SÃO PAULO – No próximo ano, os salários no Brasil irão aumentar entre 5% e 6%, para uma inflação esperada de 4%. Isso significa que haverá ganho real entre 1% e 2%, de acordo com a consultoria americana de recursos humanos Mercer, que atua há 25 anos no País.
Já os salários globais devem aumentar cerca de 6% (1,9% acima da inflação). O estudo, que levou em consideração 62 países, demonstra forte correlação entre a inflação prevista de 2008 e os aumentos salariais médios projetados, com variação global em ambos os percentuais.
Regiões
A Índia deve registrar um dos mais altos aumentos salariais, com 14,1%, 10% acima da inflação, o que reflete seu crescimento econômico flutuante. Outro destaque foi a Europa Oriental, cujos aumentos salariais devem ficar entre os maiores do mundo, com uma média de 6,9%. Entretanto, como a inflação tende a permanecer alta na região (média de 4,6%), o ganho real será de 2,3%.
A Bulgária deverá ter os aumentos salariais mais altos da região (9,3%) e índices de inflação previstos a 4,4%, a remuneração acima da inflação. Assim, a remuneração acima da inflação provavelmente irá ficar em 4,9%. Na outra extremidade, está a República Tcheca, país em que o aumento salarial de 4% deverá ser compensado pela inflação de 3,1%.
“Estamos vendo uma atividade crescente entre as empresas européias e globais no que se refere à mudança de unidades intensivas de trabalho, tais como centros compartilhados de serviços, para a região da Europa Oriental”, explicou a sócia mundial da Mercer, Cameron Hannah. “A região está sem tornando popular devido à vocação para vários idiomas, à proximidade da Europa Ocidental e ao rápido aumento de níveis salariais em centros populares off-shore, como a Índia”.
Demais locais
Na Europa Ocidental, a Irlanda deve ter a expansão mais alta nos salários (4,7%), bem como na inflação (2,6%). Para o Reino Unido, a projeção é de alta de 3,1% na remuneração, 1,1% acima da inflação. Os aumentos salariais previstos permanecem razoavelmente consistentes em toda a Europa Ocidental, com crescimentos reais médios de 3,4% (ganhos reais de 1,3%).
Na Ásia-Pacífico, por sua vez, espera-se que os aumentos reais cheguem a 6,6%. Já os ganhos reais devem ficar em 3,3%. O Vietnã, por exemplo, provavelmente terá um crescimento salarial de 11,9%, percentual 5,6% acima da inflação. Por outro lado, Austrália e Nova Zelândia devem ter altas mais modestas nos salários reais, de 2,5% e 2,6%, respectivamente.
Por fim, na América do Norte, as expansões salariais são mais modestas. O crescimento real está estimado em 1,9% nos Estados Unidos e 1,8% no Canadá.
Conclusão
O sócio mundial e líder global da área de remuneração da Mercer atribui às altas de salários em países emergentes, como o Brasil e a Índia, à procura de multinacionais, que preferem se instalar em locais com menores custos trabalhistas. “Algumas empresas têm apresentado economias em custos empregatícios de 75%, por terceirizar trabalho de mercados emergentes.”