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Ethereum 2.0: rede dá passo importante para ser a infraestrutura base da Web 3

Desde 2020 que se espera que a atualização da rede Ethereum aconteça e a espera, pode-se dizer, que não foi em vão
Por  Gustavo Cunha -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Na madrugada da última quinta-feira no Brasil aconteceu um dos eventos mais esperados no mundo cripto dos últimos anos: o ansiosamente esperado, amplamente divulgado e demasiadamente atrasado Merge.

Desde 2020 que se espera que essa atualização da rede Ethereum (ETH) aconteça e a espera, pode-se dizer, que não foi em vão.

A despeito da estrutura organizacional da fundação Ethereum ser em um formato de comunidade, com hierarquia muito ténue, muitas pessoas contribuindo de todos os lugares do mundo e sendo os principais participantes muito mais novos que a imensa maioria dos CEOs de empresas conhecidas, a atualização foi um tremendo sucesso, aconteceu sem nenhum incidente grave. A rede não parou e passou incólume para todos os usuários.

E não foi pouco que foi alterado em termos de estrutura da rede para atingir o objetivo final de transformar a forma de consenso do Ethereum de proof of work (PoW) para proof of stake (PoS).

Explicando rapidamente, o PoW baseia-se na resolução de algoritmos complexos para definir quem registrara o bloco e receberá o prêmio por isso, ao passo que o PoS se baseia na comprovação de que você tem determinada quantidade de tokens da rede para definir quem registrara o bloco e não necessita do prêmios altos como incentivo, já que o próprio token da rede é remunerado via o que chamamos de staking.

Para que isso tenha sido possível, foi necessário dividir a rede Ethereum em duas partes, uma de execução (que define o organiza as operações) e outra de consenso (registro dos blocos), fazer um fork da rede para uma testnet e depois desligar a rede atual e iniciar a rede nova carregando todo o histórico.

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E tudo isso foi feito sem afetar as milhões de operações diárias, bilhões de dólares nos protocolos de DeFi da rede e os mais de 10.000 protocolos rodando aplicações. Isso, sem dúvida nenhuma justifica os atrasos na implementação e nos demonstra que o cuidado foi extremo e muito bem compensado por termos uma migração sem nenhum incidente relevante.

O único paralelo que consigo encontrar com tal atualização de sistema é a mudança entre 1999 e 2000. O famoso “bug” do milênio. Esse momento ficou marcado em todos que trabalhavam naquela época, pois havia a dúvida se os computadores seriam capazes de entender que o ano 00 seria 2000 e não 1900.

Tudo correu bem, mas os preparativos foram enormes. Lembro até que eu, trader do CCF na ocasião, tive que me manter a uma distância máxima determinada de São Paulo, para poder ser chamado em caso de alguma emergência.

Bem, o Merge aconteceu, foi um sucesso, mas e agora?

O Ethereum, mudando de PoW para PoS, tira do seu calcanhar todo o discurso de não aderente a práticas ESG, dado que o consumo de energia deve cair imensamente. Isso, sem dúvida deve mirar esses canhões ainda mais para o Bitcoin, que continua com o PoW.

A favor do Bitcoin tem o fato de que com a migração dos mineradores para o ocidente, nomeadamente EUA, o percentual de uso de energias renováveis tem crescido bastante, e já ouvi estimativas que dizem estar acima de 60%.

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Essa discussão acredito que deva se intensificar, muito embora o momento de ESG não está dos melhores, haja visto as discussões acerca do inverno que se aproxima da Alemanha e como eles conseguirão fornecer energia para as pessoas se aquecerem.

Um outro fator importante para o Ethereum é que ele passa a ter uma emissão muito menor de tokens, podendo até, caso o uso da rede seja intenso, ter uma trajetória deflacionária. Isso deveria, no longo prazo, dar um suporte de preço para o ether, token da rede.

Uma das preocupações de todos os sistemas que utilizam o PoS é a centralização do consenso, que determina o registro dos blocos, em poucos agentes. Isso se deve ao fato de que esses agentes poderiam fazer um conluio para manipular a rede a favor deles.

Pela análise da rede até o momento atual isso não parece acontecer, já que o percentual minerado dos primeiros cinco mineradores está similar ao que tínhamos no PoW. Eu diria que isso tem uma previsão de melhoras já que, do pouco que vi sobre isso, os incentivos a entrada de novos validadores são bem interessantes. Isso sem contar fatores mais técnicos, como o fato de o maior minerador atual ser o LIDO, que é uma estrutura que engloba vários validadores independentes.

Do ponto de vista de riscos no horizonte, eu ficaria de olho na atitude do legislador americano, que tem feito um escrutínio muito maior nas redes PoS no sentido de ver se elas se assemelham ou não a valores mobiliários.

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Um fator importante de se notar é que a velocidade da rede nova está um pouco mais rápida que a rede PoW, mas nada significativo, e que ela ainda continua sendo uma rede cara para transações pequenas. Tomou-se a decisão de, nesse momento, somente fazer a transição do PoW para PoS e que outras questões seriam endereçadas a posteriori.

Aliás, o que não faltará são novidades na rede Ethereum, a ver pelo plano dos próximos cinco anos que já engloba ao menos mais quatro atualizações importantes (the Surge, the Verge, the Purge, the Splurge) que levarão a rede processar 100.000 transações por segundo, que é similar à capacidade da rede Visa atualmente.

Apesar de parecer muito, aqui vale dizer que a rede Ethereum está no caminho de ser não somente a rede financeira do mundo, mas a rede de tudo, suportando empresas, cartórios, governos, pessoas etc. ou seja, uma nova internet. Colocando por essa perspectiva esses 100.000 não parecem muito grandes, o que deve abrir espaço para várias redes Layer 2.

Tentando agora sair de olhar as árvores para olhar a floresta, o Ethereum, com essa atualização, se coloca mais perto de ser a principal infraestrutura mundial dessa nova internet que está sendo criada, a Web 3, onde teremos NFTs, metaverso, DeFi, entre outros. Ou, como a Camilla Russo colocou no título do seu brilhante livro sobre os anos iniciais da fundação Ethereum: “the Infinite machine”.

Muito bom poder fazer parte desse momento e dessa transformação. E quando digo fazer parte, é fazer parte mesmo, já que me juntei às mais de 30.000 pessoas que acompanharam juntas, via Youtube da fundação Ethereum os momentos iniciais do Merge, inclusive com a presença do Vitalik Buterin, que como pessoa que pediram para dar uma mensagem nos minutos iniciais pós-merge, demonstrou que realmente é um dos melhores programadores do mundo.

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Será que em alguns anos usaremos a rede Ethereum assim como usamos a internet hoje? Poucos sabem como a internet realmente funciona, poucos participaram da sua formação, mas todos plugam no 4G, 5G ou wi-fi e a usam em todo lugar. Eu acho que sim. E você?

Fico por aqui e aguardo seu feedback.

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Usados para esse artigo:

ETH MERGE –  YouTube com Jeff Prestes

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Ethereum Merge party – YouTube

25 Top ETH miners

Vitalik Website

Miles Deutscher Twitter sobre o que vem a seguir no ETH

Livro: Infinite Machine – Camilla Russo

Gustavo Cunha Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)

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