encontradas tanto em indústrias ótimas como em ruins. Tornar-se uma empresa ótima é uma escolha consciente, e não produto do acaso.

A fórmula das empresas vencedoras

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A fórmula das empresas feitas para vencer criada por Jim Collins, mostrada na figura acima, é composta de 3 engrenagens: pessoas disciplinadas (disciplined people), pensamento disciplinado (disciplined thought) e ação disciplinada (disciplined action). Em torno dela reside o conceito de roda giratória (flywheel), que ensina que é a dedicação diária que torna uma empresa vencedora.

Engrenagem 1: Pessoas Disciplinadas

A primeira engrenagem da fórmula são as pessoas. Mais do que pessoas, a primeira parte da engrenagem necessita ter um líder nível 5 (ver nota 2 ao final do texto). O líder nível 5 é aquele que, paradoxalmente, mescla humildade com ambição; que diminui a necessidade de satisfação de seu próprio ego e foca na conquista de um objetivo mais elevado: o de construir uma excelente empresa. Isso não significa que não tenham ego ou interesses próprios, mas que sua principal ambição é o sucesso da empresa, e não o seu sucesso individual. Ele não espera ser considerado o herói, ou colocado em um pedestal – apenas espera que a empresa que construiu tenha sucesso no longo prazo.

Contudo, o líder nível 5 não consegue criar uma empresa vencedora sozinho. Ele precisa de uma equipe, e começa a transformação para uma empresa vencedora colocando as pessoas certas nos lugares certos, antes mesmo de traçar quaisquer metas ou objetivos. Esse líder compreende três verdades importantes: i) se as pessoas estão na empresa por causa das outras pessoas, e não por causa da meta/objetivo da empresa, é mais fácil mudá-lo de direção; ii) se você escolhe as pessoas certas, é mais fácil motivá-las e gerenciá-las – é só colocar cada uma no lugar certo e iii) não há como construir uma ótima empresa com as pessoas erradas. Dica muito importante: sempre coloque as melhores pessoas nas melhores oportunidades, e não nos piores problemas/situações.

É importante ressaltar que, quando você tem as pessoas certas nos lugares certos, você consegue ter um equilíbrio entre as vidas profissional e pessoal. O desequilíbrio surge quando você não tem as pessoas certas, ou quando as pessoas certas estão nos lugares errados.

Engrenagem 2: Pensamento disciplinado

A segunda engrenagem, o pensamento disciplinado, diz respeito à humildade e autoconfiança: humildade para compreender que o que o fez chegar até aqui pode não ser o que o fará ter sucesso no longo prazo, e autoconfiança para admitir que muitos de seus pensamentos estarão equivocados. Em outras palavras, o pensamento disciplinado diz respeito a confrontar as dificuldades que estão acontecendo em sua empresa, indústria ou mercado e manter uma fé implacável de que, no fim, a empresa irá prevalecer e ter sucesso.

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Esse tipo de discussão não é fácil, já que tira muitas pessoas de sua zona de conforto, porém é essencial para que se tomem as decisões certas, garantindo a revisão constante do caminho para se tornar uma empresa vencedora. E é por isso que ter as pessoas certas nos lugares certos é essencial, porque permite que o líder foque nos fatos e nas decisões a serem tomadas, e não na motivação e/ou gestão das pessoas.

Além de humildade e autoconfiança, as empresas vencedoras têm foco. Elas focam na execução de seu core business e trabalham para ser as melhores do mundo. Para descobrir seu core business, elas empresas aplicam o “princípio do ouriço”, que se encontra na intersecção de três círculos: i) algo em que a empresa possa ser a melhor do mundo, ii) algo que conduz seu motor/motivação econômico, e iii) algo pelo que a empresa seja apaixonada. É um princípio muito difícil de ser construído (geralmente as empresas levaram quatro anos no processo), porém o foco nestas questões mostrará que você está no caminho certo para compreender o que fará sua empresa ser ótima.

Engrenagem 3: Execução disciplinada

A terceira engrenagem, a execução disciplinada, é o fator que permite a liberdade e a autonomia das pessoas. A autonomia permite a criação de um ambiente empreendedor nas empresas, fator fundamental para que a empresa atinja um ótimo desempenho.

A cultura de disciplina tem início com pessoas disciplinadas, motivadas e engajadas com a cultura, a missão e a visão da empresa. Quando existem pessoas disciplinadas, não há necessidade de controles excessivos ou de uma estrutura hierarquizada. Em seguida, vem o pensamento disciplinado. Pessoas com a capacidade de confrontar as dificuldades, mantendo-se firme de que se pode criar o caminho para o sucesso. Pessoas que persigam intensamente o “princípio do ouriço”. E por fim, a disciplina de ação – de executar de acordo com o seu pensamento e suas pessoas.

O efeito da roda giratória

O efeito da roda giratória é o conceito mais importante a ser compreendido. As transformações nas empresas vencedoras sempre aconteceram diariamente, em doses homeopáticas, nunca com uma ruptura repentina. As empresas ótimas construíram seu momento dia-a-dia atuando com pessoas e pensamentos disciplinados até atingirem o ponto de ruptura, tornando-se vencedoras. Em outras palavras, são as escolhas diárias que tornaram empresas medianas em empresas vencedoras.

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Empresas feitas para vencer é um livro clássico sobre o mundo dos negócios. Ele mostra que é a disciplina, um conceito simples de ser compreendido, mas difícil de ser aplicado, que diferencia as empresas vencedoras das medianas. A fórmula foi desvendada, agora é necessário aplicá-la no dia a dia de sua empresa.

NOTAS:

1 Jim Collins é considerado um dos maiores gurus de gestão da atualidade, nasceu em 1958, nos Estados Unidos. Estudante e professor da temática da Liderança, também é consultor de negócios, escritor e faz palestras, em todo mundo, sobre sustentabilidade empresarial. Jim foi professor na Stanford University Graduate School of Business, onde recebeu o prêmio de Distinguished Teaching, uma honraria pelo destaque obtido na abordagem do universo empresarial. Jim já publicou seis livros, traduzidos para 32 línguas, e vendeu mais de 10 milhões de cópias, em todo o mundo

2 O líder nível 5 reúne as habilidades dos outros quatro tipos de líderes: nível 1 (capacidades individuais), nível 2 (trabalho em equipe), nível 3 (gestão de recursos e equipes) e nível 4 (liderança de organizações). O líder nível 5 possui todas essas capacidades, e, além disso, tem humildade.

*Eduardo Miki Watanabe é associado do IFL-SP. Graduado em engenharia mecânica pela Poli-USP e com MBA pela Tuck School of Business, Eduardo iniciou sua carreira em consultoria e atualmente atua como gerente de Inteligência Artificial e Analytics na QMC Telecom

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