Cidades Médias

Ao longo de todo esse tempo de observação e análise, procurei buscar semelhanças na experiência internacional, especialmente em outros países e regiões em estágio de desenvolvimento superior ao nosso. E firmei a convicção de que, aqui como alhures (nos EUA, por exemplo), as “Cidades Médias” passaram a ser os principais pólos de desenvolvimento econômico, em expansão acelerada e atraindo para si a missão de terem se transformado na principal alavanca para formação do PIB nacional e de sustentação do nosso crescimento, quaisquer que sejam as suas vocações naturais.
Por  Rubens Menin
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A nossa Construtora, MRV Engenharia, vem concentrando parcelas cada vez maiores de suas atividades nas assim chamadas “Cidades de Porte Médio” ou, simplesmente “Cidades Médias”. O acompanhamento local e direto desse processo, iniciado há cerca de duas décadas, acabou por favorecer-me com uma visão privilegiada acerca da natureza, intensidade, continuidade no tempo, abrangência territorial e demais características do movimento natural que alcançou a maioria dos municípios com essa tipificação. Ao longo de todo esse tempo de observação e análise, procurei buscar semelhanças na experiência internacional, especialmente em outros países e regiões em estágio de desenvolvimento superior ao nosso. E firmei a convicção de que, aqui como alhures (nos EUA, por exemplo), as “Cidades Médias” passaram a ser os principais pólos de desenvolvimento econômico, em expansão acelerada e atraindo para si a missão de terem se transformado na principal alavanca para formação do PIB nacional e de sustentação do nosso crescimento, quaisquer que sejam as suas vocações naturais.

De fato, se examinado detidamente, o movimento de transformação que atingiu as “Cidades Médias” de vocação industrial (Sorocaba, São José dos Campos, Piracicaba, Betim, etc.) não se distingue muito do observado naquelas de vocação agrícola (Londrina, Araçatuba, Maringá, Presidente Prudente, etc.), naquelas com vocação de serviços (Ribeirão Preto, Jundiaí, Feira de Santana, etc.) e, nem mesmo, naquelas que concentram atividades turísticas (Natal, João Pessoa, Olinda etc.).Todas elas têm em comum o fato de se terem transformado em importantes pólos regionais de desenvolvimento, com influência direta e crescente sobre territórios que abrigam populações até cinco vezes superiores às das sedes municipais que constituem os respectivos núcleos centrais. E, nesse processo, há uma indução natural à melhoria da renda, do nível de empregabilidade, dos hábitos de consumo e produção e da qualidade de vida em geral, que se propaga dos centros para os respectivos entornos. Esses efeitos são concretos e transparecem nitidamente em indicadores como o consumo de energia elétrica per capita, o movimento dos aeroportos, a melhoria da indústria hoteleira, a construção de “shopping centers”, a sofisticação das instalações de entretenimento e o desenvolvimento do padrão cultural geral.  Em oposição às grandes metrópoles – quase todas enfrentando muitas dificuldades de expansão ou de sustentação de suas enormes populações – as “Cidades Médias” aparecem como a melhor e mais efetiva força capaz de alavancar o crescimento do país.

No entanto, esse movimento natural pode ser, como de fato está sendo, muito retardado e contido pela falta geral de planejamento e pela pequena efetividade das ações governamentais de estímulo e favorecimento. Falta, principalmente, investimento em logística – como indutor preponderante ao crescimento continuado das “Cidades Médias”, de suas atividades vocacionadas e de suas áreas de influência.  Isso inclui, em muitos casos, vias modernas e multimodais para escoamento da produção ou para transporte de pessoas, garantia de pleno abastecimento energético às atividades produtivas atuais e futuras, além da implantação de equipamentos urbanos mais completos e eficazes nos núcleos centrais ou nas áreas especializadas (locais turísticos, portos, etc.). Tudo isso configura um grande desafio, mas que precisamos vencer, com aplicação e velocidade, para que o movimento de que tratei neste tópico não reste prejudicado, bem como não fique perdida a oportunidade de alavancagem econômica propiciada pelas “Cidades Médias”. Elas podem e devem ser tratadas como “a bola da vez”.

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