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SÃO PAULO – Mais brasileiros conseguiram repor seu poder de compra no primeiro semestre deste ano, na comparação com o ano passado, por meio de negociações salariais. O resultado foi revelado em pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgada nesta quinta-feira (13).
De acordo com os dados, a análise de reajustes salariais de 2009 revela uma ligeira melhora diante do ano anterior. Se, em 2008, 87% das negociações consideradas asseguraram pelo menos a recomposição do poder de compra, este ano, o percentual subiu para 93% das negociações. O percentual de negociações com reajustes inferiores à inflação caiu de 13,1% em 2008 para cerca de 7% este ano.
Os dados foram coletados no decorrer dos seis primeiros meses do ano, quando foram analisadas negociações salariais de 245 categorias de todo o Brasil. Como base para a inflação, o estudo considera o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Vale ressaltar que a pesquisa só analisa salários, excluindo itens alternativos de remuneração (bônus, participação em lucros e resultados etc).
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Análise setorial
Ao analisar os reajustes segundo os setores da economia, os resultados são heterogêneos. Nas unidades da indústria – certamente o setor mais afetado pela crise, segundo diz a pesquisa -, o percentual de reajustes acima da inflação sofreu ligeira redução: de 93,9% para 90,9%. Por outro lado, os reajustes salariais abaixo da inflação aumentaram, passando de 6,2% no ano passado para 9,2% neste ano.
No comércio houve redução nos reajustes acima da inflação e naqueles que ficaram abaixo dela. No entanto, subiu o índice de renegociações que ficaram nos mesmos patamares da inflação verificada no período. Já o setor de serviços, segundo o estudo, “é o que apresenta a maior mudança no quadro dos reajustes na comparação entre 2008 e 2009. O maior na comparação entre os setores”.
Confira, na tabela abaixo, as negociações acima e abaixo da inflação, bem como as que ficaram no mesmo patamar, em cada setor. Cabe ressaltar que a soma dos percentuais pode ultrapassar 100% por questões de arredondamento, segundo o próprio Dieese:
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Setor | Acima do INPC | Igual ao INPC | Abaixo do INPC |
Indústria | 82,7% | 8,2% | 9,2% |
Comércio | 77,5% | 19,4% | 3,2% |
Serviços | 71,6% | 21,6% | 6,9% |
Fonte: Dieese
De acordo com o Dieese, os resultados mostram que a crise econômica mundial teve pouco efeito sobre os reajustes acima da inflação. Segundo o Departamento, houve maior ocorrência de reajustes de 4% acima da inflação, frente ao mesmo semestre do ano passado.
O departamento constata que sempre que a inflação regrediu, os ganhos conquistados pelos trabalhadores foram maiores. Em 2009, a trajetória de queda da inflação, observada nos primeiros seis meses do ano, certamente contribuiu para que os reajustes fossem maiores que a inflação acumulada durante a data-base das categorias.
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Diante disso, o Dieese concluiu que a resposta das empresas diante da crise foi por meio de demissões e não de reajustes salariais. Além disso, a política de valorização do salário mínimo impulsionou o reajuste dos menores salários, em especial no setor de serviços.