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Costura ganha nova cara: jovens de 18 a 29 anos compram máquinas para empreender

Jovens são os principais consumidores de máquinas de costura, impulsionados por personalização, consumo consciente, redes sociais e possibilidade de geração de renda

Carolina Paes

Jonatas Verly, designer de moda, na Bahia, começou a costurar com 20 anos para se expressar (Foto: Divulgação)
Jonatas Verly, designer de moda, na Bahia, começou a costurar com 20 anos para se expressar (Foto: Divulgação)

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A costura, hábito tradicional que atravessa gerações, está sendo reinventada pelos mais jovens. Uma pesquisa de mercado da Singer, realizada neste ano com 1.223 consumidores em todo o país, revela que a Geração Z já responde por 52% dos usuários de máquinas de costura no Brasil. Em 2023, a participação era de 43%.

Segundo o levantamento, os jovens de 18 a 29 anos se tornaram maioria entre os novos consumidores da categoria, atraídos pela personalização de peças, pelo consumo consciente e pelo movimento Do It Yourself (DIY), cada vez mais popular em redes sociais como TikTok e Instagram.

“A Geração Z está reinventando a costura. Para muitos jovens, ela deixou de ser uma habilidade do passado e se tornou uma forma de expressar identidade, empreender e se conectar com valores como sustentabilidade e criatividade”, avalia Concheta Feliciano, diretora de Marketing & E-commerce Latam da SVP Worldwide, controladora da Singer.

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Apesar do avanço dos mais jovens, a pesquisa mostra que a costura continua relevante entre todas as faixas etárias. Os Millennials (30 a 39 anos) ampliaram participação de 61% para 65%, equilibrando hobby, renda e estilo de vida criativo. Já a Geração X (40 a 49 anos) manteve estabilidade (62%), enquanto os Baby Boomers (50+) registraram o maior crescimento proporcional, de 67% para 73%, se consolidando como uma das bases mais fiéis.

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Vozes da nova costura

A pesquisa ganha força na experiência de Jonatas Verly, designer de moda, professor de modelagem e costura e influenciador digital de Teixeira de Freitas, na Bahia. Filho e neto de costureiras, ele relembra que começou a costurar aos 20 anos por necessidade de se expressar.

“A costura entrou como uma necessidade para me vestir com originalidade e acabou se tornando uma oportunidade de carreira e sonho profissional. Hoje, é 100% da minha renda. O mercado valoriza cada vez mais peças customizadas, feitas sob medida e exclusivas, e isso reflete no que produzo e ensino”, explica.

Amanda Ansaldo largou a carreira como jornalista para se dedicar à costura (Foto: Divulgação)

De São Paulo, a jornalista e artesã Amanda Ansaldo também transformou a costura em profissão após a maternidade. Ex-repórter e pós-graduada em diferentes áreas, ela migrou de vez para a atividade e hoje reúne milhões de seguidores nas redes sociais atuando com costura criativa em bolsas, necessaires, faixas de cabelo e pano de prato.

“A costura chegou como hobby e virou trabalho. Saí da redação há mais de dez anos e hoje vivo integralmente disso. O que mais cresce entre minhas alunas é a busca por personalização: peças exclusivas, com propósito e identidade. Também vejo muitos jovens entrando nesse universo pelo viés da sustentabilidade ou do empreendedorismo”, afirma.

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Oportunidades de negócio

O estudo aponta que um em cada três lares brasileiros já possui uma máquina de costura. São cerca de 23 milhões de residências, segundo cruzamento com o Censo 2022. A maior concentração está em São Paulo, com 22% do total.

A intenção de compra segue em alta, alcançando 79% dos consumidores em todas as regiões do país, com destaque para o Sudeste, Nordeste e Sul, onde metade dos consumidores planeja adquirir uma máquina.

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Mais do que um equipamento doméstico, a máquina de costura é hoje também ferramenta de renda: seis em cada dez consumidores utilizam para pequenos negócios de moda, consertos e customizações, enquanto 58% costuram para fins pessoais ou afetivos. Para três em cada quatro entrevistados, costurar é ainda uma atividade prazerosa e terapêutica.

“As redes sociais transformaram a forma como as pessoas descobrem e se relacionam com a costura. Hoje o consumidor aprende, testa e até inicia negócios a partir do que vê online. Isso atraiu públicos diversos e derrubou estereótipos”, diz Concheta Feliciano.

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Um mercado em expansão

A costura no Brasil mostra força em diferentes recortes sociais e econômicos. A pesquisa indica predominância da classe B (40%), mas crescimento significativo da classe C (31%), sinalizando democratização do acesso à categoria.

Segundo Concheta, a entrada dos jovens trouxe vitalidade ao setor. “Eles trazem um olhar empreendedor, criam marcas próprias, vendem peças personalizadas e movimentam a economia digital. Muitos começaram durante a pandemia e transformaram a escolha em negócio permanente. Isso fortalece a economia criativa e acelera a profissionalização de um setor antes associado só ao uso doméstico”, conclui.

Com 70% de market share, a SVP Worldwide, proprietária das marcas Singer, Husqvarna Viking e Pfaff , segue como líder do setor no país. A companhia mantém mais de 300 pontos de atendimento ao consumidor e uma fábrica de agulhas em Indaiatuba (SP), a única do Ocidente.