Corte de gasto e aumento do setor privado é a solução para PIB mais robusto
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O resultado do fraco crescimento econômico brasileiro esteve entre os assuntos mais comentados da semana no noticiário econômico: o PIB do Brasil cresceu apenas 1,1%. Esse resultado foi interpretado de várias maneiras entre economistas, investidores, opositores e apoiadores do governo.
De um lado, os mais pessimistas acreditam que o resultado é bem ruim diante da capacidade produtiva do Brasil. Até o próprio secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, ficou decepcionado com o resultado.
Os mais pessimistas apontam que o baixo crescimento decorre do clima de incerteza quanto à capacidade do governo conseguir aprovar outras reformas juntamente com o Congresso Nacional e da diminuição dos gastos do governo.
Já os mais otimistas acreditam que, apesar do baixo resultado, o crescimento agora é mais sustentável por ser menos dependente do gasto público.
Enganam-se aqueles que acham que essa narrativa foi criada pela Secom com a divulgação do tal do PIB do setor privado, que teria crescido 2,75% contra queda de 2,25% do setor público.
De acordo com o economista Adolfo Sachida, o conceito já aparecia no relatório de inflação de 2018, em apresentações de Henrique Meirelles e em alguns artigos acadêmicos, conforme quadros abaixo:
Sem entrar na discussão sobre a existência do PIB privado, a ideia de um PIB menos dependente de estímulos fiscais já era debatida no mercado.
Antes mesmo da divulgação do PIB, alguns gestores de investimentos diziam que, agora, o crescimento econômico do Brasil seria menor, porém mais saudável, por ser menos dependente do gasto público.
No episódio 37 do “Stock Pickers” (maior podcast sobre bolsa do Brasil), o gestor Bruno Marques salientou que a média de contribuição de gastos do governo para o PIB foi de 2 pontos percentuais e que ela dificilmente voltará a se repetir.
De fato, em 2019, houve decréscimo dos gastos do governo de -0,4% do PIB. Entre os demais componentes da demanda, o consumo aumentou 1,8%, a formação bruta de capital fixo (investimento) subiu 2,2% e as exportações líquidas caíram 16,6%.
É difícil medir se a variação menor do estímulo governamental teve efeito no resultado. Mas é fácil defender que medidas de ajuste fiscal deveriam ter sido tomadas, a despeito do resultado do PIB.
É bom lembrar que a queda monumental do PIB brasileiro decorreu justamente da piora fiscal iniciada nos governos petistas (Lula 2º mandato e Dilma). A relação da piora do resultado fiscal com o PIB fica evidente no gráfico abaixo:
Infelizmente, mesmo com este exemplo recente, políticos ainda não aprenderam a lição, evidenciando que o keynesianismo, a visão estatal e o desenvolvimentismo ainda fazem sucesso por aqui.
Logo que saiu o resultado, o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia disse que “gasto público é importante para o Brasil crescer”.
Na verdade, o fraco desempenho do Brasil parece estar ligado à baixa taxa de investimento da economia brasileira. Chama a atenção um país em desenvolvimento como o Brasil ter uma taxa de investimento/PIB de 15%, menor do que a do Japão (24%), de acordo com dados do FMI.
Em tese, países emergentes deveriam ter uma taxa de investimento maior do que a de países desenvolvidos. A ideia é que há muito mais a ser feito (investir) em um país em desenvolvimento do que em economias avançadas, que já passaram pelo estágio de crescimento mais baseado na indústria e em estoque de capital físico.
Como em economia não há mágica, só há um meio de se aumentar o investimento: reduzindo os gastos do governo e fomentando a poupança nacional.
Mas, para isso, devemos esquecer um pouco o imediatismo de curto prazo e focarmos nos benefícios duradouros que a austeridade fiscal poderá trazer no médio e longo prazo: um crescimento mais sustentável do PIB.
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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós-graduação.
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