Goldman Sachs vê bom ponto de entrada para imobiliárias após recentes baixas

Para o banco, inflação e juro alto devem impactar no curto prazo, mas fundamentos prevalecem; PDG e Even são favoritas

Natália Wagner Rodrigues

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SÃO PAULO – Apesar de bastante positivo, o cenário econômico brasileiro traz dois pontos principais de atenção: a alta dos preços e a consequente pressão inflacionária e o ciclo de aumento da taxa básica de juros no Brasil. Mesmo diante desse cenário, o Goldman Sachs permanece otimista em relação ao setor imobiliário do País.

Segundo os analistas do banco de investimentos, é certo que esses dois movimentos levem à certa volatilidade nas ações das empresas do setor no curto prazo. Porém, o que prevalecerá são os bons fundamentos dessas companhias e valuations atrativos. Sendo assim, para Leonardo Zambolin e Bianca C.M. Cassarino, essa recente fraqueza dos papéis das imobiliárias pode ser lido pelo investidor como um bom ponto de entrada.

Dificuldades à vista …
Certamente que inflação e juros altos não combinam com rentabilidade nesse setor. Para os analistas, as altas taxas de juros devem se refletir em uma redução da atratividade de investimentos imobiliários. Enquanto isso, a alta da inflação diminui o poder de compra, pressionando assim a lucratividade das imobiliárias.

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Além disso, há a questão dos impactos das medidas macroprudenciais adotadas pelo Governo sobre os empréstimos e sobre o crédito, que não foram totalmente incorporados. Logo, essas dificuldades, no curto prazo, devem pressionar as empresas do setor.

… mas longo prazo permanece otimista
A demanda por outro lado, deve ajudar a impulsionar o desempenho das imobiliárias. Segundo o Goldman Sachs, as construtoras só podem atender cerca de um terço dessa demanda, que é de cerca de 1,5 milhão por ano.

Apesar das dificuldades, os analistas acreditam em bom desempenho futuro. Os bancos estão focados em financiamentos para compra de casa própria, as famosas hipotecas, ao invés de empréstimos a consumidores, procurando assegurar clientes de longo prazo. Uma vez que o governo está disposto a conter o crescimento do crédito ao consumidor no País, programas como o “Minha Casa minha Vida” devem encorajar uma mudança para as hipotecas, na visão dos analistas. Assim, as medidas macroprudenciais não devem ter efeitos danosos, com queda dos empréstimos das empresas de real estate.

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Alguns bancos estão financiando construtoras mesmo antes do término das construções, ou logo após o pedido de entrega, ao invés de esperar 90 dias após a conclusão do projeto, corroborando a hipótese do Goldman Sachs. As taxas cobradas pelos financiamentos de hipotecas também estão em declínio e as grandes empresas do setor dispõem de maior facilidade ao acesso desse tipo de empréstimo.  A Caixa Econômica Federal deve desempenhar um papel fundamental nesse tipo de financiamento em 2011, principalmente para os segmentos de média renda.

Apesar da incapacidade de atender a demanda crescente por casas, os analistas apostam em uma melhora da produtividade das empresas, com destaque para PDG (PDGR3) e Even (EVEN3). Se as construtoras conseguirem um aumento nesse quesito, esse problema pode ser amenizado, além de conter os impactos adversos da inflação em alta.

Even e PDG: bem posicionadas
Os analistas também reiteraram recomendação de compra para PDG e Even, as preferidas no setor. Segundo Zambolin e Cassarino, os ganhos de escala e sinergia, com a fusão entre PDG e Agre, podem levar a maiores margens para a empresa, com uma operação muito bem diversificada e com sólida capacidade de execução.

Além disso, a Even também aparece bem listada, com o fortalecimento dos segmentos de média e média-alta renda no País. Os projetos da empresa apresentam excelente qualidade e a capacidade de venda é muito grande, superando as expectativas, o que ameniza a concentração da construtora em São Paulo, onde o competição é grande e o mercado mais seletivo.

As empresas com recomendação neutra, Gafisa (GFSA3), Brookfield (BISA3), Rossi (RSID3), Cyrela (CYRE3) e MRV (MRVE3) também aparcem com boas perspectivas de valorização no longo prazo. Já para a Rodobens (RDNI3), com menor lucratividade, fraco crescimento e mais alavancada do que seus pares, o Goldman mantém recomendação de venda.