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O PIB – Produto Interno Bruto é um indicador agregado, usado para medir a quantidade de riqueza produzida em um intervalo de tempo (ano, mês, trimestre, etc.) por determinada sociedade ou perímetro geográfico (país, estado, cidade, região metropolitana, etc.). Por ser um bom jeito de se aferir o dinamismo, o tamanho e a importância das respectivas economias ou, com algumas limitações, de se medir a renda e o nível de bem-estar dos cidadãos, o PIB anual vem sendo calculado por muitos países desde meados do Século XIX e, por quase todos, desde o fim da 1ª Guerra Mundial.
Atualmente, o PIB mundial (de todos os países) tem sido estimado como sendo da ordem de US$ 70 trilhões, o que inclui salários, rendas e lucros auferidos anualmente pela humanidade e indica uma renda média, também anual, de US$ 10.500,00 para o conjunto de todos os habitantes do planeta. Grosso modo, um terço desse PIB mundial é gerado em seis grandes países que, além do seu porte, apresentam renda per capita elevada (USA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália). Outra terça parte do PIB mundial é produzida nos seis países emergentes de maior magnitude e que apresentam renda per capita de grandeza mediana (China, Índia, Rússia, Brasil, Indonésia e México). O último terço do PIB mundial é gerado no conjunto de todos os demais países (188 nações com dados disponíveis).
Em geral, o PIB de cada país é calculado pelos respectivos governos ou órgãos especializados (no caso do Brasil, essa função cabe ao IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e esses dados costumam ser analisados, tratados estatisticamente ou comparados por organismos supranacionais: ONU, OCDE- Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (que reúne 34 países desenvolvidos), FMI – Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e muitas outras agências internacionais de fomento ou de estudo.
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As metodologias de apuração e cálculo são variáveis de país para país ou entre regiões distintas. Mas, quaisquer que sejam elas (por despesas, por rendimentos, por oferta, etc.), os PIBs anuais de cada país são sempre calculados nas respectivas moedas nacionais e posteriormente convertidos para uma unidade monetária única (geralmente o dólar norte-americano) que permite as agregações regionais e as comparações entre todos eles. No meio desse processo, ainda costuma existir um passo complexo, que resulta da necessidade de se tratar com preços estáveis ao longo do período, circunstância que pode ser afetada por oscilações sazonais ou, freqüentemente, pela existência de ambientes inflacionários em grande número de países. Para neutralizar esse efeito, os métodos de cálculo costumam embutir mecanismos de indexação ou de correção monetária, de forma a expressar todas as quantidades em preços constantes, uniformes e representativos do período considerado.
No entanto, a maior dificuldade enfrentada na comparação do PIB gerado em diferentes países ou regiões, concentra-se na conversão dos números expressos nas diferentes moedas nacionais para um padrão monetário único e comparável (a moeda norte-americana, por exemplo). Os métodos tradicionais de estimativa e cálculo, largamente difundidos até então, faziam as conversões entre as moedas, utilizando-se das taxas oficiais de câmbio praticadas nos diversos países (reais por dólar ou pesos por dólar, por exemplo), mesmo quando aplicados alguns expurgos compensatórios. Esses métodos podem gerar grandes distorções, especialmente nos países que não praticam um câmbio efetivamente livre ou em que as taxas de conversão são arbitrariamente manipuladas pelos respectivos governos, seja através de dispositivos de regulamentação, seja por meio de intervenções diretas no mercado de moedas divisionárias (compra ou venda maciça de moedas com o uso de reservas cambiais). Distorções aparecem, também, nas economias em que alguns insumos são abundantes ou em países que praticam políticas amplas de regulamentação de preços ou de subsídios cruzados.
Recentemente, passaram a ser divulgados, em escala global, os resultados de PIB apurados com base no critério da “Paridade de Poder de Compra (PPC)” que vinha sendo calibrado e aperfeiçoado pelo Programa de Comparação Internacional ativado pelo Banco Mundial desde 2003. Essa metodologia alternativa, conquanto tenha introduzido novas distorções, corrigiu significativamente as antecedentes, que prejudicavam comparações mais acuradas. Pretendo abordar resumidamente alguns conceitos desse novo método e seus resultados mais interessantes, no tópico subseqüente deste blog, justamente para permitir o destaque adicional de algumas peculiaridades que precisam ser consideradas na comparação entre o PIB de diferentes países.