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Quebra da safra brasileira de grãos se aprofunda, aponta Conab

Colheita total deverá alcançar 299,8 milhões de toneladas, 20 milhões a menos que no ciclo passado 

Fernando Lopes

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O calor e as chuvas irregulares que prejudicaram lavouras de soja do Centro-Oeste nas fases de plantio e desenvolvimento, e os reflexos desse cenário sobre a safrinha de milho, levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a novamente reduzir sua estimativa para a colheita de grãos da região nesta safra 2023/24. Com isso, a estatal passou a projetar a produção brasileira como um todo, em relatório divulgado nesta quinta-feira, em 299,8 milhões de toneladas, 6,6 milhões a menos que o previsto em janeiro e volume 6,3% inferior ao calculado para o ciclo 2022/23 (319,8 milhões de toneladas). 

Na comparação com o cenário inicial traçado, a quebra chega a 17,7 milhões de toneladas. “Para a soja, principal cultura semeada no período, o atraso do início das chuvas [no Centro-Oeste], seguido por precipitações irregulares e mal distribuídas e com registros de períodos de veranicos superiores a 20 dias, acompanhado por altas temperaturas, resultou em quebras na produtividade. As maiores perdas são observadas nos plantios de soja precoce e nas áreas dos primeiros plantios realizados entre setembro e meados de outubro”, informou a Conab.

Segundo a estatal, os agricultores do Centro-Oeste vão produzir, juntos, 140,3 milhões de toneladas de grãos, ante as 145,6 milhões estimadas em janeiro. Em relação à temporada passada (162,5 milhões), a queda chega a 13,6%, uma das maiores das últimas décadas. Em Mato Grosso, que lidera a colheita de soja, milho e algodão do país, a retração entre as safras deverá ser de 14,4%, para 86,5 milhões de toneladas. No relatório divulgado no mês passado, a Conab previa 89,6 milhões de toneladas para o Estado.

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Por causa de intempéries semelhantes às do Centro-Oeste, a estatal também cortou sua estimativa para a produção de grãos do Matopiba, confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Em todos esses Estados a colheita em 2023/24 deverá ser menor que em 2022/23, e o maior tombo será na Bahia, o mais importante deles. A produção baiana foi ajustada pela Conab para 11,5 milhões de toneladas, com redução de 14,5% ante o ciclo anterior. Com a recuperação da produção gaúcha após os problemas causados pelo La Niña em 2022/23, a colheita da região Sul deverá crescer 10,2%, para 88,9 milhões de toneladas, embora as chuvas tenham limitado o potencial produtivo..

Esse quadro regional deverá resultar, de acordo com a Conab, em uma produção de soja de 149,4 milhões de toneladas em 2023/24, quase 6 milhões a menos que o estimado em janeiro e volume 3,4% menor que o colhido no ciclo passado. A colheita total de milho, por sua vez, foi corrigida pela estatal para 113,7 milhões de toneladas, ante as 117,6 milhões projetadas em janeiro e as 131,9 milhões de 2022/23. A safrinha do cereal está calculada agora em 88,1 milhões de toneladas. No relatório do mês passado, eram 91,2 milhões de toneladas, e na temporada passada foram 102,4 milhões.

No caso do arroz, a Conab prevê a colheita brasileira em 10,8 milhões de toneladas, um incremento de 7,6% em relação ao ciclo anterior. Na mesma comparação, a produção total de feijão (a luguminosa tem três safras anuais) deverá cair 2,1%, para cerca de 3 milhões de toneladas, e a de algodão em pluma tende a aumentar 3,6%, para 3,3 milhões de toneladas. O contexto do El Niño, embora tenha afetado inicialmente a lavoura do arroz, não gerou perdas até o momento nesta safra (…) Para o algodão, a estimativa é de novo recorde para a produção da pluma”, realçou a estatal.

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IBGE

Segundo o Instituto Breasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulgou hoje novas estimativas para a safra de grãos do país, a colheita total deverá chegar a 303,4 milhões de toneladas este ano, 3,8% abaixo do volume de 2023. Para a soja, o órgão calcula 150,4 milhões de toneladas, para o milho 117,7 milhões (somadas as produções de verão e de inverno) e para o arroz, 10,4 milhões de toneladas.