Para advogada, classificação da FGV-RJ para classe média não corresponde à realidade

Estudo da FGV-RJ define classe média como a faixa formada por população com renda entre R$ 1.064 e R$ 4.591

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O estudo da FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas) divulgado no dia 5 de agosto, classificando como de classe média as famílias com renda entre R$ 1.064 e R$ 4.591 – o que representa quase 52% da população brasileira -, tem provocado discussões e manifestações sobre a verossimilhança dessa classificação.

A advogada Sylvia Romano, especialista em direito trabalhista, discorda dos resultados da FGV. Segundo ela, a melhora no padrão de vida do brasileiro é um fato, mas elevar a maioria da população à classe média é algo que não corresponde à realidade.

Orçamento não corresponde

Romano argumenta que, ao se considerar os gastos da população nessa faixa de renda, envolvendo custos com moradia, escola, supermercado, água, luz, telefone, transporte, saúde, vestuário, impostos e outras necessidades básicas, percebe-se que não é possível afirmar que um orçamento dentro do intervalo proposto pela FGV possa ser atribuído a cidadãos de classe média.

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Depois de todas essas despesas, somando ainda as prestações de bens necessários, carro popular, lazer e os extras, a posição orçamentária da chamada “classe média” não fica muito confortável. A advogada critica os limites utilizados para definir as faixas de renda, que segundo ela, não revelam a realidade.

“Se os limites são arbitrários e, portanto, não revelam a realidade, por que foram divulgados, estipulados valores para a divisão das classes sociais?”, questiona Sylvia, lembrando que, para uma dona de casa, por exemplo, a soma das despesas citadas em contraste com as faixas de renda apresentadas não representam sua situação, e ela não se auto-classificaria como pertencente à classe média.

Segundo a advogada, a classificação apenas atende aos interesses da administração pública no sentido de obter e publicar dados satisfatórios, que confirmem o desenvolvimento econômico do país, com aumento da renda e da qualidade de vida da população.

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A nova classe média

O estudo da FGV-RJ, coordenado pelo economista Marcelo Cortes Neri e intitulado “A Nova Classe Média”, traz a definição das classes sociais da seguinte forma: classe E (até R$ 768), classe D, chamada de “remediado” (entre R$ 768 e R$ 1064), classe C ou “classe média” (entre R$ 1064 e R$ 4.591) e “elite”, abrigando as classes A e B (renda acima de R$ 4.591).

A base para análise são os dados recentes de pesquisas como a PME-IBGE (Pesquisa Mensal do Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e do Caged-MTE (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho e Emprego).