Sua empresa faliu? Saiba como voltar para o mercado de trabalho

Falta de planejamento faz empreendimentos terem vida curta e obriga profissionais a procurarem nova colocação

Tércio Saccol

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SÃO PAULO – De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 24% das empresas no País fecham ainda no primeiro ano de vida. Com isso, muitos dos empreendedores se veem obrigados a enfrentar novamente o mercado de trabalho – com o agravante de terem se afastado dele por algum tempo.

Entre as principais dúvidas dos profissionais que buscam a recolocação, estão como citar um empreendimento que não deu certo, como mencionar o tempo que o empreendedor esteve fora do mercado e de que maneira comunicar o conhecimento adquirido durante o período em que esteve à frente de uma empresa própria.

O presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Felipe Westin, analisa que o primeiro passo para o profissional se recolocar é saber transmitir o quanto aprendeu, cresceu e evoluiu com sua experiência de empreender.

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Para isso, destaca o especialista, é recomendado que o empreendimento a ser criado seja desenvolvido dentro de esfera de conhecimento técnico do novo empreendedor. “Se o profissional saiu de uma empresa e foi para um empreendimento que está ligado à sua carreira, o retorno não será difícil de ser mensurado, já que, de alguma forma, ele deu continuidade à sua capacitação. Mas, se o negócio é muito diferente da carreira desenvolvida até então, aí fica mais difícil justificar e apontar as condições que o levaram a esta situação para os recrutadores”.

Outra lição para os profissionais que dedicaram tempo e atenção à própria empresa, e se viram obrigados a retornar a busca por empregos, é encarar a experiência de empreender de forma positiva. “A pessoa não deve tratar o eventual insucesso de uma forma negativa ou depreciativa. Precisa apontar o quanto ganhou em aprendizado e como o empreendimento ampliou suas competências”.

Raiz do problema
O fechamento precoce de empresas ainda está associado, em grande parte, à falta de planejamento, ausência de plano de negócios, pesquisa de mercado e ansiedade na hora de aplicar os recursos recebidos em uma rescisão ou demissão por parte dos empreendedores.

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O consultor do Sebrae, Reinaldo Messias, aconselha, antes de qualquer ação, que o possível futuro empreendedor analise suas potencialidades, qualidades e como será sua rotina em um negócio próprio. “Muitas vezes, o funcionário toma como referência sua atividade dentro de uma empresa, e acaba superdimensionando seu conhecimento ou avaliando contextos e situações de forma equivocada, o que mais a frente se reflete em problemas de gestão”.

Outro equívoco comum, aponta Messias, é a cópia de modelos de negócio já existentes. Em vez de estudar oportunidades de mercado, soluções inovadoras ou estudar modelos distintos de negócio, muitos caem em empreendimentos mais “comuns”, como restaurantes, padarias e armazéns, mesmo sem nenhuma afinidade com sua trajetória profissional. “São empreendimentos de ocasião, sem grandes apostas e sem um projeto sólido”, comenta o especialista.

Volta ao mercado
A dificuldade para recolocação de profissionais que ficaram muito tempo fora do mercado cresce à medida que aumenta o tempo dedicado ao empreendimento. Desta forma, embora encarar o sucesso de uma experiência longa em um negócio próprio seja positiva, permanecer por inúmeros anos sem vínculos empregatícios pode passar uma impressão de “ausência” aos recrutadores.

Westin, da ABRH, destaca que o profissional que resolve apostar em um empreendimento próprio não deve perder de vista a necessidade de qualificação e constante atualização, tanto para se desenvolver pessoalmente quanto para uma possível retomada no mercado. “É sempre recomendado que ele se mantenha informado, participe de associações, se envolva com grupos de trabalho e leia, estude, para continuar inteirado de tudo que acontece”.

Messias, do Sebrae, acrescenta que no contexto de retorno ao mercado de trabalho, o ex-empreendendor deve se “reeducar” mentalmente para entrar em outra realidade, assim como também deve ocorrer no caso da entrada de empregados no mundo do empreendedorismo. “Em geral, na retomada ao mercado, é necessário ter em mente que em uma grande empresa existe maior segmentação das atividades e funções, ao contrário da operação de um empreendimento próprio, onde o proprietário gerenciará diversas áreas”.