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O calor do processo eleitoral e as estratégias de marketing disciplinadamente observadas por todos os candidatos desta corrida presidencial impedem que nós, os eleitores comuns, façamos um juízo claro das competências e propósitos de cada um deles para lidar com os problemas que estão travando a economia brasileira. Ninguém sabe, com precisão, como o futuro presidente – qualquer que seja ele – vai lidar com esse assunto importantíssimo no “day after”, ou seja, após a vitória nas eleições. E, no entanto, esse terá que ser o foco imediato e prioritário para que o país reencontre o caminho do crescimento e, a um só tempo, possa garantir a elevação das rendas e salários, melhorar o bem-estar geral, manter a empregabilidade, facilitar o combate à inflação e estancar a perda de reservas e o desequilíbrio fiscal.
Já no primeiro dia do mandato, o novo chefe da nação e sua equipe terão que fazer escolhas e acionar providências estratégicas de estímulo a, pelo menos, quatro importantes segmentos econômicos que vêm sofrendo de forma mais significativa os efeitos da crise.Destaco os seguintes: turismo (incluindo a facilitação da atração de nacionais e estrangeiros), construção imobiliária (com destaque para o Programa “Minha Casa, Minha Vida”), a indústria de transformação (com a retomada dos índices de ocupação das instalações fabris e com a diversificação seletiva do parque produtivo nacional) e, finalmente, os equipamentos de infraestrutura (portos, aeroportos, ferrovias, rodovias e demais itens de logística). Isso não é tudo, mas seria o básico e mais premente.
É claro que, para possibilitar a reativação dos segmentos destacados no parágrafo antecedente, terão que ser tomadas decisões que favoreçam, também, a sustentabilidade econômica e a retomada do crescimento geral. Quanto a isso, destaco o combate rigoroso e implacável às causas que contribuíram para o recrudescimento inflacionário e para o déficit fiscal (contas internas e externas), enfatizando o controle de gastos públicos, a defasagem cambial e a redução da carga tributária. Além disso, o novo presidente não poderá descuidar da concepção e implantação de um programa específico para a intensificação dos investimentos no país, utilizando os instrumentos da segurança jurídica, da estabilidade dos contratos e regulamentos, da transparência contábil e da mitigação da excessiva burocracia.
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Deixei propositadamente para o final desse elenco resumidíssimo de providências estratégicas a serem acionadas no “day after” da posse, um conjunto que vem sendo tratado pela mídia como símbolo da excessiva intervenção governamental na economia e de seus efeitos na insegurança prospectiva: os assim chamados “preços administrados”. Com urgência igual e mesma prioridade, terão que ser desarmados os “gatilhos” que estão segurando os preços da energia e dos derivados de petróleo. Isso é importantíssimo não apenas por causa dos prejuízos causados às geradoras e distribuidoras de energia e à própria Petrobras, mas também, para que possa ser recuperada a possibilidade de se fazer um planejamento seguro das condições econômicas futuras em cada negócio. Essa é a agenda mínima que me pareceu importante explicitar neste tópico.