Você compraria a sua própria empresa hoje?

Tanto no mar quanto nos negócios, não basta esperar a onda certa: é preciso estar pronto quando ela vem

Rodrigo Fiszman

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(Pexels)
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Para quem ainda não leu meu artigo anterior, deixo aqui uma breve reintrodução. Sou Rodrigo Fiszman, sócio-cofundador e presidente do conselho da BEE4. Ao longo dos últimos anos, tenho me dedicado à construção de um mercado de capitais mais acessível no Brasil, com foco nas Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Mas antes de tudo isso, também sou apaixonado por surf.

Tanto no mar quanto nos negócios, não basta esperar a onda certa: é preciso estar pronto quando ela vem.  A preparação é o que separa quem surfa a onda da vida de quem apenas assiste o filme passar da areia. 

Vejo esse cenário se repetir diariamente: a maioria das Pequenas e Médias Empresas, mesmo com enorme potencial, não está pronta para aproveitar as grandes oportunidades. Seja para captar recursos, atrair sócios estratégicos ou realizar uma fusão, a falta de estrutura impede o próximo passo.

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Segundo o Financing SMEs and Entrepreneurs – OECD Scoreboard, cerca de 42% do total de empréstimos bancários no Brasil são destinados a PMEs. Isso revela que, embora acessem o crédito tradicional, muitas dessas empresas ainda não desenvolveram a maturidade necessária para atrair investidores estratégicos ou participar de processos de M&A. Falta governança, controles internos, contabilidade confiável — e, sobretudo, preparação para crescer de forma estruturada e profissional. Relatórios como o da Deloitte (“As PMEs que Mais Crescem no Brasil”) destacam que as empresas de médio porte crescem mais rapidamente, mas muitas ainda carecem de processos de governança, auditoria e compliance.

E isso nos leva às reflexões que deveriam ser as mais importantes.

As decisões que tomamos todos os dias

Todos os dias em que você não vende a sua empresa, você está, na prática, recomprando-a. 

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Pense nisso por um instante. Se hoje sua empresa fosse uma ação na bolsa, você, como investidor, a compraria? E compraria com a convicção de que ela é o melhor investimento possível para o seu capital?

Investidores avaliam resultados, margens, setores, governança, o time à frente do negócio — e realizam análises rigorosas. Agora inverta a lógica: sua empresa resistiria a essa análise?

Para a maioria dos empresários, donos de PMEs — especialmente negócios familiares — a resposta sincera seria provavelmente “não”. E quando digo isso não se trata de uma crítica, mas uma constatação, porque você não vai ser o primeiro e nem o último a repensar diversos aspectos do seu negócio depois de parar para fazer essa reflexão.

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Um verdadeiro wake-up call para quem deseja estar preparado para aproveitar uma oportunidade de venda quando (e se) ela surgir.

Lembrando que essa preparação não é apenas para quem quer vender 100% do negócio. É para quem quer captar uma dívida mais barata, ter a opção de trazer um fundo de investimento, um sócio estratégico, ou simplesmente ter um negócio mais valioso e resiliente para prosperar por gerações.

O custo de não estar preparado: a oportunidade que passa

A oportunidade não marca horário na agenda. Ela simplesmente aparece.

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É como sonhar em surfar no Havaí. Um dia, Gabriel Medina te convida para uma semana com ele em Pipeline. Mas você nunca subiu em uma prancha, não sabe nadar e sequer tem uma roupa de borracha. A oportunidade passa — e você fica.

No mundo dos negócios, um fundo pode bater à sua porta, um concorrente pode propor uma fusão, um cliente pode querer se tornar sócio. Se a casa não estiver em ordem, você não apenas perde a oportunidade, como também deixa valor na mesa.

É preciso entregar resultados com estrutura. Mostrar maturidade operacional, governança sólida e controles confiáveis, capazes de passar pela diligência de advogados, auditores e investidores profissionais. 

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E, antes que você pense “isso não é para mim, isso é caro, isso é só para empresas grandes”, eu te afirmo com total segurança: o essencial é mais simples e acessível do que parece.

O básico bem feito vale ouro (e atrai Capital)

Estrutura não é burocracia. É a linguagem que o mercado entende. Começa com o básico:

Estrutura é liberdade de escolha

Preparação estratégica não é exclusividade das grandes empresas, é uma vantagem competitiva real para qualquer empreendedor que joga o jogo de longo prazo. 

Fazer o básico bem feito, te dá liberdade para:

Espero que, depois de ler este artigo, você, empresário que sabe o valor do que constrói todos os dias, não adie a preparação da sua companhia, mesmo sem a intenção de vendê-la. As oportunidades estão se desenhando agora, e quem se prepara primeiro. Não corra o risco de ver a onda passar. Quem se prepara tem opções e pode escolher a melhor hora para surfar.

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Rodrigo Fiszman

Sócio-cofundador e chairman da BEE4