Ex-funcionários da Tesla relatam as piores partes de se trabalhar na companhia

Nove ex-funcionários da Tesla descreveram quais foram os momentos mais difíceis e as partes mais desgastantes de suas funções

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – Recentemente, o governo brasileiro demonstrou interesse em tazer uma fábrica da Tesla para o Brasil. Tal plano foi endossado pelo presidente Jair Bolsonaro nessa sexta-feira (21). Segundo informações, Santa Catarina seria o estado escolhido para construção da fábrica da Tesla. Mas, assim como diversas outras companhias envolvidas em negócios com muita competitividade, a Tesla acaba exigindo demais dos seus funcionário.

Desde longas jornadas até o estresse e a inconstância de trabalhar sob o comando de Elon Musk, o trabalho na maior montadora elétrica pode ser bem exaustivo e desgastante.

Nove funcionários da Tesla que trabalharam na companhia entre 2008 e 2019 descreveram quais foram os momentos mais difíceis e as partes mais desgastantes de suas funções ao Business Insider, site americano focado em negócios.

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Os trabalhadores relataram ao veículo sob anonimato, com medo de sofrer represálias da companhia. Procurada pelo Business Insider, a Tesla não respondeu ao pedido de comentário sobre as mensagens.

Confira abaixo as principais dificuldades que os ex-funcionários tiveram contato durante o período trabalhado na Tesla.

O ambiente tóxico que Elon Musk cria na empresa

“A pior parte é o ambiente horrível e tóxico que Elon cria, com metas irrealistas sem um plano realista para alcançá-las “, disse um ex-gerente que trabalhou diretamente com Musk durante seus anos de Tesla.

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“É um cultura em que, se você não tem a solução para um problema e esse problema não for resolvido em alguns dias ou uma semana, você já era. Então era melhor manter a boca fechada e fazer seu trabalho”, relata o ex-gerente.

Lidar com os agressivos planos de crescimento

“O pior são as dores de trabalhar em uma empresa tão nova com tantos planos irrealistas”, disse um ex-vendedor que deixou a empresa em 2018. “Realmente às vezes parece uma startup.”

“Há um milhão de coisas que podem dar errado, desde a fabricação até a entrega ao cliente. Isso significa que precisamos de um milhão de pessoas competentes, inteligentes e capazes, certificando-se de que tudo seja feito com perfeição em todas as etapas. E é difícil fazer isso acontecer em uma empresa tão jovem, mas há muitas pessoas realmente motivadas que definitivamente fazem um esforço extra para cumprir as metas”, conclui o ex-funcionário.

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O sentimento de que a Tesla não liga para você

“A pior parte era ter um constante sentimento de que a companhia não está nem ai para você, que o funcionário simplesmente não é importante”, relata um ex-funcionário da parte de vendas da companhia que deixou a Tesla em 2019.

O homem ainda conta que a Tesla realizou alguns cortes nas comissões dos vendedores durante os anos, o que desmotivava diretamente os funcionários.

As longas jornadas de trabalho

Um ex-supervisor de montagem que deixou a companhia também em 2019 argumentou que ele quase se divorciou porque ele passava muito tempo no trabalho e deixou sua vida pessoal de totalmente de lado. Ele afirma que jornadas de trabalho de 70 horas semanais eram uma coisa usual – o que dá cerca de 14 horas diárias.

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“Eu agradeço por ter sido demitido, porque eu trabalhava demais e agora me sinto feliz novamente com meu casamento”, explica.

Outro ex-funcionário que trabalhou por 10 anos na cadeia de montagem dos carros também expressou sentimentos parecidos.

“Eu tinha, na época, dois filhos pequenos e simplesmente estava perdendo o crescimento e o desenvolvimento deles”, conta o ex-funcionário.

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O tratamento aos consumidores

“Eu realmente não gostava da forma como os clientes eram tratados”, explicou um ex-funcionário da área de vendas que deixou a companhia em 2017.

“Houve várias vezes em que os clientes tiveram experiências ruins com os produtos, e eu, buscando amenizar a situação e manter o cliente, tentava obter algum tipo de serviço gratuito por um ou dois anos”, acrescentou. “Mas, toda vez que eu fazia isso, os superiores simplesmente brigavam comigo e me repreendiam. Eu pensava: ‘Bem, esses caras são os vilões e eu que pareço uma má pessoa perante os clientes'”, afirma o ex-funcionário.

A falta estabilidade no trabalho

Outro ex-funcionário que trabalha na cadeia de produção de montagem dos veículos e deixou a companhia em 2018 afirmava que, constantemente, sentia uma pressão intensa dos superiores e que poderia perder seu emprego a qualquer segundo.

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As variações da ação da companhia

Um ex-funcionário que deixou a empresa em 2019 disse que não gostava de como o preço das ações da Tesla poderia flutuar muito devido aos tuítes “irresponsáveis” de Musk e decisões da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado acionário americano que corresponde a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil.

A SEC processou Musk em 2018 por tuítes sobre o fato de o presidente da Tesla ter usado sua conta pessoal no Twitter para dizer que cogitava tirar a empresa da Bolsa caso o preço da ação batesse US$ 420 – fato que o órgão regulador entendeu como fraude. À época do ocorrido, as ações da montadora chegaram a subir 13% em um dia.

O futuro incerto da Tesla

Um antigo funcionário responsável pela entrega de produtos nas lojas da Tesla, que deixou a companhia em 2019, afirmou que a parte mais complicada de se trabalhar na montadora é a incerteza do futuro da empresa em si, o que acarreta na insegurança sobre seu próprio trabalho.

“Era muito estressante ficar sobre alerta o tempo todo, sem saber se nós íamos conseguir realizar o que deveríamos ou não. Você, de certa forma, precisa trabalhar sua falsa sensação de esperança para manter sua sanidade”, explica o funcionário.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.