Para quem vive do salário, desvalorização do dólar é algo bom, diz Lula

Para o lado "ruim", como as empresas, o presidente, porém, não anunciou nenhum pacote de ajuda

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Para quem vive do salário, a queda do dólar é uma coisa boa. Foi isso o que disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após ser indagado na última quarta-feira (16) por jornalistas sobre os efeitos da desvalorização da moeda norte-americana. De qualquer maneira, o presidente acredita que a situação é “ruim para uns”.

Do lado ruim, de acordo com a Agência Brasil, Lula não deu previsão para qualquer anúncio de pacote de ajuda às empresas prejudicadas pelo câmbio – como é o caso da calçadista. E afirmou que não será tomada qualquer medida artificial como forma de segurar essa tendência.

No bolso

“O câmbio vai continuar sendo flutuante e vai se ajustar”, afirmou, referindo-se à política cambial brasileira, que não permite intervenções do Banco Central para estabilizar a moeda em um patamar. “Nós não podemos resolver o problema do câmbio como alguns querem que a gente resolva: cria o câmbio para agricultura, cria o câmbio-soja, o câmbio-automóvel, o câmbio-parafuso, não dá”, argumentou.

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Na quarta, o dólar encerrou o dia valendo R$ 1,953 – menor nível desde 18 de janeiro de 2001. No mesmo dia, diversas entidades divulgaram os benefícios causados pela constante queda da divisa – pelo menos, no que diz respeito ao bolso do consumidor. Um exemplo foi o aumento de 6% nos gastos com presente comprados pela internet nas semanas que precederam o Dia das Mães.

A compra de pacotes para viagens internacionais e produtos eletroeletrônicos também ficaram mais baratas. Para se ter uma idéia, o preço dos celulares caiu em 73% nos últimos três anos, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Incentivo ou não?

De qualquer maneira, depois do anúncio de que a Tarifa Externa Comum (TEC) pode aumentar de 20% para 35%, o ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, informou que o governo tem a intenção de enviar ao Congresso um projeto de lei que desonere a folha de pagamento de algumas empresas.

Esse benefício atingiria indústrias como a coureiro-calçadista, moveleira e têxtil. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) acredita que, caso aprovada, a modificação será um incentivo para empresas que estão sofrendo com a desvalorização do dólar frente ao real no mercado externo.