Conteúdo editorial apoiado por

Festa interrompida? Crise afeta renda das classes médias do Brasil e EUA

Massa salarial da classe C deve crescer 5,5% este ano e 4,9% em 2009; nos EUA, 76% correm risco de perder renda

Flávia Furlan Nunes

Publicidade

SÃO PAULO – A classe média brasileira aumentou nos últimos anos, principalmente por causa de um maior acesso ao crédito. Mas, com a crise financeira internacional, os empréstimos se tornaram mais escassos, o que afetou o setor produtivo – e deve influenciar a criação de empregos -, e os consumidores. Com isso, o avanço da massa salarial desta parcela da população deve desacelerar.

“Ela vai levar um susto, principalmente pela ocupação”, afirmou o economista da LCA Consultores, Fábio Romão. Dados mostram que o estoque de empregos cresceu 3,1% em 2007 e avançará 3,4% este ano. Porém, para 2009, a previsão é de um crescimento menor, de 2,2%. “Haverá desaceleração. O crédito foi afetado positivamente nos últimos anos pela expansão do mercado formal de trabalho, que não vai entrar no vermelho, mas vai crescer num ritmo mais modesto”, completou.

Com isso, a massa salarial da classe média deve crescer 5,5% este ano, ante uma média de 5,4% no País. Já para 2009, a expectativa é de um avanço de 4,9%, ainda acima da média nacional (4,7%).

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Migração entre classes

Questionado sobre se as restrições de crédito e um menor avanço do mercado de trabalho podem reduzir o número de pessoas na classe C, Romão afirmou que sim. Porém, dos que ultrapassaram a linha para entrar na classe média, apenas um número menor irá voltar aos patamares de renda da classe DE.

“Quem está no limite tem essa possibilidade, até porque a classe C tem também pessoas da D que ampliaram o acesso ao crédito”, disse Romão. Além disso, o movimento de pessoas que estavam subindo da classe D para a C vai perder força, bem como a subida da classe C para a B ficará mais dificultada.

Para se ter uma idéia do poder dessa classe social, pesquisa feita pela Nielsen mostrou que o gasto médio nas compras realizadas pela classe C em 2007 foi de R$ 36,40, cifra 9% superior a 2006. Esta classe cresceu no ano passado: correspondia a 37% da população em 2006 e passou a 44% em 2007. Nos últimos dois anos, foram mais de 22,5 milhões de pessoas que ingressaram neste estrato social, o maior registrado atualmente e com representatividade de 46% no total dos gastos dos brasileiros.

Continua depois da publicidade

Outras classes no Brasil

De acordo com o consultor, no caso das classes AB, a projeção é de crescimento da massa salarial de 5% este ano e de 3,7% em 2009. “Um dos fatores que justificam aumento de renda é a proporção de pessoas que tem rendimento indexado pelo salário mínimo, o que não há muito na classe AB”, explicou Romão.

Nas classes DE, o crescimento da massa salarial este ano deve ser de 5,5%, e de 3,3% em 2009. A massa salarial analisada pela consultoria leva em consideração a renda do trabalho e da Previdência Social, que tem grande relação com a evolução do salário mínimo.

Realidade norte-americana

Se, no Brasil, a classe média tem seus ganhos prejudicados pela crise financeira internacional, nos EUA não poderia ser diferente, uma vez que o país foi palco do estouro desta crise. De acordo com estudo realizado pelo instituto de pesquisa Demos e pelo Institute for Assets and Social Policy (IASP) da Brandeis University, 76% das pessoas desta faixa social têm dificuldades financeiras.

Publicidade

Enquanto a situação continua a “cambalear”, o estudo revela que 4 milhões de norte-americanos perderam a confiança na economia entre os anos de 2000 e 2006, e uma maioria da classe média corre o risco de cair desta posição social.

“O aumento que nós estamos testemunhando nos custos de habitação e o número de famílias que têm carência de seguros de saúde, ambos aliados com à alta volatilidade das poupanças familiares, mostram que uma larga porcentagem de americanos da classe média não está bem equipado para se proteger dessa tempestade econômica”, afirmou a co-autora da pesquisa, Jennifer Wheary.