Novo mínimo pode reduzir a inadimplência, mas aumentar o nível de endividamento

Reajuste pode ajudar a colocar as contas em dia, porém, é importante ter cautela para não contrair novas dívidas

Fabiana Pimentel

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SÃO PAULO – O aumento de R$ 77 no salário mínimo, que representa um ganho real de 9,2%, deve ajudar os consumidores a colocarem em dia suas contas, dando a possibilidade de zerar empréstimos e recuperar o crédito.

De acordo com a Agência Brasil, se o comportamento de colocar ordem nas finanças for generalizado, o reajuste deve contribuir para a diminuição geral da inadimplência, que em 2011 alcançou 7,3% dos empréstimos. Segundo especialistas, a mudança comportamental dos consumidores pode resultar na diminuição dos juros.

Para o economista da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, um terço do spread bancário é determinado pela inadimplência. Ele avalia que, com o pagamento das dívidas, haverá uma diminuição da pressão sobre os juros e, em abril, um ambiente de taxas menores para o consumidor. “A visão do mercado é que a inadimplência já está chegando no topo”, afirma.

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Endividamento
O economista ainda explica que não descarta a possibilidade do alto endividamento se perpetuar junto aos consumidores de baixa renda. A preocupação é que, “embora a inadimplência aconteça em todas as classes de renda, a classe mais baixa, que tomou mais crédito, é a que acaba tendo mais dificuldades para honrar suas dívidas”, completa, acrescentando que, se o padrão for mantido, o mercado financeiro tende a cobrar juros mais altos em função de riscos maiores.

Pra onde vai o dinheiro?
O especialista em educação financeira, Álvaro Modernell, aconselha que o aumento do mínimo deve ser usado para quitar dívidas e fazer poupança. Segundo ele, falta orientação do governo nesse sentido e as pessoas deveriam ser estimuladas a poupar de seis a dez meses por ano e, assim, “criar vacinas ao endividamento”.

Modernell afirma que a oferta de crédito dá poder de barganha, mas o dinheiro poupado favorece o consumidor na negociação. “Além das condições de pagamento, ele negocia preço”, acrescenta.

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Já o presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), Roque Pellizaro Jr, acredita que quase todo o reajuste será direcionado ao consumo. Segundo ele, os consumidores de baixa renda “vão pagar uma continha que ficou para trás”, mas irão gastar o aumento no comércio – especialmente com alimentos, roupas, calçados e com bens duráveis (eletrodomésticos como geladeiras e móveis).

Para Pellizzaro, no próximo mês, o aumento do mínimo deve fazer com que o consumo no varejo cresça entre 4% e 4,5%, incluindo os gastos com papelarias por causa do retorno às aulas.

Periferia consumista
De acordo com dado divulgado pela Serasa Experian, jovens adultos das periferias e moradores da zona rural foram os segmentos da população cujas consultas ao sistema financeiro para tomada de empréstimo em 2011 mais cresceram, incremento de 3,3% e 3,1%, respectivamente. De cada 100 consultas sobre cadastro financeiro, cerca de 18 foram para jovens da periferia e cerca de 15 para pessoas da zona rural.