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Projeção do PIB pode estar subestimada pelo Focus – confira o erro mensal desde 2001

Há algumas razões para acreditarmos que o PIB pode surpreender positivamente
Por  Alan Ghani -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A expectativa de crescimento do PIB brasileiro em 2020 talvez seja um dos principais assuntos entre empresários, gestores e investidores no Brasil.

Após 2 anos consecutivos de otimismo frustrado (o PIB efetivo foi menor do que o projetado no início de ano), há, agora, uma grande expectativa de crescimento da economia brasileira. De acordo com o relatório focus do Banco Central, a projeção de crescimento do PIB em 2020 é de 2,30%.

A razão para otimismo se justifica por várias razões. A primeira é de origem fiscal. O destravamento da Reforma da Previdência, juntamente com o esforço fiscal que o governo vem fazendo para estabilizar a dívida pública, tem contribuído para a diminuição do risco país, o que pode impulsionar uma retomada dos investimentos num cenário de menor incerteza fiscal.

A segunda razão decorre dos juros estruturalmente baixos no país. O menor custo do capital pode impulsionar os investimentos das empresas e o consumo das famílias. A elevação do investimento e do consumo estimula a produção, gerando renda e emprego.

A terceira razão para o otimismo ocorre pelas medidas de desburocratização dos negócios. O governo vem tomando algumas medidas a fim de facilitar abertura de empresas e reduzir custos com a burocracia. Essas medidas podem estimular o empreendedorismo, vital para o crescimento econômico do país.

Além dessas razões, há uma percepção no mercado de que a dinâmica de crescimento econômico brasileiro está mais atrelada ao setor privado do que ao setor público, como em anos anteriores. Isso significa a possibilidade de um crescimento do PIB mais estável e menos dependente do governo, conforme observado por gestores de fundos macro no último episódio do Stock Pickers.

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Diante desse otimismo, será que não podemos crescer ainda mais ou estamos limitados ao teremos que nos conformar com os módicos 2,3%?
A fim de responder a essa pergunta, realizei uma análise do erro médio das projeções do mês. O erro é medido pela diferença em módulo da projeção de PIB num mês com a variação de PIB realizada no final do ano. Por exemplo, de acordo com a tabela 2, em setembro de 2018, a projeção de crescimento para o ano de 2018 era de 1,51% e a variação efetiva do PIB no final do ano foi de 1,32%, ou seja, um erro de 0,19 p.p.

A fim de responder a essa pergunta, realizei uma análise do erro médio das projeções do mês. O erro é medido pela diferença em módulo da projeção de PIB num mês com a variação de PIB realizada no final do ano. Por exemplo, de acordo com a tabela 2, em setembro de 2018, a projeção de crescimento para o ano de 2018 era de 1,51% e a variação efetiva do PIB no final do ano foi de 1,32%, ou seja, um erro de 0,19 p.p.

De acordo com as tabelas 1 e 2, o menor erro médio para o mês de fevereiro ocorreu em 2016. Naquele ano, a projeção em fevereiro de 2016 era de -3,13% e o PIB efetivo foi de -3,28%. Já o maior erro ocorre em janeiro de 2015 (3,99 p.p). Para aquele ano a projeção em janeiro era de 0,44% (ver tabela 1), e a variação real foi de 3,55%.

A fim de resumir os resultados, a tabela 3 traz a média do erro médio mensal para todos os anos.

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Pela lógica da tabela 3, o PIB em fevereiro para 2020 poderia chegar a 3,72% (projeção de 2,3% + erro médio de 1,42%) ou de 0,88% (projeção de 2,3% – erro médio de 0,88%).

Outro aspecto interessante das projeções é que a porcentagem de erro para cima (superestimadas) ou para baixo (subestimadas) é praticamente a mesma. Em 168 observações, 48% das vezes, o mercado subestimou as projeções e superestimou em 52% dos casos.

Em suma, a análise mostra que o PIB em torno de 2,3% está longe de ser um mantra a ser seguida. Muitas águas podem rolar. Mas analisando os fundamentos, acredito que os 2,3% de projeção estão subestimados. Tomara.

 

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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós graduação

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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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