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SÃO PAULO – Mais brasileiros conseguiram repor seu poder de compra neste ano do que no ano passado por meio de negociações salariais, mostrou pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgada nesta sexta-feira (26).
De acordo com os dados, a análise de reajustes salariais de 2009 revela uma ligeira melhora diante do ano anterior. Se, em 2008, 89% das negociações consideradas asseguraram pelo menos a recomposição do poder de compra, corroído pela inflação, este ano, o percentual subiu para 96% das negociações. O percentual de negociações com reajustes inferiores à inflação passou de 11% em 2008 para 4% este ano.
Os dados foram coletados no decorrer dos cinco primeiros meses do ano, quando foram analisadas negociações salariais de 100 categorias de todo o Brasil. Como base para a inflação, o estudo considera o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Vale ressaltar que a pesquisa só analisa salários, excluindo itens alternativos de remuneração (bônus, participação em lucros e resultados etc).
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Análise setorial
Ao analisar os reajustes segundo os setores da economia, os resultados são heterogêneos. Nas unidades da indústria – certamente o setor mais afetado pela crise, segundo diz a pesquisa -, o percentual de reajustes acima da inflação sofreu ligeira redução: de 86% para 83%. Por outro lado, os reajustes salariais abaixo da inflação se mantiveram em 5,6%.
No comércio, a situação é um pouco diferente: houve redução nos reajustes acima da inflação e nenhuma ocorrência de reajuste que não recuperou o poder de compra dos trabalhadores. Já o setor de serviços foi, segundo o estudo, “sem dúvida, o que apresenta melhor desempenho na comparação entre 2008 e 2009”.
Confira, na tabela abaixo, as negociações acima e abaixo da inflação, bem como as que ficaram no mesmo patamar, em cada setor:
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Setor | Acima do INPC | Igual ao INPC | Abaixo do INPC |
Indústria | 83,3% | 11,1% | 5,6% |
Comércio | 66,7% | 33,3% | não houve |
Serviços | 77,6% | 18,4% | 4,1% |
Fonte: Dieese
De acordo com o Dieese, a instabilidade econômica causada pela crise internacional até o momento não se refletiu de forma negativa nas negociações coletivas dos reajustes salariais.
Desde 2003, constata o departamento, sempre que a inflação regrediu, os ganhos conquistados pelos trabalhadores foram maiores. Em 2009, a trajetória de queda da inflação, observada nos primeiros cinco meses do ano, certamente contribuiu para que os reajustes fossem maiores que a inflação acumulada durante a data-base das categorias.
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Diante disso, o Dieese concluiu que a resposta das empresas diante da crise foi por meio de demissões e não de reajustes salariais.