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Preço ainda desafia exportadores de soja

Depois das cotações, volume de soja pode ter reflexos sobre a balança comercial do Brasil

Fernando Lopes

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O forte aumento do volume dos embarques de soja garantiu um novo avanço das exportações do agro brasileiro em fevereiro, mas a queda dos preços do grão e do farelo evitou que os resultados registrados fossem melhores. Essa tendência de baixa dá o tom no mercado da matéria-prima e seu derivado desde o início do ano passado, mas pode estar com os dias contados graças à quebra da safra deste ano no país, por causa de problemas climáticos.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Consultoria Agro do Itaú BBA, as vendas de soja em grão ao exterior somaram 6,6 milhões de toneladas no mês passado, quase oito vezes mais que em janeiro.

Em relação a fevereiro de 2023, o incremento foi de 31,7%. No caso do farelo, foram 1,64 milhão de toneladas, com altas de 17,2% e 28%, respectivamente.

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Os preços, contudo, desabaram. A tonelada do grão foi negociada, em média, por US$ 444 em fevereiro, com baixas de 25,4% em relação a janeiro e de 20,7% na comparação com fevereiro do ano passado, ao passo que a tonelada do farelo saiu, em média, por US$ 465,4, com reduções de 13% e 14,5%, respectivamente. 

Em larga medida, essas quedas refletem o aumento da oferta no Brasil diante do início da colheita da safra 2023/24, em janeiro, mas as cotações deram sinais de reação com novos ajustes para baixo nas estimativas públicas e privadas para a produção no país. Segundo a previsão mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, a colheita do grão alcançará 146,9 milhões de toneladas, 5% menos que no ciclo 2022/23

No início da semeadura, as projeções indicavam um volume superior a 165 milhões de toneladas. O ritmo de embarques está mais acelerado mesmo com essa frustração, porque a colheita tem avançado rapidamente, mas a expectativa é de queda no acumulado do ano

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A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) prevê 97,8 milhões de toneladas do grão e 21,6 milhões de toneladas de farelo em 2024, ante 101,9 milhões e 22,6 milhões, respectivamente, em 2023.

Para 2024 como um todo, a entidade espera que o preço médio da tonelada do grão vendida ao exterior alcance US$ 450 – um pouco acima do resultado de fevereiro, mas abaixo da média do ano passado (US$ 523).

Para o farelo, a Abiove aponta para US$ 390 a tonelada em 2024, ante US$ 512 em 2023. Com isso, a receita das exportações do grão deverá cair mais de 17% este ano, para US$ 44 bilhões, e a de farelo tende a recuar quase 28%, para US$ 8,4 bilhões.

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Se, de fato, uma recuperação dos preços ganhar tração, os exportadores do Brasil, que lideram o comércio do grão, terão margens melhores para comemorar, em tempos de queda de custos. Mas, para isso, as relações globais entre oferta e demanda terão que ficar menos folgadas. 

Como a demanda da China, que encabeça as importações, está patinando, para que uma curva de alta ganhe fôlego será preciso mais problemas na oferta, seja nos EUA no meio do ano, ou na América do Sul no fim.

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