Cresce percentual de famílias chefiadas por mulheres, aponta Ipea

Renda não explica fenômeno. Explicação mais próxima estaria no crescimento da estabilidade delas no mercado de trabalho

Evelin Ribeiro

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SÃO PAULO – É crescente o número de famílias chefiadas por mulheres no Brasil e, ao contrário do que a maioria pode supor, a renda dessas mulheres não é o fator determinante para o fenômeno. Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), analisados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2009, 14,2% dos casais, com ou sem filhos, eram chefiados por mulheres.

A renda média dessas mulheres era cerca de 80% da renda dos homens cônjuges nas mesmas famílias: R$ 1.039,936 contra R$ 1.303,03), sem filhos. No caso dos casais com filhos, a renda das mulheres chefes representava 73% da renda média de seus maridos.

Ao comparar a renda média no trabalho principal das mulheres chefes com a dos homens cônjuges, as diferenças são ainda mais significativas: em 2009, o rendimento das primeiras era de R$ 882,09, enquanto dos últimos era R$ 1.384,11.

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Curiosamente, a renda média dos homens identificados como cônjuges era maior (R$ 1.384,11) que a dos homens chefes (R$ 1.307,90).

Outra hipótese: escolaridade
Se ganhar mais não explica o fenômeno do maior percentual de famílias chefiadas por mulheres, o estudo levantou outras duas hipóteses: a do maior grau de escolaridade delas ou o fato de as mulheres terem emprego mais estável.

Quanto à escolaridade, o estudo mostrou que, nas famílias formadas por casais com filhos, a média de anos de estudo das mulheres chefes era de 8,3 anos, enquanto seus companheiros alcançaram 4,5 anos. Os homens chefes no mesmo tipo de família tinham 7 anos de estudo, ao passo que as mulheres cônjuges apresentavam a média de 7,6 anos.

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“Isso significa que as mulheres, independentemente da posição na família, têm mais escolaridade, na média, que os homens e que as mulheres responsáveis por famílias de casais com filhos apresentam a mais alta escolaridade”, afirma o IBGE.

Essas informações, diz o estudo, levam a crer que a escolaridade não faz com que as mulheres se tornem chefes – se isso fosse verdade, haveria muito mais famílias chefiadas por mulheres. “A média de anos de estudo, no entanto, parece ser uma variável importante para a posição da mulher e do homem na família.

Cresce estabilidade no emprego
Observando os casais com filhos em 2009, tem-se que 33,9% das mulheres chefes eram inativas – aposentadas, donas de casa ou em outra situação sem procurar emprego –, contra somente 10,2% de homens chefes inativos. As mulheres chefes ocupadas chegavam a 59,1%, enquanto 84,7% dos companheiros estavam na mesma situação.

Os dados demonstram que, independentemente da posição na família, os níveis de ocupação dos homens são bastante superiores aos das mulheres. Naquelas em que a mulher é chefe, os níveis de ocupação delas são significativamente mais elevados que a média das mulheres em idade ativa em geral (57,7% contra 51,5%).

“A variável situação de ocupação, portanto, apesar de não explicar isoladamente o fato de mulheres se tornarem responsáveis pelos casais, guarda alguma relação com esse tipo de empoderamento”, acrescenta o estudo.