Ex-engenheiro da Meta processa empresa por demissão relacionada a conteúdo sobre Gaza

Meta é acusada no processo de estabelecer padrão de preconceito contra palestinos; empresa não comentou ação judicial

Reuters

Logotipo da Meta Platforms é visto em Bruxelas, na Bélgica. 06/12/2022. REUTERS/Yves Herman
Logotipo da Meta Platforms é visto em Bruxelas, na Bélgica. 06/12/2022. REUTERS/Yves Herman

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Um ex-engenheiro da Meta acusou, na terça-feira (4), a empresa de preconceito no tratamento de conteúdo relacionado à guerra na Faixa de Gaza, alegando em um processo que a corporação o demitiu por tentar ajudar a corrigir bugs que causavam a supressão de publicações palestinas no Instagram.
Ferras Hamad, um engenheiro palestino-americano que fazia parte da equipe de aprendizado de máquina da Meta desde 2021, processou a empresa em um tribunal estadual da Califórnia por discriminação, rescisão injusta e outras irregularidades em sua demissão em fevereiro.
Na queixa, Hamad acusou a Meta de um padrão de preconceito contra palestinos, dizendo que a empresa excluiu comunicações internas de funcionários que mencionavam a morte de seus parentes em Gaza e conduziu investigações sobre o uso do emoji da bandeira palestina.
A empresa não iniciou nenhuma investigação desse tipo para funcionários que postaram emojis de bandeiras israelenses ou ucranianas em contextos semelhantes, de acordo com o processo.
A Meta não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters sobre as alegações de Hamad.

Moderação de conteúdo

As alegações refletem críticas de longa data de grupos de direitos humanos sobre o desempenho da Meta na moderação do conteúdo publicado em suas plataformas sobre Israel e os territórios palestinos, inclusive em uma investigação externa que a empresa encomendou em 2021.
Desde o início da guerra no ano passado, a empresa tem enfrentado acusações de que está suprimindo expressões de apoio aos palestinos que vivem em meio à guerra.
Cerca de 200 funcionários da Meta levantaram preocupações semelhantes em uma carta aberta ao presidente-executivo Mark Zuckerberg e a outros líderes neste ano.
Hamad disse que sua demissão parece ter sido resultado de um incidente ocorrido em dezembro, envolvendo um procedimento de emergência criado para solucionar problemas graves nas plataformas da empresa, conhecido na Meta como SEV.
Ele havia notado irregularidades processuais no tratamento de um SEV relacionado a restrições de conteúdo publicado por personalidades palestinas do Instagram que impediam que as publicações aparecessem em buscas e feeds, segundo a denúncia.
Em um caso, segundo a denúncia, ele descobriu que um vídeo curto publicado pelo fotojornalista palestino Motaz Azaiza havia sido classificado erroneamente como pornográfico, embora mostrasse um prédio destruído em Gaza.
Hamad disse que recebeu orientações conflitantes de outros funcionários sobre o status do SEV e sobre uma autorização para que ele pudesse ajudar a resolvê-lo, embora já tivesse trabalhado em SEVs sensíveis semelhantes antes, inclusive relacionados a Israel, Gaza e Ucrânia. Mais tarde, seu gerente confirmou por escrito que o SEV fazia parte de sua função, disse ele.
No mês seguinte, depois que um representante da Meta lhe dizer que ele era alvo de uma investigação, Hamad apresentou uma queixa interna de discriminação e, dias depois, foi demitido, disse ele.
Hamad afirmou que a Meta lhe disse que ele foi demitido por violar uma política que impede os funcionários de trabalhar em questões relacionadas a contas de pessoas que eles conhecem pessoalmente, referindo-se a Azaiza, o fotojornalista. Hamad disse que não tem nenhuma ligação pessoal com Azaiza.