O campus da discórdia

Como optar entre uma faculdade privada na cidade de residência ou um curso público em outro município? Especialistas respondem

Gladys Ferraz Magalhães

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Os estudantes de Administração de Empresas Evilin Magalhães e Thiago Almeida tiveram de fazer, há alguns anos, uma importante escolha de vida: definir onde fariam o curso de graduação. A decisão costuma gerar apreensão tanto entre alunos quanto nos pais, a quem muitas vezes caberá a responsabilidade de arcar com as despesas dos estudantes.

Uma dúvida muito comum nesse momento é se é mais barato continuar na cidade de origem, estudando em uma universidade privada, ou cursar uma faculdade pública em outro município. Para a planejadora financeira Myrian Lund, pais e filhos não devem considerar apenas a questão financeira; devem olhar também a qualidade do ensino nas instituições desejadas. “Mas quem sai da casa dos pais para outra cidade deve observar o custo de vida no novo endereço. Alguém que vai do interior para uma grande cidade, por exemplo, vai sentir muito mais o impacto”, explica.

Evilin e Thiago tiveram a sorte de serem aprovados nos vestibulares de duas renomadas instituições de ensino e, junto com seus respectivos pais, tiveram de tomar essa decisão. Ele preferiu ficar onde estava, mas ela decidiu se mudar para estudar.

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“Tanto eu como meus pais acreditamos que seria menos oneroso continuar em São Paulo, ainda que tivéssemos de pagar pela faculdade”, diz Thiago. Hoje, o estudante paulistano não tem despesas extras com moradia e paga uma mensalidade de R$ 2.054 pelo curso, além dos gastos de R$ 120 por mês com transporte. O rapaz diz que não sabe quanto gasta com lazer.

Já Evilin escolheu como moradia a cidade de Tupã, a 514 km de São Paulo. Ela não paga pela faculdade, mas tem o orçamento restrito, visto que precisa arcar com despesas de moradia, alimentação e lazer. No total, a jovem gasta entre R$ 700 e R$ 1.000 por mês. “Eu divido uma casa com mais cinco pessoas, o que ajuda muito a diminuir as despesas com moradia. Quanto aos gastos com materiais, a maior parte dos professores os disponibiliza na internet sem custos. Outra coisa que ajuda é o fato de Tupã ser uma cidade barata”, avalia.

Como avaliar?
Myrian Lund afirma que, na hora de tomar essa decisão, pais e filhos devem deixar a emoção e conceitos prévios de lado. Para ela, a decisão deve se basear no custo-benefício, sempre observando o que trará mais resultados no futuro. Entretanto, na escolha entre duas faculdades de ponta, a comparação deve considerar valor da mensalidade, transporte e material para a instituição particular na cidade de origem; e os gastos com moradia, alimentação, transporte, material e lazer, caso a opção seja por uma instituição pública mais distante.

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O diretor de educação financeira do CFA Institute, Robert Stammers, acrescenta outro ingrediente importante a essa conta: os hábitos do futuro universitário. Para ele, é necessário, além da análise das despesas, avaliar se o dinheiro disponível condiz com o estilo de vida do estudante. “Todas essas questões relacionadas às despesas, à renda disponível e à localização terão um impacto direto na qualidade de vida de um estudante. Ter de economizar em cada despesa e viver uma vida restrita não é uma boa base para um excelente desempenho. É preciso entender muito bem a própria situação financeira e os hábitos e ter um plano que leve em conta o custo para viver confortavelmente, enquanto estiver estudando.”

Como economizar
As universidades também estão preocupadas em atrair e manter os alunos. A maior parte delas possui bolsas e outras formas de auxílio que podem dar um alívio às finanças. A Revista InfoMoney procurou sete das principais instituições de ensino do estado de São Paulo, entre públicas e privadas, e mostra abaixo o que cada uma tem a oferecer.

FAAP: 46,08% dos alunos obtêm algum tipo de desconto na mensalidade. Segundo a fundação, os valores a serem abatidos podem chegar a 100%, como é o caso do benefício oferecido aos alunos que se destacam, ou, assim como na PUC, aos primeiros colocados na classificação geral do processo seletivo.

PUC-SP: oferece uma bolsa integral ao primeiro colocado de cada campus de seu vestibular e 50% de desconto para os primeiros colocados em primeira opção de cada curso que tenham estudado ao menos os últimos dois anos do ensino médio em escola pública. Contudo, para a manutenção das bolsas, a instituição exige aprovação mínima em 75% das disciplinas cursadas.

Universidade Presbiteriana Mackenzie: concede bolsas parciais ou integrais para os alunos de graduação da instituição. O bolsista, entretanto, passa por avaliação periódica para renovação do benefício e pode perdê-lo se não tiver bom desempenho.

Unesp (Universidade Estadual Paulista): oferece três tipos de bolsas. A primeira é destinada aos estudantes com comprovada dificuldade financeira. A segunda incentiva a realização de projetos ou atividades de caráter técnico-acadêmico e de interesse da universidade. A terceira é voltada para quem atua em programas, projetos ou atividades de extensão aprovados pelas unidades universitárias. Além disso, quando comprovada a necessidade socioeconômica, são disponibilizados auxílio-aluguel e subsídio à alimentação.

USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas): também oferecem bolsas semelhantes às da Unesp, porém, nos dois casos, os alunos com comprovada necessidade podem contar com o alojamento estudantil. A Unicamp ainda disponibiliza auxílio-transporte e emergência (utilizado em caso de doenças ou outras situações emergenciais).

UFSCar (Universidade Federal de São Carlos): os alunos que precisam mudar de cidade para estudar e enfrentam dificuldades financeiras contam com a bolsa-moradia, que disponibiliza vagas, de acordo com a demanda gerada pela seleção dos candidatos, na moradia estudantil localizada dentro do campus. Contudo, quando o número de apartamentos não é suficiente, a universidade aluga alguns imóveis nas proximidades, no caso de São Carlos, ou no centro da cidade, em Araras e Sorocaba. A instituição também oferece creche aos filhos dos alunos regularmente matriculados, subsidia a alimentação e remunera estudantes que prestam serviços em projetos da instituição.

Essa matéria foi publicada na edição 40 da revista InfoMoney, referente ao bimestre setembro/outubro de 2012. Para tornar-se um assinante da revista, clique aqui.