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Para Fitch, varejistas ainda terão rentabilidade limitada, mesmo com melhora da inadimplência

Para a agência, tendência de consolidação no setor deve se acelerar, com empresas mais capitalizadas liderando o processo

Mitchel Diniz

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O ambiente de negócios para as varejistas brasileiras deve continuar desafiador em 2024, prevê a agência de classificação de riscos Fitch Ratings. Uma pequena recuperação em relação a 2023 é esperada, com um maior controle da inadimplência abrindo espaço para a retomada da oferta de crédito. Mas, o crescimento econômico baixo e taxas de juros ainda elevadas, que impactam no endividamento das famílias, devem continuar limitando a renda destinada ao consumo e, portanto, a demanda e rentabilidade no setor.

“Estes fatores devem ser parcialmente atenuados pela inflação mais controlada, pela expansão do mercado de trabalho e pelos diversos ajustes realizados pelas varejistas em suas estruturas de custos e investimentos”, diz relatório da agência.

“A Fitch espera pressões mais moderadas nos fluxos de caixa das varejistas em 2024. Isso é resultado de contínua contenção de investimentos, gradual recomposição da rentabilidade e redução dos desembolsos com juros, ainda que estas despesas permaneçam relevantes no próximo ano, dificultando a redução das alavancagens financeiras. ”

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O controle do capital de giro das empresas continua sendo um desafio para as companhias, ainda que ajustes recentes devam ajudar a reduzir a alavancagem no ano que vem.

As varejistas ainda vão ter elevadas necessidades de refinanciamento em 2024 e 2025, mas a retomada da oferta de crédito e as captações em andamento indicam riscos de liquidez mais gerenciáveis que os de 2023. “As companhias também contam com razoável flexibilidade financeira decorrente de recebíveis de cartão de terceiros livres de garantia”, afirma a Fitch.

Na visão da agência, setores mais dependentes de crédito e financiamento, de tíquetes médios mais elevados e de característica mais cíclica — como bens de consumo duráveis e eletrônicos — terão os maiores desafios pela frente, juntamente com vestuário, que enfrenta um ambiente competitivo intenso.  Para a Fitch, a consolidação de empresas asiáticas (Shopee, Shein, AliExpress e Temu) permanece
um risco, especialmente para vestuário e marketplace, dada a maior agressividade de preços e subsídios.

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Entre 2022 e 2023, a avaliação da agência sobre as varejistas piorou. No ano passado, 80% do portfólio de varejo da Fitch tinha perspectiva estável ou positiva de rating. Neste, o percentual de avaliações positivas caiu para 60% e 10% das empresas estão sob perspectiva negativa.

A Fitch explica que o principal desafio das empresas com viés negativo é fortalecer a geração operacional de caixa e reduzir as alavancagens financeiras. “Este desafio é potencializado pela expectativa de ainda elevado consumo de caixa por juros das dívidas e pela dificuldade que algumas empresas têm tido para gerenciar seu capital de giro”, diz o relatório.

Ainda segundo a agência, a tendência de consolidação no setor deve se acelerar, com empresas mais capitalizadas liderando o processo, de forma orgânica ou por meio de fusões e aquisições.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados