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SÃO PAULO – Entre agosto e setembro deste ano, o consumidor brasileiro precisava de dez meses de salário para pagar dívidas oriundas de cheque especial, cartão de crédito, financiamento de veículos e crédito pessoal. O valor é 70% superior ao necessário há quatro anos, quando 5,9 meses de salário eram suficientes para sanar o endividamento da população.
A informação é do economista da UnB (Universidade de Brasília), Humberto Veiga, que para chegar a tais números dividiu o total de crédito concedido ao consumidor pela evolução da massa salarial, fornecida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em seis regiões metropolitanas do país.
Segundo o economista, a razão para a alta estaria na facilidade de acesso ao crédito conquistada nos últimos anos. “No início deste ano, por exemplo, quando estávamos no embalo do crédito, o endividamento equivalia a 11 meses de salário. A partir de agosto, com a crise, esse número começou a reduzir”, explica.
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Endividamento e inadimplência
Apesar da diminuição no número de meses necessários para o pagamento de dívidas, ocorrida entre os primeiros e os últimos meses de 2008, Veiga acredita que o endividamento do brasileiro deve crescer de forma mais lenta a partir de agora.
“O número de meses necessários tende a diminuir, devido à restrição de crédito. Por outro lado, a massa salarial também deve recuar, gerando uma certa estabilidade na equação”, explica o especialista.
Já a inadimplência, diz ele, deve crescer, pois “haverá uma redução na oferta das linhas de crédito mais baratas, o que fará com que o consumidor recorra às operações mais caras para quitar as dívidas já existentes.”