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Enchentes no RS reduzem lucro da Panvel em 82,6% no 2º tri, mas expansão está mantida

Companhia diz que efeito da tragédia nos números não deve se repetir nos próximos resultados e observa retomada de aceleração nas vendas

Mitchel Diniz

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Além da destruição e das vidas perdidas, as enchentes no Rio Grande do Sul deixaram sua marca nos resultados do segundo trimestre de diversas empresas. O grupo Panvel (PNVL3), que tem sede em Eldorado do Sul, uma das cidades mais afetadas, e tira do estado gaúcho 65% do seu faturamento, foi uma delas. O efeito enchente teve um impacto líquido de R$ 15,2 milhões no lucro líquido do período, que fechou em R$ 4,3 milhões, com uma queda anual de 82,6%.

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“Entre perdas de ativos fixos e baixa de estoques, nós tivemos um prejuízo de aproximadamente R$ 20 milhões. Recuperamos uma parte disso através dos nossos seguros”, disse Antônio Napp, CFO da Panvel, ao InfoMoney.

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Um total de 80 lojas da Panvel passou por algum tipo de restrição de funcionamento em função das enchentes e 18 delas foram diretamente impactadas por alagamentos. Os executivos explicam que dez dessas lojas que alagaram (oito em Porto Alegre e duas na região metropolitana) não serão reabertas.

“Já era um conjunto de lojas maduras que estavam no nosso roadmap para serem substituídas. Então não fez sentido, do ponto de vista de retorno, investir na reabertura dessas unidades”, explica Napp.

O efeito enchente contabilizado no balanço também inclui R$ 4 milhões em ações emergenciais de manutenção e limpeza, além de doações para funcionários da empresa e para a comunidade gaúcha.

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Tirando esse impacto não recorrente do balanço, o resultado líquido ajustado da companhia foi de R$ 20,1 milhões, com queda anual de 23%. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 49 milhões,14,1% menor que o registrado um ano antes. Contando com o efeito das enchentes, porém, o número ficou em R$ 27,712 milhões, com queda de 42,8%.

Vendas voltaram a acelerar

O tom da administração, porém, é tranquilizador. A companhia diz que as vendas retornaram aos patamares esperados desde o último mês de julho e a expectativa de expansão de margem para o segundo semestre está mantida.

A receita bruta do grupo no trimestre foi de R$ 1,223 bilhão, com crescimento anual de 4,9%. A companhia contudo observa que o avanço da cifra foi afetado pela ausência de vendas no atacado, nos meses de maio e junho. O motivo: as enchentes trouxeram restrições ao centro de distribuição da empresa em Eldorado do Sul. O laboratório Lifar, onde são produzidos os itens da marca própria da empresa, ficou submerso por mais de 40 dias.

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Mas a receita bruta do varejo registou um crescimento de dois dígitos em vendas nas farmácias do grupos (11,5%), com o desempenho de abril e junho compensando a performance fraca do mês de maio.

Em julho passado, as vendas avançaram 15%. “Batemos nosso recorde de crescimento de venda para um mês”, afirma Napp.

Caixa protegido

O grupo Panvel também diz ter conseguido proteger o caixa da companhia no segundo trimestre, negociando prazos com fornecedores e cobrando recebíveis do atacado. O fluxo de caixa livre da companhia ficou positivo em R$ 13,159 milhões, com crescimento de 7,8% em relação ao segundo trimestre de 2023.

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A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 0,89 vez, ante 0,75 vez de um ano atrás. A companhia diz que tem o menor nível de alavancagem da indústria farmacêutica e vai manter o indicador sob controle.

“Num país com taxa de juros alto, nós somos uma empresa que não gosta de dívida”, afirma Napp.

Expansão mantida

As enchentes não mudaram o plano de abertura de novas lojas da empresa. “Ele pode ter sido um pouco postergado, mas nós estamos trabalhando para entregar o plano que a gente definiu no início do ano”, afirma Napp.

A Panvel prevê 40 novas inaugurações na segunda metade de 2024 (de 60 no ano fechado). E ainda que não tenha um guidance para 2025, a ideia é abrir um número ainda maior de lojas.

“Este ano, 50% das inaugurações serão no Rio Grande do Sul ainda. Mas a partir do ano que vem, vamos focar esforços maiores para expansão fora do estado, mas se mantendo na região sul do Brasil”, afirmou o CEO do grupo Panvel, Julio Mottin Neto.

“Questões como essa [das enchentes] nos fazem refletir que de fato uma distribuição [geográfica] maior tem uma redução de risco”, complementa.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados