Indústria é responsável por 48% dos acidentes de trabalho em 2009

No Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, Previdência Social registra cerca de 347,2 mil acidentes na indústria

Eliane Quinalia

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SÃO PAULO – Dados divulgados pelo Ministério da Previdência indicam que 723,5 mil pessoas sofreram algum tipo de acidente de trabalho em 2009. Deste total, cerca de 48% dos acidentes, equivalentes a 347,2 mil, ocorreram na indústria – a construção civil tem liderado o ranking das atividades, junto com o transporte.

Os números chamam ainda mais a atenção nesta quarta-feira (27), data em que se lembra o Dia Nacional de Prevenção ao Acidente de Trabalho. Afinal, estima-se que ao menos 43% do total de acidentados tenham se afastado do trabalho por mais de 15 dias.

Para o vice-presidente do Sintracom-BA (Sindicato dos Trabalhadores da Construção e da Madeira na Bahia), Florisvaldo Bispo dos Santos, os acidentes em canteiros de obras poderiam ser evitados com treinamentos mais adequados para operários inexperientes. “Alguns empresários trazem o trabalhador do interior com pouca instrução para uma grande obra e esquecem de qualificá-lo. A falta de conhecimento também pode matar”, diz.

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Medidas de prevenção
Atualmente os empresários estão cada vez mais pressionados a adotar medidas de prevenção, principalmente depois que o governo decidiu cobrar mais pelo seguro acidente de trabalho das empresas que registrarem um grande número de ocorrências. “A diretriz de premiar aqueles que não têm acidentes é perfeita e as empresas se sentem pressionadas”, informa o presidente da Cbic (Comissão de Políticas de Relações Trabalhistas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Antônio Carlos Gomes.

Para ele, as empresas são obrigadas a ofertar treinamento aos funcionários assim que eles são contratados. Contudo, o presidente reconhece que nem todos cumprem as normas.

Segundo informações da Agência Brasil, no primeiro semestre deste ano, o Ministério do Trabalho aplicou cerca de 34.658 autuações a empresas que descumpriram as normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho.

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Análise Ambiental
De acordo com o gestor médico da Torres Associados, Luiz Massad, para eliminar o risco do trabalhador, é necessário viabilizar um conjunto de ações como a Investigação e Análise Ambiental. “A tomada de decisão deve ser fundamentada em três conceitos básicos: a empresa deve identificar, caracterizar e saber apontar quais dos agentes de risco à saúde estão presentes no ambiente de trabalho”, afirma o gestor.

Somente após esse levantamento, caberá ao empregador graduar e verificar, de acordo com técnicas específicas, a magnitude do risco em análise. “Um estudo ergonômico deve ser feito para determinar as medidas técnicas, administrativas, preventivas e corretivas necessárias para eliminar ou atenuar tais problemas no ambiente profissional”, explica Massad.

Para se ter uma ideia, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), apenas 3% das empresas brasileiras adotaram medidas de prevenção, segurança e saúde do trabalhador em 2002. “O Brasil é o 4º colocado no ranking mundial em acidentes do trabalho e o 1º da América Latina, conforme os estudos da OIT (Organização Internacional do Trabalho) de 2005”, afirma Massad.

Informações divergentes
No início deste ano, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) lançou o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho e discordou das estatísticas divulgadas pela Previdência Social.

Na época, o presidente do TST, João Oreste Dalazen, afirmou que os dados do governo estavam desatualizados e não revelavam a realidade, já que os acidentes de trabalho tinham aumentado desde 2001.